por Geraldo Luis Lino
O catastrofismo ambientalista é uma das mais perniciosas ideologias responsáveis pelo desvio das políticas públicas internacionais do rumo do desenvolvimento pleno e do progresso de todos os povos do planeta, nas últimas décadas. Entre os seus grandes sucessos, contam-se o virtual banimento da utilização do DDT, ainda hoje um dos mais baratos e eficientes pesticidas já inventados, e o banimento dos clorofluorcarbonos (CFCs) e similares pelo Protocolo de Montreal (1990), produtos acusados de destruir o ozônio estratosférico (fenômeno natural registrado desde a década de 1920) e trocados por substitutos 20-30 vezes mais caros e de fabricação restrita a um limitado cartel de empresas transnacionais protegido por patentes internacionais — não por acaso, o mesmo que produzia anteriormente os CFCs, cujas patentes caíram em domínio público.
Na esteira do sucesso do Protocolo de Montreal, o lobby catastrofista conseguiu em 1997 aprovar o ainda mais insidioso Protocolo de Kyoto, com o qual pretende fundamentar um draconiano esquema internacional de limitação dos usos de combustíveis fósseis, alegadamente, para restringir o aquecimento global registrado desde 1870, que o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) considera "com mais de 90% de certeza" causado pelas atividades humanas.
Felizmente, a despeito da brutal barragem de propaganda midiática e das iniciativas político-financeiras estabelecidas em torno do cenário catastrofista, aí incluído o florescente mercado internacional de créditos de carbono (autênticos "futuros de fumaça"), a verdadeira ciência tem aberto brechas cada vez maiores no cenário "aquecimentista", com evidências que reforçam o que os geocientistas sabem há quase um século: os ciclos climáticos de aquecimento e resfriamento ocorrem há centenas de milhões de anos e o dióxido de carbono (CO2), mais que ser um fator causador deles, é, ao contrário, conseqüência — e, aliás, nem sempre as concentrações do gás guardam relação com as temperaturas
Uma evidência desse fato é a interrupção da alta de temperaturas desde 1998, registrada pelas medições feitas por satélites e balões — as únicas realmente capazes de proporcionar uma média global. Isto a despeito do drástico aumento das emissões de carbono verificadas no período, sobretudo devido ao crescimento econômico da China e da Índia.
Uma outra é a capacidade de fenômenos como El Niño e La Niña — respectivamente, anomalias de aquecimento e resfriamento das águas do Pacífico Oriental — de influenciar drasticamente o clima global. Em 2007, por exemplo, uma manifestação particularmente intensa do segundo provocou uma queda da temperatura média global de 0,7ºC — ou seja, praticamente neutralizando o aquecimento verificado nos últimos 140 anos, da ordem de 0,6-0,8ºC, motivação de todo o alarido "aquecimentista".
Ademais, há evidências crescentes sobre a influência direta das radiações cósmicas e solares nas variações das temperaturas atmosféricas — ostensivamente subestimadas pelo IPCC e seu suposto "consenso" sobre o aquecimento antropogênico.
Um instigante artigo do geofísico e engenheiro astronáutico Philip Chapman, no jornal The Australian, de 23 de abril ("Lamento estragar a festa, mas aí vem uma idade do gelo"), apresenta algumas considerações relevantes sobre o assunto. Ao contrário dos que preferem aferrar-se a modelos matemáticos computadorizados, Chapman é um cientista da "velha guarda", tendo participado ativamente dos trabalhos do Ano Geofísico Internacional (1957-58), o maior programa de cooperação científica internacional já realizado e cujo cinqüentenário tem passado em brancas nuvens na mídia mundial (quiçá propositalmente, pois a metodologia, os resultados e os avanços no conhecimento da geofísica terrestre obtidos no esforço são diametralmente opostos ao desserviço prestado pelo IPCC). Ademais, o seu conhecimento abrangente, como convém a um geocientista, lhe permite avaliar as tendências de longo prazo (em escala geológica) de uma forma quase impossível para os "modelistas". Vejamos alguns dos seus trechos relevantes:
— Por mais desconcertante que isso possa parecer aos crentes no aquecimento global, as temperaturas médias da Terra se mantiveram estáveis ou ligeiramente declinantes na década passada, a despeito do contínuo aumento na concentração atmosférica de dióxido de carbono e, agora, a temperatura global está caindo precipitadamente. — (...) Há uma pletora de evidências de que 2007 foi excepcionalmente frio. Nevou em Bagdá pela primeira vez em séculos, o inverno na China foi simplesmente terrível e a extensão da banquisa de gelo da Antártica no inverno austral foi a maior já registrada desde que James Cook descobriu a região, em 1770. Em geral, não é possível extrair conclusões sobre as tendências climáticas a partir de eventos de um único ano, de modo que, normalmente, eu descartaria esse surto de frio como transiente, a depender do que acontecerá nos próximos anos.
Chapman diz que os registros do satélite SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) mostram que o ciclo de manchas solares nº 24 está se mostrando mais atrasado e fraco do que o anteriormente estimado:
— A razão pela qual isso importa é que há uma estreita correlação entre as variações no ciclo de manchas solares e o clima da Terra. A última vez em que um ciclo se atrasou como esse foi no período conhecido como Mínimo de Dalton, um período especialmente frio que começou em 1790 e durou várias décadas. — (...) O fato de que o rápido declínio de temperatura em 2007 ter coincidido com o comportamento inesperado do ciclo nº 24 não é prova de uma conexão causal, mas é motivo para preocupação.É hora de deixar de lado o dogma do aquecimento global e, pelo menos, começar a fazer planos de contingência sobre o que fazer se estivermos rumando para outra pequena idade do gelo, similar à que perdurou de 1100 a 1850. Não há dúvida de que a próxima pequena idade do gelo poderá ser muito pior do que a anterior e muito mais danosa do que qualquer coisa que o aquecimento possa fazer. Existe muito mais gente hoje no planeta e nos tornamos dependentes de algumas poucas áreas agrícolas de clima temperado, especialmente nos EUA e no Canadá. O aquecimento global aumentaria a produção agrícola, mas o resfriamento global a reduziria. Milhões passarão fome se não fizermos nada para preparar-nos para isso ... e milhões mais morrerão de doenças relacionadas ao frio. Há também uma outra possibilidade, remota mas muito mais séria. Os testemunhos de gelo e outras evidências da Groenlândia e da Antártica mostram que, nos últimos milhões de anos [2 milhões, para ser mais exato], nosso planeta tem sido durante quase todo o tempo afetado por severas glaciações. A verdade crua é que, em condições normais, a maior parte da América do Norte e da Europa têm ficado enterradas sob 1,5 km de gelo. Este clima terrivelmente frio é interrompido ocasionalmente por breves períodos interglaciais quentes, que, em geral, duram cerca de 10 mil anos. (...) O período interglacial de que temos desfrutado durante toda a história humana registrada, chamado Holoceno, começou há 11 mil anos, de modo que o gelo já deveria ter chegado. Da mesma forma, sabemos que a glaciação pode ocorrer rapidamente: o declínio necessário na temperatura global é da ordem de 12ºC e pode ocorrer em apenas 20 anos.
Chapman conclui com uma severa advertência:
Todos aqueles que estão instando ações para mitigar o aquecimento global precisam retirar os antolhos e começar a pensar no que deveríamos fazer se estivermos, em vez disso, diante de um resfriamento global. Será difícil para as pessoas enfrentar a verdade, quando as suas reputações, carreiras, bolsas governamentais ou esperanças de mudança social dependem do aquecimento global, mas o destino da Civilização pode estar em jogo.
Os argumentos expostos no artigo de Chapman são apenas uma pequena amostra de que, assim como está ocorrendo no campo financeiro-econômico, a ideologia malthusiano-ambientalista não está resistindo à prova do mundo real. Com o empenho de cientistas como ele, pode ser que em breve a ciência retome o lugar que lhe foi indevidamente retirado na avaliação das interações entre as atividades humanas e a natureza.
Estamos vivendo a crise promovida pelos excessos de Estado e suas amoralidades, pela ausência de estadistas da Liberdade no mundo de hoje. Temos, sim, estatistas liderando promessas indiscriminadas de paraísos na Terra, onde a procura da felicidade possa ser substituída por uma casinha dormitório, hospital e escola de graça, na religiosa convicção de que a servidão voluntária significa a libertação de qualquer juízo final.
Fonte: Navegação Programada
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