por Fernando Sampaio
O Sr. Oliveira é um homem comum. É um pai de família. Habita uma região metropolitana que poderia ser São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte ou Recife ou alguma outra grande cidade. Tem um emprego em uma instituição financeira, ou em uma revendedora de peças por exemplo. Pertence àquela classe média ligeira, que além de trabalhar 4 meses por ano de graça para o governo esforça-se para pagar as contas de aluguel, escola, natação e inglês dos filhos, plano de saúde, o guarda da rua e outros pormenores no fim do mês.
Imagine-se um hipotético indivíduo que doravante chamaremos de Sr. Oliveira.
O Sr. Oliveira levanta-se de manhã e veste-se com roupas de algodão, algodão esse crescido nos campos de Chapadão do Sul/MS, Campo Novo dos Parecis/MT e processado em Blumenau/SC. Talvez esteja um pouco frio e ele use um pulôver de lã de carneiros criados em Pelotas/RS e fabricado em Americana/SP. Calça seus sapatos de couro vindo de bois do Mato Grosso, e fabricados em Novo Hamburgo/RS.
Ele toma café da manhã, com ovos vindos de Bastos/SP, leite de uma cooperativa do Rio de Janeiro, broa de milho colhido em Londrina/PR, um mamão vindo do Espírito Santo, suco de laranja de Araraquara/SP e um cafezinho vindo direto de São Lourenço/MG.
Ele lê um jornal, impresso em papel feito de eucalipto crescido em Três Lagoas/MS.
O Sr. Oliveira entra em seu carro, abastecido com álcool de cana de açúcar produzida em Piracicaba/SP, com pneus de borracha saída dos seringais de São José do Rio Preto/SP.
Enquanto ele vai ao trabalho, a Sra. Oliveira vai às compras nos supermercados do bairro, sempre pesquisando os melhores preços das frutas, das verduras e da carne para não apertar o orçamento familiar.
No almoço, o Sr. Oliveira come um filé de frango criado no Paraná, alimentado com soja e milho de Goiás e de Mato Grosso, com molho de tomate de Goiás. Tem arroz do Rio Grande do Sul, feijão dos pivôs do oeste baiano. Tem salada das hortas de Mogi das Cruzes/SP. Suco de uvas do Vale do São Francisco e de sobremesa goiabada feita com goiabas de Valinhos/SP e açúcar de Ribeirão Preto/SP, e queijo de Uberlândia/MG. Outro cafezinho dessa vez da Bahia.
Hoje a noite é de comemoração. Sua empresa fez um corte de pessoal, mas felizmente o Sr. Oliveira manteve o emprego. Ele leva a esposa jantar fora. Vinho do Vale dos Vinhedos gaúcho. Presuntos e frios de porco criado em Santa Catarina, alimentado com soja paranaense, filet mignon de bois criados no Sul do Pará. Chocolate produzido com cacau do sul da Bahia. E outro café de Minas, adoçado com açúcar pernambucano.
O Sr. Oliveira é um homem razoavelmente informado e inteligente. No dia seguinte ele lerá os jornais novamente.
Pelos jornais ele ficará sabendo que há conflitos em terras indígenas recentemente demarcadas e fazendeiros cujas famílias foram incentivadas a ocupar aquelas terras há décadas atrás.
Pelos jornais ele ficará sabendo que a pecuária é a maior poluidora do país (embora ele mesmo tenha o sonho de um dia abandonar a cidade poluída e viver no campo por uma qualidade de vida melhor).
Pelos jornais ele tem notícias de invasões de terras, de conflitos agrários, de saques e estradas bloqueadas (o Sr. Oliveira é a favor da reforma agrária, embora repudie a violência).
Pelos jornais ele toma conhecimento de ações do Ministério Público contra empresas do agronegócio (ele não entende que mal há em empresas que ganham dinheiro).
Pelos jornais ele acha que a Amazônia está sendo desmatada por plantadores de soja e criadores de boi.
Mas o Sr. Oliveira pensa que isso não tem nada a ver com ele.
Pois eu gostaria de agarrá-lo pela orelha, e gritar bem alto, de megafone talvez, não um, nem dez, mas mil megafones que TUDO ISSO É PROBLEMA DELE SIM!
— Gostaria de lhe dizer que a agropecuária está presente em todos os dias da vida dele.
— Gostaria de lhe dizer que o agronegócio gera um terço do PIB e dos empregos do país.
— Gostaria de lhe dizer que quem diz que a pecuária polui mente descaradamente.
— Gostaria de lhe dizer que o maior desmatador da Amazônia é o INCRA, que com o dinheiro dos impostos dele sustenta assentamentos que não produzem absolutamente nada, condenando uma multidão de miseráveis manipulados por canalhas balizados por uma ideologia assassina à eterna assistência do Estado.
— Gostaria de lhe dizer que estes mesmos canalhas estão tentando, sob a palatável desculpa dos direitos humanos, acabar com o direito de propriedade, arruinando qualquer futuro para o agronegócio brasileiro.
— Gostaria de lhe dizer, que os mesmos canalhas querem fechar índios, que há 5 séculos estão em contato com brancos, em gigantescos zoológicos onde eles estarão condenados à miséria e ao suicídio.
— Gostaria de lhe dizer que índios são 0,5% da população brasileira e não obstante são donos de 13% do país.
— Gostaria de lhe dizer que índios são 0,5% da população brasileira e não obstante são donos de 13% do país.
— Gostaria de lhe dizer que querem transformar 2/3 do país em reservas e parque que estão sendo demarcados sobre importantes reservas minerais e aqüíferos subterrâneos essenciais para o futuro do país.
— Gostaria de lhe dizer que a agricultura ocupa apenas 7,5% da superfície do país, e que mesmo assim somos os maiores exportadores do mundo de carne, soja, café, açúcar, suco de laranja e inúmeros outros produtos.
— Gostaria de lhe dizer que podemos dobrar ou triplicar a produção pecuária do país sem derrubar uma árvore sequer.
— Gostaria de lhe dizer que produtores rurais não são a espécie arrogante e retrógrada que os canalhas dizem que são.
— É gente que está vivendo em lugares onde você não se animaria a viver, transitando por estradas intransitáveis e mortais, acordando nas madrugadas para ver nascer um animal, rezando para chover na hora de plantar e para parar de chover na hora de colher, com um contato e um conhecimento da natureza muito maior do que o seu. É gente cujos antepassados foram enviados às fronteiras desse país para garantir que esse território fosse nosso, foi gente incentivada a abrir a mata, abrir estradas, plantar e colher, às vezes por causa do governo, às vezes apesar dele.
— Gostaria enfim de gritar a plenos pulmões, que qualquer problema que afete um produtor rural, uma empresa rural, uma agroindústria É UM PROBLEMA DELE, DO PAÍS E DO MUNDO.
— Sim, porque no mesmo jornal que o Sr. Oliveira leu, há uma nota de rodapé que diz que há um bilhão de pessoas no mundo passando fome.
— E grito finalmente para o Sr. Oliveira e tantos outros iguais a ele: ABRA OS OLHOS! E desconfie daqueles que querem transformar o agronegócio em uma atividade criminosa.
— Gostaria de lhe dizer que a agricultura ocupa apenas 7,5% da superfície do país, e que mesmo assim somos os maiores exportadores do mundo de carne, soja, café, açúcar, suco de laranja e inúmeros outros produtos.
— Gostaria de lhe dizer que podemos dobrar ou triplicar a produção pecuária do país sem derrubar uma árvore sequer.
— Gostaria de lhe dizer que produtores rurais não são a espécie arrogante e retrógrada que os canalhas dizem que são.
— É gente que está vivendo em lugares onde você não se animaria a viver, transitando por estradas intransitáveis e mortais, acordando nas madrugadas para ver nascer um animal, rezando para chover na hora de plantar e para parar de chover na hora de colher, com um contato e um conhecimento da natureza muito maior do que o seu. É gente cujos antepassados foram enviados às fronteiras desse país para garantir que esse território fosse nosso, foi gente incentivada a abrir a mata, abrir estradas, plantar e colher, às vezes por causa do governo, às vezes apesar dele.
— Gostaria enfim de gritar a plenos pulmões, que qualquer problema que afete um produtor rural, uma empresa rural, uma agroindústria É UM PROBLEMA DELE, DO PAÍS E DO MUNDO.
— Sim, porque no mesmo jornal que o Sr. Oliveira leu, há uma nota de rodapé que diz que há um bilhão de pessoas no mundo passando fome.
— E grito finalmente para o Sr. Oliveira e tantos outros iguais a ele: ABRA OS OLHOS! E desconfie daqueles que querem transformar o agronegócio em uma atividade criminosa.
Fernando Sampaio é Engenheiro Agrônomo.
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