Exceto em repartições públicas, nem todas, e em algumas poucas empresas, a Bandeira Nacional aparece durante todos os 365 dias de cada ano, independentemente de qualquer evento. Por isso a pergunta em tom reflexivo, se somos uma Nação ou um time, considerando que as bandeiras aparecem por todo o canto somente durante a Copa do Mundo.
Não se trata de uma crítica ao futebol, tido como parte do axioma “panis et circus” dado por governantes ao povo, como meio de distrai-lo, enquanto governa, ou ... “governa”. Até porque, com poucas exceções, é difícil resistir e não assistir a um jogo, especialmente se for dos canarinhos em campo. E não há mesmo alternativa na hora do jogo, pois, todos param, empresas, pessoas, repartições, quase tudo. Mas realmente é de se pensar até onde vai o patriotismo e que tipo de patriotismo temos. E se o temos, enquanto Povo. E se somos um Povo, pois, como dizia Heitor Villa-Lobos, “o Brasil não tem povo, tem público”.
É muito provável que a causa desse fenômeno esteja também no modelo centralista brasileiro. Não é exagero. O centralismo concentra poderes. E os ocupantes do Poder Central têm a natural tendência de equalizar todos dentro de uma faixa mais estreita possível. É algo quase comunista, mas não chega a tanto. Pode até chegar lá, se nada se fizer ao longo de alguns anos. Mas não nos parece o caso brasileiro. Contudo, o modelo de Estado concentra não apenas o poder em Brasília, mas as atenções e tensões de toda a população de um país-continente, deixando em segundo plano os fatos locais, por mais improvável que isso pareça. Observe, caro leitor, e conclua você mesmo.
Essa horizontalização nacional, “lutando pela eliminação das desigualdades sociais” em um “país de todos” anulou a pátria local que é a verdadeira pátria de cada um, pois não se pode exigir que alguém seja patriota pela Amazônia se nunca esteve lá. É a constatação da lógica humana, da sua presença física no lugar onde nasceu ou onde reside, lugar em que foi aceito, tem seu trabalho, sua vida e suas esperanças. O sentido de pátria nacional existe e pode ser fortalecido, mas isso só é possível quando o País não anula o senso de localidade de cada indivíduo, e não o envergonha com governantes e representantes em âmbito nacional e internacional. A pátria é do cidadão, porque o cidadão é da cidade. A etimologia de “cidadão” não aceita que ele seja “nacional”. Aceita, contudo, civismo. E só esse é que pode ter expressão nacional, além da local.
O civismo é fruto do orgulho pela nacionalidade, uma necessidade de todo e qualquer cidadão que vive a sua localidade. Ser brasileiro — ou brasiliano, no gentílico mais apropriado — é ser local, não pode ser massificado, embora sua alma se funda com as dos demais compatriotas, que falam o mesmo idioma, usam a mesma moeda, cantam o mesmo Hino e juram a mesma Bandeira.
O centralismo crônico e doentio deste País distorceu tudo isso, anulou a localidade e seu sentido, tornou o brasileiro uma formiga que trabalha para Brasília carregando pesados impostos e acabou com seu orgulho eliminando sua referência local, em prol do Grande Paizão Federal. O Brasil, País de Todos, anulou o cidadão — da cidade — e o transformou em “todos”, uma massa uniforme, que depende cada vez mais de Brasília. Não se poderia esperar outra coisa. Todos se tornaram um time. Viva a Seleção!
Não se trata de uma crítica ao futebol, tido como parte do axioma “panis et circus” dado por governantes ao povo, como meio de distrai-lo, enquanto governa, ou ... “governa”. Até porque, com poucas exceções, é difícil resistir e não assistir a um jogo, especialmente se for dos canarinhos em campo. E não há mesmo alternativa na hora do jogo, pois, todos param, empresas, pessoas, repartições, quase tudo. Mas realmente é de se pensar até onde vai o patriotismo e que tipo de patriotismo temos. E se o temos, enquanto Povo. E se somos um Povo, pois, como dizia Heitor Villa-Lobos, “o Brasil não tem povo, tem público”.
É muito provável que a causa desse fenômeno esteja também no modelo centralista brasileiro. Não é exagero. O centralismo concentra poderes. E os ocupantes do Poder Central têm a natural tendência de equalizar todos dentro de uma faixa mais estreita possível. É algo quase comunista, mas não chega a tanto. Pode até chegar lá, se nada se fizer ao longo de alguns anos. Mas não nos parece o caso brasileiro. Contudo, o modelo de Estado concentra não apenas o poder em Brasília, mas as atenções e tensões de toda a população de um país-continente, deixando em segundo plano os fatos locais, por mais improvável que isso pareça. Observe, caro leitor, e conclua você mesmo.
Essa horizontalização nacional, “lutando pela eliminação das desigualdades sociais” em um “país de todos” anulou a pátria local que é a verdadeira pátria de cada um, pois não se pode exigir que alguém seja patriota pela Amazônia se nunca esteve lá. É a constatação da lógica humana, da sua presença física no lugar onde nasceu ou onde reside, lugar em que foi aceito, tem seu trabalho, sua vida e suas esperanças. O sentido de pátria nacional existe e pode ser fortalecido, mas isso só é possível quando o País não anula o senso de localidade de cada indivíduo, e não o envergonha com governantes e representantes em âmbito nacional e internacional. A pátria é do cidadão, porque o cidadão é da cidade. A etimologia de “cidadão” não aceita que ele seja “nacional”. Aceita, contudo, civismo. E só esse é que pode ter expressão nacional, além da local.
O civismo é fruto do orgulho pela nacionalidade, uma necessidade de todo e qualquer cidadão que vive a sua localidade. Ser brasileiro — ou brasiliano, no gentílico mais apropriado — é ser local, não pode ser massificado, embora sua alma se funda com as dos demais compatriotas, que falam o mesmo idioma, usam a mesma moeda, cantam o mesmo Hino e juram a mesma Bandeira.
O centralismo crônico e doentio deste País distorceu tudo isso, anulou a localidade e seu sentido, tornou o brasileiro uma formiga que trabalha para Brasília carregando pesados impostos e acabou com seu orgulho eliminando sua referência local, em prol do Grande Paizão Federal. O Brasil, País de Todos, anulou o cidadão — da cidade — e o transformou em “todos”, uma massa uniforme, que depende cada vez mais de Brasília. Não se poderia esperar outra coisa. Todos se tornaram um time. Viva a Seleção!
Fonte: Instituto Federalista - 12/6/10
COMENTO: o articulista deixou de considerar a manipulação popular, feita por uma mídia mais preocupada com as verbas publicitárias advindas dos espetáculos "esportivos" (leia-se futebolísticos) e a manutenção dos empregos dos "jornalistas esportivos" (cujo conhecimento esportivo limita-se ao chamado "esporte bretão") que nos saturam nos programas noticiosos com fatos importantíssimos como a distensão do fulano, as noitadas do beltrano, a falta de disciplina de ciclano, os problemas amorosos de outro jogador qualquer e outras "novidades esportivas". E o povinho se deixa levar por essa "mania nacional" como se de tais fatos dependesse alguma coisa no futuro do país. A pergunta que sempre me faço: o que ganhou efetivamente o país com a "conquista" de cinco campeonatos mundiais de futebol, além da alegria artificial enfiada goela abaixo da população e da superavaliação dos jogadores convocados, por ocasião da renovação de seus multimilionários contratos? Acredito que as contas dos gastos públicos relativos aos "Jogos Pan Americanos de 2007" e as freqüentes anistias fiscais às entidades futebolísticas (ao mesmo tempo em que faltam recursos para incentivar tanto outros esportes quanto necessidades de infraestrutura nacional) respondem a essa pergunta!
Nunca fomos uma Nação, de verdade. Somos uma pátria, dividida em 7 Nações diferentes. Só formamos uma nação a cada 4 anos, a tal pátria de chuteiras. De resto, estamos longe de sê-lo. Para que sejamos uma Nação é preciso que respeitem nossas diferenças sociais, culturais e econômicas, principalmente erradicando-se as nossas mazelas. www.partidoalfa.org.br
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