por Félix Maier
Durante os oito anos do governo Lula, a economia do Brasil, nas Américas, só foi superior à do Haiti da guerra civil, dos terremotos e dos furacões. Comparado à dos BRIC, foi um fiasco total. Assim, eu nunca consegui entender como dezenas de milhões de pessoas tenham saído da pobreza e alcançado, inclusive, a classe média, como a propaganda petista continua repetindo. Para mim, trata-se de um cálculo que nunca se fechou.
No início do governo Dilma Rousseff, o governo alardeava que o País tinha chegado à 6ª posição, quanto ao PIB. Ocorre que, embutido, estava um embuste, pois o cálculo era simplista, apenas uma conversão do PIB para o dólar bastante desvalorizado, sem levar em conta o valor de compra do real (paridade do poder de compra). Tanto isso é verdade, que em outubro de 2003, o jornal O Globo estampava a seguinte manchete, também com base no cálculo da conversão do real para o dólar, ainda no período da ressaca do “fator Lula”, eleito presidente, o qual ainda inspirava desconfiança no mercado, quando o dólar chegou próximo a R$ 4: “O Brasil passa de 8ª à 15ª economia do mundo”. Então é isso: o Brasil dorme em 8º lugar e acorda em 15º, e vice-versa, assim sem mais nem menos?
A revista Veja, de 8/10/2012, no texto “A Belíndia Revisitada” (pg. 94-5), de Giuliano Guandalini, afirma que em 1960, os 10% mais ricos detinham 40% da renda total, aumentando esse índice para 47% em 1970 e 48% em 1980. E que os 10% mais pobres detinham apenas 2% da renda total em 1960, baixando para 1% em 1980. Faltou à revista Veja a decência de dizer quantos brasileiros saíram da miséria no período do governo dos militares, quando o Brasil foi alçado da 46ª para a 8ª potência econômica em apenas uma década. Crescendo a taxas anuais seguidas acima de 10%, chegando a 14% em 1973, é óbvio que milhões de pessoas saíram da pobreza. Quantos milhões foram?
Além do mais, se mais milionários e bilionários surgiram durante o governo dos militares (os tais 10% mais ricos), isso necessariamente não é um mau sinal. Afinal, são os ricos que, com suas empresas e seus negócios, tocam de fato o País, oferecendo milhões de empregos ao povo e promovendo a verdadeira e sustentável ascensão social. Quantos empregos oferecem as empresas de Eike Batista, o homem mais rico do Brasil? No mesmo texto de Veja, o economista Marcelo Néri serve de caixa de ressonância ao embuste petista: “O lado pobre do Brasil cresce tanto quanto a economia da Índia, o lado belga está tão estagnado quanto os países europeus” (pg. 95).
Os fatos, no entanto, são teimosos. “Há uma absurda expansão do crédito, gerando bolhas no setor imobiliário. Temos hoje moças e garotos que compram imóveis financiados por 30 anos pagando a maior taxa de juros do mundo. Daqui a alguns anos, eles ficam desempregados e, aí, teremos um problema social. A propaganda foi a coisa mais eficiente do governo. Há uma espécie de otimismo trágico no Brasil. Nos anos Lula, o país cresceu, em média, 4%. Isso não é mérito. No período, a média mundial foi de 4,4%. Entre os 29 últimos presidentes, Lula fica na 19ª posição” (Reinaldo Gonçalves, in “Uma voz no deserto”, Correio Braziliense, 20/3/2011, pg. 23). O Correio omitiu deliberadamente que a 1ª posição pertence a Emílio Garrastazu Médici, fato que a esquerda de caviar jamais conseguirá engolir.
Infelizmente, Castello Branco e os governos militares que o sucederam eram contrários à propaganda das realizações do governo. As obras dos militares foram estupendas, como a hidrelétrica de Itaipu, que consumiu em aço o equivalente a 380 torres Eiffel. Em 1963, o PIB era equivalente a 20,6 bilhões de dólares e as exportações, 1,4 bilhão de dólares, com saldo negativo de 244 milhões de dólares. Em 1984, as exportações somavam 27 bilhões de dólares.
Já há algum tempo, Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, vinha batendo nessa tecla da ascensão da classe média, na TV Globo, dos milhões de brasileiros que saíram da miséria e agora estavam participando da festa consumista. Neri chegou até a escrever um livro, A nova classe média, que recebeu elogios da presidente Dilma Rousseff. Em 2010, o governo Lula cantou em verso e prosa o aumento do PIB brasileiro, de 7%, uma façanha vista apenas durante o governo dos militares. Ocorre que esse índice esconde uma meia verdade, para não dizer uma mentira inteira, pois em 2009 o aumento do PIB foi negativo, cresceu para baixo como rabo de cavalo. Assim, na média 2009-2010, o aumento da economia foi em torno de 3%.
Claro que houve uma sensível melhora das pessoas nos últimos anos, principalmente com a estabilidade do Real. Os brasileiros passaram a ter acesso amplo a empréstimos a perder de vista, ainda que a juros estratosféricos. Em 2010, para alavancagem da candidata Dilma Rousseff, Lula não se fez de rogado e irrigou irresponsavelmente o País com dinheiro farto, de modo que hoje metade da população brasileira está encalacrada em dívidas. Mesmo assim, eu não conseguia entender como 20, 30, 40 milhões – o número imaginário varia de acordo com o local do palanque petista – tinham conseguido sair da miséria, já que o crescimento econômico brasileiro continuou muito baixo nos últimos anos. Para 2012, a previsão do ministro da Economia, Guido Mantega, era que o PIB cresceria em torno de 4 a 5%. Hoje, o “pibinho” de 2012 está cotado em 1,5%, o que quer dizer que o Brasil crescerá no máximo 1%.
A explicação do milagre petista ocorreu em 2012, quando, cinicamente, o governo Dilma classificou como classe média os que auferem renda familiar per capita entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00. Ou seja, quem recebe 2 salários mínimos, para os petistas, pertence à baixa classe alta! E quem recebe acima de R$ 2.480,00, pertence à classe alta! Com inveja do “milagre brasileiro” dos militares, os petralhas criaram o milagre da ascensão social das massas, numa canetada! - veja em. Folha.uol.com.br.
O antigo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) foi transformado em “Instituto de Proselitismo Econômico Aplicado”, na perfeita definição de João Luiz Mauad, depois que foi aparelhado por petistas. Assim como o sucessor de FHC não gostava dos dados estatísticos do IBGE, a não ser os que traziam boas notícias, Dilma Rousseff ficou estressada quando o IPEA afirmou o óbvio, que as obras para melhoria dos aeroportos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 estavam atrasadíssimas. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado pelo Pnud em 2011 contrariou Lula, que, entre uma sessão de quimioterapia e outra, ordenou que o presidente do IPEA, Márcio Pochmann, elaborasse um IDH próprio.
Infiltrado de ativistas ideológicos, atualmente o IPEA tem a mesma credibilidade de um instituto cubano, argentino ou chinês. Recentemente, Marcelo Neri foi nomeado presidente do IPEA. É, sem dúvida, o homem certo no lugar certo.
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