por Lenilton Morato
As mudanças profundas que ocorreram na estrutura social, especialmente nos últimos 20, 30 anos, faz com que lentamente se alevante uma nova ordem, um Leviatã há muito tempo alimentado, preparado para despertar na hora certa. Sem qualquer noção do que está acontecendo, hordas de idiotas úteis de toda a sorte (do militante do MST até o ministro do STF) foram conduzidas tal qual gado a aceitarem como verdades absolutas novos parâmetros morais que, paradoxalmente, surgiram da crença do relativismo. Findo a imposição do "é tudo relativo" e surge uma nova estrutura nos escombros da antiga, que agora passa a ser a verdade absoluta.
Não há no país qualquer força ideológica, religiosa ou filosófica capaz de se contrapor a este movimento, mesmo quando toda a população é contrária a esta imposição de novos costumes. O ápice da inversão natural se dá quando é dito que "os tempos mudaram e os pais precisam se modernizar", com se o velho rejuvenescesse, e não o contrário. Como consequência, os pais, parte fundamental da formação familiar, vêm-se envoltos num estratagema filosófico e cultural que os tornam proclamadores da nova ordem ao invés de guardiões da sabedoria milenar de nossa sociedade. Jovens revoltos existem desde que o mundo é mundo. Mas, invariavelmente, pouco a pouco eles compreendiam o seu lugar dentro da civilização e encontravam resposta na sabedoria de seus pais, respaldada em valores religiosos e morais que veem de tempos imemoriáveis. Hoje, são os filhos que dizem o que é certo ou errado aos seus pais.
Diante deste estado de coisas, alguns bravos conservadores têm nos militares o último fiapo de esperança de conter a onda revolucionária. Afinal, são eles que prezam pelos valores mais caros da pátria. Em caso de luta, são eles que estarão de peito aberto em defesa do país. É de se supor, pois, que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica pudessem ser o contraponto a esta situação, não como força política somente, mas como difusores destes valores morais dentro de cada pelotão ou esquadrão. Seria legado a eles o papel que os pais não conseguem cumprir hoje: guardiões dos valores básicos nos quais se assentam a nossa sociedade. Engano.
A vocação patriótica do militar de nada vale se este não estiver devidamente embasado para entender o mundo que o cerca. Sem compreender as forças ideológicas que se movimentam, os cidadãos fardados podem ser levados a abraçar ideias erradas como certas. E é isto que está acontecendo. E o porquê é bem simples de se explicar.
Dentro do Exército particularmente, existem várias instituições de excelência dentre as quais se destaca a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Nela, o jovem de 16, 17 anos é testado por 4 anos e obtém o conhecimento técnico-profissional para exercer suas funções como comandante de pelotão e esquadrão. O jovem oficial sai desta escola com os atributos essenciais para liderar homens ao cumprimento do dever. Através das disciplinas acadêmicas, desenvolve o raciocínio lógico e características inerentes à profissão das armas. Mas a AMAN peca gravemente em um aspecto: a formação da liderança nacional.
O Aspirante-a-Oficial é capaz de resolver problemas complexos do dia a dia da caserna e mesmo do combate real, mas é incapaz de identificar a ameaça ideológica que põe em risco aquilo que ele jurou defender. Não existe um currículo de História Geral e do Brasil que não a militar. Isto faz com que o jovem cadete permaneça como um alienado do segundo grau achando que Che Guevara foi um herói e sem entender direito o que foi o 31 de março de 64. O embasamento filosófico limita-se à decoreba de conceitos ao invés de preocupar-se com o essencial da filosofia: a busca do conhecimento. O comandante de pelotão deixa de ser um dissipador dos ideais e valores que moldaram nosso país e passa a ser apenas mais um formador de guerreiros que sabem por quem lutam, mas ignoram pelo quê lutam.
É claro que o comando pensa que o Aspirante não deve saber do desenlace ideológico que deteriora nossos valores. Afinal, a ESG e o CPEAEx estão aí para isto. O problema é que, ao entrar nestas escolas, ou mesmo a Escola de Comando e Estado-Maior, o oficial ainda carrega o conhecimento adquirido no segundo grau, ideológico e doutrinatório. Poucos conseguem enxergar o que realmente se passa. Como exemplo, basta citar que, numa sala com 45 capitães da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, candidatos ao mestrado profissional, apenas 2 tinham ouvido falar de Gramsci. Por esta amostra, verifica-se que aqueles que depositam suas esperanças nas forças armadas para resistir à revolução cultural e religiosa que vivemos no Brasil estão redondamente enganados. Não há reação dentro dos quartéis, pois desde a base, os Oficiais são programados a defender um governo institucional, seja ele qual for, e não defender tudo aquilo que faz parte de nossa verdadeira cultura.
O esquema é tão bem arquitetado que não se pode colocar a culpa nos militares por não reagirem a isto, pois eles simplesmente ignoram tal situação. Não conseguem visualizar que estamos em guerra. Uma guerra sem armas, tiros ou mortes. Uma guerra cultural que atinge o coração do ocidente tirando-lhe qualquer possibilidade de perceber que o colapso é virtualmente inevitável. Uma guerra cruel e desleal, que atinge a honra da pátria, justamente a primeira coisa que os militares juram defender em solene formatura perante a Bandeira Nacional.
São ignorantes, não no sentido pejorativo da palavra, mas por não conhecerem o que os cerca.
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