A escola liberal preconiza, quase como dogma, que o Capital depende do Trabalho e vice-versa, estipulando um círculo virtuoso desta relação.
Este dogma não é absolutamente verdadeiro, vez que, sim, o Capital empregado na Economia Real, aquela vinculada à produção, tem a virtuosidade de acionar a Equação de Keynes: Emprego > Renda > Consumo > Lucro > Reinvestimento na Produção > Poupança > Produção > Emprego > Renda, e assim por diante, o que explica o ciclo virtuoso relacionado ao termo macroeconômico de crescimento econômico anual do Produto Interno Bruto (PIB), quando atrelado à Economia Real.
Contudo, quando se fala em Economia Financeira, o ciclo é vicioso e é a maior causa desta guerra que se trava, por enquanto, somente por enquanto, na Eurásia, entre Rússia e Ucrânia, que tende a se espalhar por toda a Europa, envolvendo diretamente a China e os Estados Unidos, numa guerra que promete ser nuclear, química e bacteriológica e que provocará, se acontecer, centenas de milhões de mortos.
Explico: A Economia Real tem lastro real, concreto, em moeda norte-americana, na casa aproximada dos 60 trilhões de dólares, enquanto os bancos alavancam um giro de cerca 300 trilhões de dólares, o que equivale dizer que a economia global tem 230 trilhões de dólares meramente contábeis, não físicos, e sim, virtuais, empenhados em títulos governamentais colocados no mercado.
Aí entra outro termo que sempre se ouve e pouco se explica, chamado “spread”, que nada mais é que o índice de risco dos títulos públicos de cada país, representados por seus bancos centrais.
Quanto maior o “spread” (risco), maior será a taxa de juros que os bancos centrais ofertarão no mercado, ou seja, países que são qualificados por agências internacionais, como a Goldman-Sachs — nem sempre honestas e isentas, mas quase sempre servis a interesses das grandes corporações e holdings financeiras (e que lhes pagam regiamente para direcionar o mercado financeiro global) —, tidos como países de risco, estes verão o seu desenvolvimento, cada vez mais, a cada dia, a cada mês, a cada ano, se atrasar, e sua população carecer de bens, serviços e infraestrutura, onerando o povo a pagar, via impostos, taxas e que tais, os juros das dívidas expressas nos títulos, quanto aos valores e prazos.
Em poucas palavras, as corporações financeiras, sobretudo, os grandes bancos, sugam do emprego, da produção, da renda, recursos, empobrecendo os povos e os países, para se locupletarem de lucros escabrosos para a presidência das instituições, diretorias e acionistas.
Some-se ao quadro a questão monetária, no sentido que o Ocidente — lendo-se Ocidente como sendo: Estados Unidos da América, Canadá e Europa Ocidental da Zona do Euro —, depois da decisão de 1973, do presidente Nixon, da República dos EUA, de que não mais se tem a obrigação em lastrear a sua moeda em ativos reais, passaram a emitir moeda a rodo, de forma absolutamente irresponsável.
Evidente que o “lastro” destas moedas, sobretudo, Euro e Dólar, se fixa nos critérios do crescimento do PIB, sendo que, o desempenho das corporações financeiras, passaram a integrar o cálculo do PIB de cada país.
Equivale escrever que os lucros estratosféricos advindos com a negociação dos títulos no mercado e com a concessão de créditos a juros compostos, pelos bancos e instituições financeiras — integrantes da Economia Financeira —, se expressam como “crescimento” do PIB, de forma desvinculada dos índices que expressam o crescimento das empresas voltadas à produção, que integram a Economia Real.
Sabido que o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), é um bloco que se distingue, antes tudo, pelo tamanho territorial dos respectivos países, e pela abundância de seus recursos naturais e tecnológicos.
Evidente que o sistema financeiro e monetário imposto pelo Ocidente Mundialista, é altamente prejudicial à macroeconomia do bloco BRICS, que além de tudo, deve obrigatoriamente, negociar em dólar norte-americano nos mercados internacionais da Economia Financeira e da Economia Real também.
É esta dissonância, é esta desarmonia, é este desiquilíbrio, a causa maior, principal, da Guerra da Ucrânia, na qual China e EUA se digladiam num braço de ferro que tende a colocar fogo no planeta; com a Rússia — armada até os dentes, e que teve oito anos para planificar a guerra e suas consequências, sobretudo, econômicas —, sufocando a Zona do Euro, apertando a sua garganta com corte no fornecimento de gás, enquanto exige que seus créditos sejam pagos em rublos, moeda lastreada toda em ouro.
De feita que não é difícil imaginar que a se continuar assim, o sistema financeiro ocidental quebrará, expondo-se a podridão dos títulos alavancados no mercado financeiro global, não mais bastando, como ocorreu em 2008, a ajuda dos governos em trilhões de dólares aos bancos, para que não ocorresse a falência total do sistema.
Por esta razão, o primeiro-ministro italiano Mário Draghi disse que a Rússia não pode vencer esta guerra, pois que tal seria catastrófico para o Ocidente, especialmente, para a Europa, para a Zona do Euro, e para as agendas globalistas impostas pela ONU, sobretudo, em relação aos costumes e à sexualidade, que visam, antes tudo, desagregar as famílias, atacando a gravidez, via aborto, como meio e modo de desarticular a ligação das mulheres com o direito à maternidade, derrubando assim o principal pilar das sociedades nacionais: a mulher com sua prole e a instituição da família!
Basta, para isto ver e saber, que em 2008 os bancos foram salvos pela enxurrada de dinheiros saído dos Bancos Centrais e dos Tesouros Nacionais, aos trilhões, enquanto, para zerar a fome no mundo, bastaria cerca de 100 bilhões de dólares norte-americanos.
Decorre disto o aviso de Musk, no sentido que muitas empresas ocidentais, que giram o seu capital no mercado financeiro, e se financiam pelos títulos públicos — pois que amplamente deficitárias nos seus balanços, e, mesmo assim, continuam a ser providas de créditos continuados pelo sistema que se alimenta desta contabilidade virtual dos “créditos a receber”, mas que jamais serão pagos —, quebrarão, acarretando desemprego em massa, pobreza, fome e desagregação social, quiçá, violenta.
Enquanto isso a China quase dobrou a importação, a bom preço, de petróleo da Rússia, enquanto a Índia aumentou as suas importações de petróleo russo em 800%, valendo-se da relação interna como integrante do BRICS.
Daí, o Brasil deve sim se valer de sua posição de integrante do bloco para manter o seu crescimento econômico real, importando petróleo e diesel russo, assim como já vem fazendo com os fertilizantes, o que garante os altos níveis de crescimento da produção agrícola brasileira.
Uma coisa é certa: Os limites da guerra na Ucrânia já desestabilizaram todo o sistema econômico ocidental, que tende a se liquefazer integralmente, atendendo em grande parte o objetivo de Rússia e China, de impor uma moeda comum do BRICS, como meio de pagamento das transações internacionais, a nível global.
Paulo Emendabili Souza Barros De Carvalhosa – OAB/SP 146.868
Dia de Vênus, 01 de julho de 2022
90º da Revolução Constitucionalista.
105º da Revelação em Fátima.
Fonte: Página do Autor
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