por Marcelo Rech
Com seu poderio militar fortemente abalado, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) estão em busca de novas formas de manter seu lucrativo comércio de drogas. A ideologia deixou de ser importante.As guerrilhas estão unindo forças com antigos paramilitares de direita colombianos, cartéis, grupos criminosos e até mesmo o Hezballah, a milícia xiita com base no Líbano. A ligação com o Hezballah desperta uma maior preocupação devido às suas ramificações para outros países vizinhos na América Latina, inclusive o Brasil. O Hezballah e o seu estado financiador, o Irã, buscam aumentar sua influência no continente por meios legais e ilegais.
O governo iraniano investe milhões de dólares em uma ampla variedade de ações diplomáticas e comerciais que contam com a parceria de diversos governos da região. Especialistas em segurança estão preocupados com o avanço do Irã na América Latina. Embaixadas foram abertas na Bolívia e Nicarágua e há planos para se montar estações de televisão nesses países, na Venezuela e no Equador.
Por trás dessa preocupação está o longo histórico iraniano de financiar e ajudar movimentos islâmicos que se confundem com organizações terroristas. Com o apoio do Irã, o Hezballah pode ampliar sua área de atuação para a América Latina usando empresas legítimas como plataforma e capitalizando com a nova política de portas abertas de países como a Venezuela.
Em Outubro de 2008, autoridades colombianas em parceria com a Agência de Combate às Drogas dos Estados Unidos, desarticularam um grupo de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas baseado na Colômbia que lavava centenas de milhões de dólares por ano e conseguiu canalizar cerca de 12% de seus lucros justamente para o Hezballah. A investigação foi complexa e durou mais de dois anos, resultando na prisão de mais de 130 pessoas. As provas foram obtidas através da monitoração de 700 mil conversas telefônicas. O líder do grupo foi identificado como Chekry Mahmud Harb, um libanês residente na Colômbia que usava o codinome “Talibã”. Vários outros árabes também estavam envolvidos.
O tráfico e a lavagem de dinheiro do grupo se estendem por países como Venezuela, Panamá, Guatemala, Estados Unidos, Canadá, Líbano, Hong Kong, pela Europa e África. Mesmo antes desse caso recente, o Hezballah já possuía um passado de atividades abomináveis na América Latina. O grupo é responsabilizado pelos atentados a alvos judeus na Argentina na década de 1990. Há três anos, o Hezballah esteve envolvido em uma operação de tráfico internacional de cocaína em diversos países latino-americanos.
O governo dos Estados Unidos assegura que a organização tem há muito tempo uma base de operações na área da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. A partir da região, o grupo realizaria operações que envolvem o contrabando de armas e outras atividades criminosas, bem como o levantamento de fundos e o recrutamento da diáspora libanesa.
A aliança que vincula o Hezballah com as FARC possui muitas camadas. O papel das FARC era proteger as áreas rurais e as plantações que produziam a pasta de coca. Os ex-paramilitares e membros do cartel de Medellín, de Pablo Escobar, protegiam as rotas de tráfico continentais.
O Hezballah, com a sua longa história de tráfico internacional de heroína, entrou com a rede de distribuição internacional. Harb e suas operações de lavagem de dinheiro “lavavam” os lucros, que depois eram divididos entre todos. As FARC não podem se dar ao luxo de perder os lucros provenientes da rede do narcotráfico. A organização rebelde está sob constante pressão das autoridades colombianas. Ela perdeu vários de seus principais líderes justamente há um ano. Além disso, sofre com as deserções em massa.
As frentes que permanecem estão cada vez mais voltadas para o narcotráfico. Mas as FARC não controlam mais todo o processo do tráfico. O que antes era o principal cartel de cocaína do mundo, hoje é basicamente um fornecedor de pasta da droga. Portanto, para ter lucros, as FARC precisam de parceiros que transportem a pasta de cocaína para os mercados. Sendo assim, as FARC provavelmente tentarão estabelecer mais alianças com o Hezballah e outros criminosos para recuperar sua parcela de lucros.
“Isso é apenas um exemplo de como o narcotráfico é interessante para todas as organizações criminosas, as FARC, os paramilitares e os terroristas”, afirma Gladys Sanchez, principal procurador do Ministério Público de Bogotá.
Esse também é um fato que interessa as autoridades policiais de todo o continente, que precisam encontrar formas de combater tais ameaças.
Marcelo Rech é jornalista, especialista em
Relações Internacionais e Estratégias e Políticas de Defesa.
Correio eletrônico: inforel@inforel.org.
Relações Internacionais e Estratégias e Políticas de Defesa.
Correio eletrônico: inforel@inforel.org.
Fonte: ViVerdeNovo
COMENTO: escrevi ontem que nada acontece ao acaso. Já houve notícias de militantes das FARC encontrados em mais de um "assentamento" do MST, no Brasil. Foi comprovado o envolvimento das FARC no sequestro e assassinato da filha de um ex-presidente do Paraguai. Na Argentina, são fortes as pressões no sentido de "descriminalizar" o narcotráfico. Por aqui, observa-se uma onda de assaltos a bancos e roubos de armas, meticulosamente planejados e executados. Tais crimes são levados a efeito com audácia de quem está bem treinado e equipado. Isto não parece sensibilizar as autoridades, preocupadas em safar a "cumpanherada" das diversas investigações policiais e políticas que não levam a nada. É só verificar e tentar lembrar qual das muitas CPIs realizadas em que houve alguma punição. Tente saber quantos das centenas de presos em operações cinematográficas levadas a efeito pela Polícia Federal encontram-se, ainda, atrás das grades. A ABIN, órgão composto por funcionários selecionados e treinados para investigar e prevenir a atuação de elementos como os citados no texto, antes que suas ações configurem crimes, está com sua atuação completamente desmoralizada por parcela da imprensa, insuflada por políticos "de rabo preso", que apresenta "vazamentos" de documentos e destaca o mau uso que dela fizeram diretores nomeados por critérios políticos. As Forças Armadas e seus serviços de inteligência, sem recursos e sem líderes que lhes proporcionem respaldo moral e legal, também não se envolvem nesse tipo de questão, mais preocupadas com sua própria sobrevivência como Instituições. E o povão, dividindo o que sobra da roubalheira que lhe é imposta pela categoria política, participa como em um antigo quadro humorístico: "quem tem poe, quem não tem tira" onde, por um lado, uma minoria (cada vez menor) de pagantes de impostos se obriga a pagar duplamente pelos benefícios que lhes deveriam ser assegurados pelo Estado, e por outro lado, uma maioria crescente de dependentes das benesses pagas com as migalhas que sobram do "banquete dos safados", garante os votos para simular que existe democracia, sendo estimulada à vadiagem (que já foi considerada contravenção penal) pelas diversas bolsas-esmolas (em breve acrescida da bolsa-gás) cujo valor somado supera o de um salário-mínimo..
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