Após realizar um cruzamento entre as listas de doadores de campanha e a composição das comissões permanentes da Câmara, chegou-se a impressionantes coincidências: a Comissão de Minas e Energia conta com uma aguerrida bancada de deputados financiados por mineradoras. Na de Agricultura, predominam parlamentares bancados por empresas de fertilizantes e agrotóxicos. Na de Finanças, marca presença a bancada dos bancos. E nas comissões que lidam com obras públicas, parlamentares ligados a construtoras.
Para ser mais direto, poderíamos afirmar que os interesses econômicos dos financiadores prevalecem sobre os compromissos assumidos com os eleitores. O voto dado pelo cidadão acaba sufocado pela vontade suprema ditada pelo interesse do ... patrão.
A conclusão é simples, e ao mesmo tempo escandalosa — a fidelidade partidária foi trocada de há muito pela imposição financeira. O voto do eleitor, em casos como este, não passa de um aval explícito a uma malandragem camuflada, uma relação incestuosa entre o interesse público e a vontade privada.
Como daqui a poucas semanas elegeremos prefeitos e vereadores, vale perguntar: tal fato se repete nas eleições municipais? Deixo a você a melhor resposta.
Se fosse possível sonhar — verbo atualmente desconhecido no mundo da política — eu imaginaria em meus sonhos uma reforma política que instituísse o Código de Defesa do Eleitor, em que teríamos direito a um recall dos eleitos, onde puniríamos os traidores de nossa confiança.
O problema é que na política brasileira a ausência de sonhos acabou ocupada por pesadelos. Conclusão: o melhor que temos a fazer é acordar e cuidar da vida...
(E pensar bem antes de votar)
Fonte: Contra o Vento
COMENTO: este texto é de agosto de 2008, mas continua atual. Ao ler que a direção da campanha de José Serra, prevê um gasto de R$ 180 milhões e que a petista Dilma Rousseff pretende desembolsar R$ 157 milhões na corrida presidencial, fico pensando no quanto esse desprendido pessoal está preocupado com o futuro do Brasil. Se o vencedor conseguir "ganhar" um milhão de reais por mês, entre vencimentos, propinas, diárias, saques em cartões corporativos, sinecuras, puxa-saquismos, etc, (para não falar em furto propriamente dito), vai arrecadar 96 milhões em 8 anos de mandato. É impressionante o quanto essa gente "investe" no futuro "deçepaíz"! É claro que no futuro, "algum" troco deve sobrar das burras da viúva para compensar tanto sacrifício!!
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