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A tentativa das FARC em retomar seus territórios nos Montes de María foi frustrado por uma ação do Exército, que na madrugada de terça-feira passada (6/7) deixou 12 guerrilheiros mortos, incluídos os chefes das Frentes 35 e 37.
Os chefes das Frentes 35 e 37 das FARC e mais 10 guerrilheiros foram abatidos e outros seis foram capturados em uma operação militar no distrito Las Flores, en Nechí.
Os chefes subversivos abatidos foram identificados como "Jaime Canaguaro" e "Ciro", os quais foram enviados por um dos chefes máximos das FARC, Luciano Marín Arango, vulgo "Iván Márquez", para retomar o controle que tiveram nesta região do sul do departamento de Bolívar. Na operação, outros seis insurgentes foram capturados pelas tropas.
Não é a primeira vez que o Governo aborta o interesse das FARC por conquistar a região, que no passado foi um de seus santuários. A localização dos Montes de María permitia às FARC uma boa movimentação com seus carregamentos de armas, narcóticos e seqüestrados.
Segundo o comando militar, o bombardeio de terça foi executado às 04:00h contra um acampamento situado na vereda Las Flores, do município de Nechí. Na operação, que foi planejada por um ano pela Inteligência Militar, participaram 350 homens. O general Jorge Octavio Ardila, comandante do Comando Conjunto do Caribe, explicou que "com paciência esperaram que as Frentes 35 e 37 das FARC se reunissem para planejar como entrariam de novo nos Montes de María (entre Sucre e Bolívar) e foi nesse momento em que se deu esse golpe militar". O Presidente Álvaro Uribe Vélez foi o primeiro a informar sobre a exitosa operação e reiterou ainda que conhece o paradeiro de "Iván Márquez", membro do Secretariado: "Sabemos onde está esse bandido "Iván Márquez" ... que saiba "Iván Márquez" que não somos tão inocentes como ele pensa".
Desta vez não puderam escapar
Oito dos guerrilheiros mortos delinqüiam na Frente 37 das FARC, entre eles o vulgo "Ciro", seu comandante. Desse mesmo grupo foram capturados outros três subversivos. Da Frente 35 foram reportados cinco mortos, entre eles o chefe, vulgo "Jaime Canaguaro", e mais três capturados.
"Jaime Canaguaro" apareceu em janeiro deste ano em um vídeo divulgado na Argentina, em que os guerrilheiros se apresentavam ao mundo como humildes campesinos que cultivam a terra para financiar sua luta.
O vídeo gerou polêmica pois o Governo, logo após sua divulgação internacional, tratou de advertir ao mundo que a única coisa que a guerrilha semeava no país eram minas antipessoal e coca, não milho, mandioca ou inhame, como aparecia na reportagem.
Os dois chefes das FARC, mortos na operação militar, haviam escapado da ofensiva que as Forças Militares empreenderam na região desde 2006.
Essa ofensiva permitiu, entre outras, a libertação do ex ministro Fernando Araújo, em janeiro de 2007, e a morte em combate, em outubro de 2007, de 21 membros da Frente 37 das FARC, incluido o chefe da quadrilha, Gustavo Rueda Díaz, alias "Martín Caballero".
Zona em consolidação
De acordo com o comando militar, com este golpe se frustra o plano das FARC retornar à região dos Montes de María. A pretensão dos narcoguerrilheiros de regressar àquela zona, como a outras regiões do país de onde foram desalojados pelas Forças Militares, era um dos objetivos do plano Renascer, ordenado pelo chefe da guerrilha, vulgo "Alfonso Cano".
Investimento social contra as feridas do conflito
Montes de María é uma das zonas que o Governo considera de baixo controle militar e livre de grupos ilegais. A região, entre Bolívar e Sucre, foi cenário das lutas pela terra da Associação Nacional de Usuários Campesinos (ANUC) nos anos 70.
Nessa época era qualificada de "remota e esquecida", mas nos anos 90 se converteu em um corredor estratégico graças ao desenvolvimento do sistema vial regional, por sua localização nos eixos de acesso ao sistema portuário do Caribe, a conexão ao Rio Magdalena, a estrada Troncal do Ocidente e acesso vial ao Golfo de Morrosquillo.
Segundo o Observatório de Direitos Humanos e DIH da Vicepresidência da República, as condições geográficas e estratégicas de Montes de María possibilitaram às FARC criar ali uma de suas pontas de lança no Caribe, em sua luta contra o Estado.
A nova dimensão estratégica da zona, também chamou a atenção dos grupos paramilitares que lançaram uma das ofensivas mais violentas da história recente do país contra a guerrilha, a qual deixou centenas de mortos. Um elemento adicional foi constituído pela presença do narcotráfico, com amplos cultivos e laboratórios de coca.
O pior período vivido pelos moradores da área, foi no final do século passado e começo do presente com massacres, como o de El Salado, que em fevereiro de 2.000 deixou 61 vítimas e milhares de deslocados.
Após a desmobilização das AUC e a ofensiva das Forças Militares que logrou expulsar as FARC e o ELN da região, e recuperar seu controle territorial, a região faz parte hoje do Plano de Consolidação do Governo e é objeto de uma grande intervenção social, com grande quantidade de recursos econômicos, planos de educação, saúde e justiça para fortalecer a segurança e o desenvolvimento.
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