por Guilherme Socias Villela*
É notório que os poderes do Estado brasileiro, em toda a sua existência, têm revelado notáveis conflitos políticos. Ocorre que suas instituições tradicionais têm mostrado incapacidade de superar crises políticas nacionais — inclusive, e principalmente, nas crises germinadas em ideologias que geram devaneios ou paixões e emoções — indissociáveis da condição humana.
Nos cerca de 70 anos da monarquia brasileira, esses conflitos políticos foram, de alguma forma, amenizados por certo poder moderador — exercido pela autoridade moral do seu último imperador. Todavia, no período republicano brasileiro, é reconhecido que esse poder moderador, nas crises políticas nacionais, tem sido exercido pelas Forças Armadas — convocadas nos momentos, anteriores ou posteriores, ao que poderiam ser denominados "sistólicos" da vida política brasileira.
Golpe. Contragolpe. Revolução. Dê-se-lhe o nome que se queira dar ao movimento político, econômico, psicossocial e militar brasileiro de 1964 — ocorrido num mundo em que predominava a Guerra Fria. Rigorosamente, do ponto de vista histórico, esse movimento ainda está para ser interpretado.
(Historiadores franceses clássicos recomendavam que não se fizesse história depois da era napoleônica — segundo eles, para que não se perdesse a "perspectiva histórica". A propósito, ultimamente, no Rio Grande do Sul, quase dois séculos depois, a própria história da Revolução Farroupilha vem sendo revisada.)
Uma das consequências do movimento de 1964 ainda hoje pode ser observada: o prestígio das Forças Armadas nacionais está danificado. É como se a nação houvesse olvidado sua participação na independência brasileira; na Guerra do Prata; na Guerra do Paraguai; na atuação da Força Expedicionária Brasileira na II Guerra Mundial; no desempenho militar da Marinha de Guerra — a mais antiga das armas nacionais; além da defesa aeroespacial do território nacional — exercida pela Força Aérea Brasileira. E, não menos importante, a participação das Forças Armadas nos programas de saúde e educação realizados nos mais recônditos e desprovidos lugares do território nacional; na sua presença em missões de paz em alguns países latino-americanos; e, ainda, na construção de obras de infraestrutura do país — especialmente rodovias, pontes e ferrovias.
(Recentemente, na reforma do aeroporto de Guarulhos (Cumbica), feita pelo Exército Nacional, as obras foram entregues antes do prazo estipulado no projeto, além de serem devolvidos R$ 150 milhões ao Tesouro Nacional — o que, em matéria de obras públicas, é algo incomum!)
Hoje, infelizmente, a sociedade brasileira assiste, emudecida, à corrupção, aos escândalos, às distorções de conduta, aos subornos, à falsidade e à falta de compostura política — e tudo que faz sentir os primeiros "perfumes" da gradativa putrefação de uma sociedade doente.
A propósito, é indispensável lembrar que o militar brasileiro, ao revés — no poder ou fora dele —, sempre tem conduta exemplar. Sua formação, da escola à caserna, está norteada para a devoção à pátria; para a integridade e para a honestidade pessoais; para a ética; para a hierarquia; para a ordem; e por valores éticos orientadores do seu comportamento moral, pelo resto da vida — motivo pelo qual, hoje, não tendo sido convocado, pode ser entendido o seu silêncio.
*Economista, ex-professor universitário
Fonte: Zero Hora - 05 Fev 2013
COMENTO: o autor do texto aparentemente desconhece os resultados de recentes pesquisas de opinião pública sobre confiança nas instituições brasileiras, onde as Forças Armadas sempre estão nos primeiros postos de confiabilidade. Exatamente pelo seu grau de profissionalismo e dedicação à Pátria e não a Governos.
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