por Mário Ivan Araújo Bezerra
Falta de aviso não foi. “Em 2013 o bicho vai pegar”, alertou Gilberto Carvalho, com todas as letras, no final do ano passado, logo após o julgamento do “mensalão”. Eu acreditei. Alguém duvidou? As evidências estão aí.
“O bicho vai pegar”, alertou ele no linguajar típico dos tempos atuais, mas chulo, em qualquer época, para uma autoridade da República. Discordo dele sob um aspecto: o “bicho” já está “pegando” há muito tempo, se não vejamos.
O grupo que ora se encontra no governo — ainda hoje inexperiente na arte de governar em que pese o fato de estar no poder há uma década — tem costumeiramente usado táticas solertes, velhacas, da mais baixa politicagem, para atingir seus objetivos. Os exemplos que podem ser citados para atestar a veracidade da afirmativa são muitos e de todos conhecidos, mas vale a pena relembrar alguns, além do “mensalão”.
A sorrateira e ruidosa campanha do desarmamento, que não desarmou nenhum bandido e só fez perturbar a vida dos cidadãos de bem. A proibição de venda de bebida alcoólica a menos de 50 metros do eixo das rodovias federais, que causou tanta celeuma que obrigou a revogação da medida.
O Plano Nacional de Direitos Humanos III que, alegando aprimorar as versões anteriores do mesmo Plano, na realidade busca sovietizar o país. A legislação radical sobre uso de bebidas alcoólicas ao volante que, impossível de ser aplicada em nossa sociedade carente de tudo, presta-se muito bem para perseguir e humilhar inimigos e adversários.
Os incontáveis e seguidos fiascos na aplicação do ENEM que, inexplicavelmente, ainda renderam um mandato de prefeito em São Paulo. A reforma ortográfica do vernáculo, capitaneada pelo governo brasileiro, que conseguiu desagradar todos os povos falantes do idioma português.
A penúltima manobra foi nada sutil: a anulação, arquitetada na calada da noite, das cassações de mandato realizadas pela constituição de 1946. (Incrível! Conseguiram emendar a constituição de 46!). A última novidade foi a PEC dos empregados domésticos, que criou muita expectativa, mas até o momento vem se revelando grosseiro engodo que apenas desassossegou as partes envolvidas.
Quanto às trapalhadas em matéria de política externa, o espaço é pequeno para abordar o assunto. Lembro, apenas, Honduras e Paraguai, o caso dos pugilistas cubanos e o acoitamento de bandidos internacionais, mas haveria muita coisa mais para comentar.
No prosseguimento da incitação à luta de classes — vale lembrar a culpa das elites pela não aprovação da CPMF, as vagas privativas e a inédita criação (ou invenção?) de modernos quilombolas — agora querem desarmonizar os Poderes da República, bagunçando o Judiciário, que está colocando pedras em seu caminho. (Pasmem: os deputados criminosos condenados discordam do tribunal que os condenou).
Logo, logo será a vez da Imprensa, a exemplo do que hoje ocorre na Argentina e na Venezuela. E, certamente, muitas outras surpresas — inimagináveis, no momento atual — haverão de vir, sempre à socapa, de forma sorrateira, enganosa. Quem duvidar, que leia, por exemplo, o PNDH III.
Cuidado! Essa gente pode tudo. Eles avisaram. E, pela minha experiência de vida, o ansiado ponto de inflexão nos rumos do país ainda está um tanto distante.
Mário Ivan Araújo Bezerra é General Ref
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