Dois cidadãos do Líbano e um do Brasil são suspeitos de envolvimento no assassinato de um Fiscal (Procurador) paraguaio em Barú.
As autoridades colombianas deram a conhecer as mais recentes hipóteses sobre o assassinato do Fiscal (Procurador) paraguaio Marcelo Pecci, que foi morto por pistoleiros enquanto estava em sua lua de mel na ilha de Barú, no dia 10 de maio passado, em Cartagena.
Em uma corrida contra o relógio para avançar na investigação do assassinato, e sob a premissa do diretor da Polícia Nacional da Colômbia, General Jorge Vargas, de que as primeiras 72 horas são cruciais para esclarecer qualquer homicídio, as autoridades da Colômbia, Estados Unidos e Paraguai puseram o foco sobre três nomes: Kassed Mohamad Hijazi, Nader Mohamad Farhat e Mahmoud Alí Barakat.
As suspeitas recaem sobre esses três personagens — o primeiro de origem brasileira com ascendência libanesa, e os dois últimos identificados com nacionalidade do Líbano — porque foram capturados devido às investigações de Pecci que os vinculava com o negocio das drogas no mundo. Os capturados foram extraditados para os EUA, pois eram buscados pelas cortes da Florida e Nova York que os acusavam por narcotráfico e lavagem de dinheiro. Nader Mohamad Farhat e Mahmoud Alí Barakat também foram acusados, de pertencer ao grupo terrorista Hezbollah, e após a investigação procedida por Pecci, por dois anos, as autoridades paraguaias estabeleceram que eram contatos para negociar drogas dos cartéis com tentáculos na Bolívia, Brasil, Paraguay e Argentina.
O diretor da Polícia Nacional, General Jorge Luis Vargas, detalhou que por trás desse crime — repulsado pelos governos de Colômbia e Paraguai —, estaria um grupo terrorista internacional que desejava matar o reconhecido fiscal antimáfia de 45 anos.
Nesse sentido, se soube que agencias federais adiantam investigações para determinar se a ordem para assassinar Pecci veio do grupo extremista Hezbollah.
Por outro lado, se soube que poderia tratar-se de uma retaliação por pelo menos 25 capturas em “A Ultranza Py”, uma operação lançada no passado mês de fevereiro pela Secretaria Antidrogas do Paraguai (SENAD), com apoio do DEA e Europol, contra uma extensa rede criminosa que exporta droga para os EUA e Europa, além de camuflar os ganhos com a aquisição de múltiplos bens e propriedades.
Também se menciona que por trás do assassinato pode estar o Primeiro Comando da Capital, do Brasil, cartel que tem o Paraguai como sede alternativa e que havia recebido golpes de Pecci e de outros fiscais paraguaios.
Marcelo Pecci não tinha seguranças no momento de seu assassinato e, segundo sua esposa, Claudia Aguilera, não sofria ameaças. FOTO: Cortesia |
Outra declaração a respeito, que tem sido questionada, foi feita pela deputada paraguaia Jazmín Narváez, que afirmou que Pecci havia viajado sem escoltas a Colômbia, mesmo tendo em conta ter investigado narcotraficantes desse país que também possuem nacionalidade colombiana.
“Ele se considerou com liberdade suficiente de ir passear na Colômbia, tendo sido o fiscal que, por exemplo, conseguiu a condenação de nada mais, nada menos, que dois narcotraficantes que tinham nacionalidade colombiana. Poderíamos dizer vulgarmente que bobeou”, disse Narváez.
O comandante da Polícia do Paraguay, Gilberto Fleitas, asseverou em uma entrevista coletiva que não se pode descartar esses dois nomes e destacou que “se presume que em função de alguma das causas que conduzia, algum estrangeiro condenado no país poderia ser a causa do crime, mas isso com o tempo unicamente vamos esclarecer”.
O General Vargas, diretor da Polícia da Colômbia, apoiou a hipótese de seu homólogo paraguaio e asseverou que o assassinato do fiscal Pecci na ilha de Barú, em Cartagena, pode ser “pelas grandes operações que levou a cabo”.
As pesquisas na Colômbia
Mas, assim como no Paraguai puseram o foco sobre os cidadãos estrangeiros, na Colômbia as investigações se dirigem, inicialmente, sobre os autores materiais do homicídio.
As primeiras pesquisas dos investigadores da Fiscalía e da DIJIN apontam as características físicas de um dos homicidas: “Temos dados do possível autor, de 1,74m altura, de tez triguenha, com sotaque caribenho que poderia ser caribe colombiano ou outro país”, informou Vargas.
Nas primeiras jornadas, os investigadores centraram seus esforços em entrevistar pessoas que presenciaram o homicídio e outras que estiveram relacionadas indiretamente, como os que atenderam os sicários na empresa onde alugaram as motos aquáticas para cumprir a ordem de assassinato.
Por meio de um vídeo buscam identificar dois sujeitos que chegaram ao local turístico e pagaram 200.000 para 30 minutos da moto aquática. Um deles usava um traje preto de mergulho e uma bermuda negra, um chapéu e óculos; o outro suspeito vestia uma camiseta branca, um colete salva-vidas, um boné e óculos de sol.
Também, no hotel onde que se hospedavam o fiscal Marcelo Pecci e sua esposa, Claudia Aguilera, foram detidas duas cidadãs jovens de nacionalidade paraguaia, por investigadores da Fiscalía colombiana, para estabelecer o que faziam no mesmo hotel onde se hospedava o casal celebrando sua lua de mel.
“Elas saíram do mesmo hotel onde se hospedavam Pecci e Aguilera, uma hora depois de ocorridos os fatos. Iam rumo ao aeroporto para viajar ao Paraguay, mas os fiscais, em função da investigação, as retiveram para fazer algumas perguntas, algo lógico no processo”, relatou um fiscal paraguaio.
Entre as outras ações para dar com os homicidas, o General Vargas especificou que se desencadeou um plano de controle nas estradas do departamento e um pedido ao serviço de Migração Colombiana para que cerre as fronteiras por tratar-se de um crime relacionado com operações contra os carteis transnacionais de drogas.
Antes de sua viagem de lua de mel a Cartagena, Pecci havia se preparado para o julgamento oral do brasileiro Waldemar Pereira, vulgo 'Cachorrão', suposto membro da poderosa organização criminosa Primeiro Comando Capital (PCC), acusado do crime de um jornalista em 12 de fevereiro de 2020.
Horas após a morte de Pecci, a polícia invadiu a cela de "Cachorrão" e do brasileiro-libanês Kassem Mohamad Higazi, um extraditável para os Estados Unidos que o promotor também investigou.
Desse calibre são os casos que este filho de um ex-magistrado e uma ex-aeromoça paraguaia realizou ao longo de sua carreira. De fato, alguns dos criminosos já extraditados estariam relacionados à determinação de seu assassinato.
¿Que se segue? A esposa de Pecci está segura.
A jornalista Claudia Aguilera, viúva do fiscal paraguaio Marcelo Pecci, assassinado em Barú, Cartagena, retornou em 12 de maio a seu país.
Ela contava com um esquema de proteção em Cartagena, para evitar algum outro ataque. Estava acompanhada por sua irmã Mónica, que viajou desde o Paraguay no mesmo avião presidencial em que chegou a delegação paraguaia na madrugada do dia 11 de maio, para adiantar as investigações conjuntas com a Colômbia. A vice-presidente Marta Lucía Ramírez viajou ao Paraguai para reunir-se com o presidente daquele país e dialogar sobre o homicídio do fiscal.
Fonte: tradução livre de El Colombiano
ResponderExcluirAos poucos, estão aparecendo os meandros da história desse crime.
https://www.eltiempo.com/mundo/venezuela/fiscal-pecci-sicario-gabriel-salinas-confeso-como-fue-el-crimen-728195