por José Luiz Prévidi
Não foram poucas as piadinhas que recebi nesta semana sobre a tragédia no Rio de Janeiro. Muitas, mesmo. Algumas até bem sacadas, mas não tem a menor graça, porque tratam de uma desgraça.
Nos últimos anos o Brasil passou por situações semelhantes em Santa Catarina e, mais recentemente, em São Paulo. O curioso é que nas citadas tragédias, os engraçadinhos não se manifestaram. Pelo contrário, mostraram até solidariedade e recebi um monte de e-mail com fotos dos estragos. Nada de brincadeirinha.
Neste ano, desabou água em São Paulo como jamais tinha acontecido. Choveu dias e mais dias. Evidente que a maior cidade da América Latina virou um caos ainda maior do que é normalmente. Li muito sobre a tragédia paulistana. Assisti muitos debates a respeito.
Com maior ou menor intensidade, se chegava a uma conclusão: o culpado pela desgraça foi o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Uns, mais afoitos, chegaram a culpar o governador José Serra.
Uma canalhice, vamos combinar.
Agora, no Rio, todos os chamados formadores de opinião levaram livre o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes. Destacam a todo o momento que as mortes aconteceram por uma “tragédia natural”, imprevisível. Nada além disso. Os “urbanistas” falam, com ar professoral, que as pessoas que moram em áreas de risco devem ser retiradas.
Esquecem de falar que as chamadas autoridades, em conluio com as chamadas “lideranças das comunidades” fizeram e fazem de tudo para que estes infelizes continuem nas áreas de risco. Tanto que apostam em “melhorias nas comunidades” — que antes eram chamadas de favelas.
Notaram como existem, nestas favelas, casas de dois pisos?
A ação e o comportamento dessas autoridades e lideranças cariocas ultrapassam a canalhice. Não há adjetivo para defini-los.
Fonte: Blog do Prévidi
COMENTO: noticiam que no local da tragédia da noite de 7 de abril, em Niterói, havia um depósito de lixo municipal que foi "urbanizado". Se compararmos o impedimento de diversas obras oficiais (estradas, parques industriais, hidrelétricas, etc) pela ação de "ecologistas" com o descaso em relação a instalação de habitações em um terreno impróprio, naturalmente instável e insalubre, sem que autoridade alguma tenha tomado providências para impedir a ocupação — certamente para não perder os votos da "comunidade" — só nos resta o nojo pela hipocrisia de autoridades e de parte da mídia que se apressam em dar destaque à proteção de "espécies em extinção" enquanto aguardam que os miseráveis urbanos "se virem". Assim, é uma boa nova a iniciativa da OAB nacional mover ação para que o Ministério Público Federal apure as responsabilidades das autoridades públicas em relação às enchentes que afetaram o Rio de Janeiro e os percentuais de destinação de verbas do Programa de Prevenção e Preparação para Desastres, administrado pelo Ministério da Integração Nacional, sem esquecer as autoridades municipais que se omitiram na prevenção do desastre.
A PROPÓSITO: "Tragédia – Estádio do Maracanã não foi poupado pela inundação que aflige o povo carioca. Porém, os estragos do estádio são insignificantes diante da tragédia que já matou uma centena de pessoas. Ao longo do tempo, autoridades permitiram que áreas de risco fossem tomadas por habitações. Por falta de dinheiro? Descobriu-se, nos últimos meses, que o Rio recebe, há muito tempo, trilhões de reais dos royalties do petróleo. A Emenda Ibsen Pinheiro fez o país saber que o Rio é um estado riquíssimo. Mas nada foi feito para prevenir catástrofes como esta. O governador organiza eventos populares para rugir contra a emenda Ibsen quando deveria explicar por onde escoa a fortuna que verte para os cofres públicos, todos os meses, saída da exploração petrolífera. Por que nada foi feito, até hoje, para proteger e melhorar a vida da população do Rio de Janeiro? Eu só queria saber."
Fonte: Coluna de WIANEY CARLET,
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