por Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Elevado à camada dos bem-aventurados, entes de gracioso estado de santidade e graça celestial pelo "bruxo do nordeste" (auto-intitulado o "maior estadista" que já transitou nestas plagas), o Exmo e desacreditado Senhor Presidente do Senado foi alçado aos píncaros dos deuses, e repousa, portanto, acima dos demais mortais. Faz companhia, entre outros, ao êmulo da honestidade e da retidão de caráter, o injustiçado ex-Deputado Federal Severino, considerado pelo nosso verboso monarca, um supimpa "cabra da peste". Não esqueçamos que o Severino foi eleito prefeito, graças ao valioso aval de sua integridade, endossada pelo imparcial pensador que dirige os destinos da Nação.Diante do óbvio, ocorreu-nos que o recém inaugurado "Museu da Corrupção" está incompleto. Lastimosamente carece o singular acervo, das estátuas de seus venerandos heróis.
Por certo, faltará espaço naquele memorial para tantos homenageados. Podemos reclamar do esquecimento das figuras maiores da propina, do golpe, das licitações fajutas, dos desvios pecuniários, dos roubos escancarados, das tramóias e esbulhos, dos ilícitos praticados à larga e de roldão por astutos políticos do passado.
Realmente, daqueles, permanecem indícios de que eram contumazes ladravazes, entretanto, as provas se perderam na poeira dos tempos. Mas o que dizer dos exemplos de agora, dos ícones atuais? Onde estão o reconhecimento, as homenagens, os lauréis?
São tantos, dirão os Curadores do Museu. Mas, por que não imortalizar os atuais? Os que proliferaram com o fim da "dita branda"? Sim, são tantos. Como laureá–los sem cometer injustiças?
Na multidão que se acotovela para inscrever seu nome no "Livro de Ouro", diante do descortino de seus sombrios passos nos escaninhos do poder, um se sobressai – o imortal José Sarney.
Sarney poderia ser entronizado como "o equilibrista", tal sua longevidade junto aos poderosos e ao poder. É um camaleão profissional. Por tudo o que o magnífico Sarney e sua prole legaram de ensinamentos para as futuras gerações como exemplos de sucesso, apesar de nadarem de braçada no mar da pusilanimidade, na sombra e na água fresca, sua gloriosa trajetória política é digna de ser cantada em prosa e verso. E sua imagem, esculpida em bronze.
Como Presidente da Nação, de 1985 a 1990, destacou-se como o pai da maior inflação gestada neste País. Não bastasse, em janeiro de 1987, decretou a moratória. Diante tantos e retumbantes fracassos, só podia dar no que deu; Sarney conquistou com méritos o seu diploma de "Homem de Visão", justo reconhecimento da sociedade agradecida, diante da virtuosa figura. É um monumento, asseveram seus correligionários.
Ao propormos, que o insigne cidadão, que conseguiu manter na pobreza e na ignorância dois estados da federação, tenha sua majestosa estátua no hall de entrada do "Museu da Corrupção", cumprimos um dever de justiça.
Sabemos, pelo "nosso guia", que o probo Senador, não é qualquer vivente e "merece respeito". Assim, dia-a-ia, o desgoverno vai criando a cota dos "desonestos inimputáveis", selecionadissima máfia da esquerdalha, simpatizantes e aderentes de ocasião. Sarney, o "maribondo de fogo", um imortal da Academia Brasileira de Letras (pobre Brasil), é "hors concours".
O Sarney, cognominado de "o epítome da bandalha enrustida", encabeça, por suas decantadas qualidades, reconhecida desfaçatez e proverbial capacidade de negar qualquer envolvimento em "maracutaias" e flagrantes abusos e usufrutos de poder, diante de contundentes e explícitas comprovações, sem mexer um músculo da face, encabeça com méritos, aquele rol de afamados cidadãos.
E merece ser perenizado. Daí... E, por exultação incontida, em face do que nos aguarda, bradamos convictos e rútilos de admiração "que viva a república socialista–cotista", futuro objetivo do "estado policialesco", que está sendo implantado através da "enrolação e da boçalização do politicamente correto".
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