quinta-feira, 20 de setembro de 2012

No Tempo em Que Homens Eram Homens


Nesta data em que se comemora a História da Revolução Farroupilha, homenageio meus conterrâneos mostrando três pequenos textos que bem demonstram o caráter desse pessoal, que não é melhor nem pior que os demais brasileiros, somente diferente!

Rosas e Canabarro em 1843
Um episódio interessante que define a rigidez de caráter dos homens que tomaram parte na revolução.
Durante os dias em que se tratava da pacificação que foi levada a bom termo, o ditador Rosas, sabendo da patriótica proclamação de Caxias, ao assumir o comando das forças imperiais (1843), exasperado, cheio de ódio, “mandou um mensageiro oferecer a David Canabarro um poderoso auxílio de homens, armamentos e dinheiro, terminando com estas frases:
“Meus homens estão prontos para se unirem aos valentes do Rio Grande. A um simples aceno eles transporão a fronteira e esmagarão os imperiais, combatendo pela vossa república. Quereis o meu auxílio? Ele decidirá o vosso triunfo”.
Canabarro respondeu:
Senhor. O primeiro soldado de vossas tropas que atravessar a fronteira fornecerá o sangue com que será assignada a paz de Piratini com os imperiais. Acima de nosso amor á república colocamos o nosso brio de brasileiros. Quizemos a separação. Hoje queremos a integridade da pátria. Se puderdes pôr agora vossos soldados na fronteira, encontrareis hombro a hombro os soldados republicanos de Piratini e os soldados monarquistas do sr. d. Pedro II”.
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Proclamação de Caxias ao final da Guerra
Riograndenses! 
É sem dúvida para mim de inexprimível prazer o ter de anunciar-vos que a guerra civil que, por mais de nove anos, devastou esta bela província, está terminada. 
Os irmãos contra quem combatíamos estão hoje congratulados conosco e já obedecem ao legítimo govêrno do Imperio Brasileiro. 
S. M. o Imperador ordenou, por decreto de 18 de dezembro de 1844, o esquecimento do passado, e mui positivamente recomenda no mesmo decreto que tais brasileiros não sejam judicialmente, nem por qualquer outra maneira, perseguidos ou inquietados pelos atos que tenham sido praticados durante o tempo da revolução. 
Esta magnânima resolução do Monarca Brasileiro há de ser religiosamente cumprida, eu o prometo sob minha palavra de honra. 
Uma só vontade nos una, Riograndenses! Maldição eterna a quem ousar recordar-se das nossas passadas dissensões! União e tranquilidade  seja de hoje em diante a nossa divisa! 
Viva a religião! Viva o Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil! Viva a integridade do Império!
Quartel-general, da Presidencia e do Comando em chefe do Exército, no campo de Alexandre Simões, margem direita do Santa Maria, 1° de março de 1845.  Barão de Caxias.
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Farrapo recusou beijar mão de Dom Pedro II
Antes do acerto em Ponche Verde, os farroupilhas esforçaram-se para arrancar cláusulas honrosas ao tratado de paz.
Em 19 de novembro de 1844, o embaixador da República Rio-Grandense, Antônio Vicente da Fontoura, embarcou para o Rio de Janeiro para as negociações. As conferências começaram em 13 de dezembro.
Vicente da Fontoura era tosco para os salamaleques da Corte, vestia-se em desacordo com a moda. No seu diário, registrou “uma indiferença ridícula e um orgulho tolo” por parte dos ministros imperiais, que mal disfarçavam o risinho ao ver o caipira. Mas os cortesões logo foram obrigados a mudar de postura.
Na tentativa de seduzirem o visitante, os ministros acenaram com uma audiência especial a ser concedida por Dom Pedro II. Mas Vicente da Fontoura atalhou com sua rude diplomacia. Argumentou que respeitava a autoridade do jovem monarca, mas que não poderia beijar sua mão por não ser um súdito do Império. Representava uma nação independente.
O embaixador quase blefava. Sabia que desde a chegada de Luís Alves de Lima e Silva ao Rio Grande do Sul  assumiu a presidência (governador) e o comando militar em novembro de 1842  a rebelião estava com os dias contados. O Barão de Caxias (depois foi Duque) dispunha de 20 mil soldados, enquanto os Farrapos estavam reduzidos a mil homens em armas. Por outro lado, esgrimia com um trunfo: o Império precisava da província insurgente para deter a cobiça dos vizinhos espanhóis. Não haveria melhores sentinelas.
Fonte:  Zero Hora

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