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O governo chinês resolveu jogar “duro” (para dizer o mínimo) e colocar a Embraer contra a parede. Com a aproximação do fim do contrato da joint-venture Harbin-Embraer Aircraft Industry Company, que se encerra em 2010, os chineses apresentaram uma lista de imposições, que consideram inegociáveis para a fabricante brasileira poder manter sua atividade no país. As condições, entretanto, soaram algo “unilaterais”, ao serem apresentadas em São José dos Campos. O ponto mais crucial é que, para a continuidade da joint-venture, a China Aviation Industry Corporation (AVIC) teria de receber da Embraer a licença para a produção local dos jatos comerciais da família E-Jet (como os Embraer 170 e 190). E não apenas isso, a empresa brasileira não apenas teria de permitir a produção dos aviões em Harbin, como também dar aos chineses ampla transferência de tecnologia, soluções de engenharia e produtivas destes aparelhos.
No caso de uma resposta negativa da Embraer, a China acena com ameaças de peso — estaria encerrada a joint-venture, estabelecida em 2002, e com ela a Embraer ficaria sem uma linha de produção de seus ERJ (hoje só produzidos ainda na China) e, ainda, os chineses iriam cancelar todos os contratos de aquisição de aeronaves já firmados e estimados em mais de US$ 3 bilhões. A maior preocupação da Embraer é perder um mercado potencial enorme (ainda mais, num momento de crise financeira global), ainda mais porque a companhia aérea Grand China Express admitiu o interesse em adquirir mais 100 aviões do Embraer 190 nos próximos anos. Se alguém, lendo isso, pensou na palavra “chantagem” — talvez não esteja muito longe da realidade.
Até o momento, a Embraer tem reagido com energia à investida chinesa. O próprio presidente da empresa, Frederico Curado, já descartou publicamente a instalação da linha de montagem dos Embraer 170/190 na China.
Para os especialistas, e certamente, para a direção da Embraer, não escapa à percepção que os Embraer 170/190 cobiçados pelos chineses de fato iriam concorrer diretamente com o jato comercial que vem sendo desenvolvido pela AVIC, o ARJ-21. Por que Pequim teria interesse num avião que seria competidor de seu próprio jato local!? Bem, a resposta (temida em São José dos Campos) pode ser que o ARJ-21 pretende ser primeiro avião comercial chinês de propulsão a jato, que apesar de estar em desenvolvimento desde 2002, até agora não decolou. Ter acesso à tecnologia dos E-Jet, extremamente avançada, seria o “sonho” dos chineses, para retificar os erros no seu avião e enfim colocá-lo em produção.
Nesta perspectiva, o interesse de Pequim não seria tão voltado à produção dos E-Jet, mas sim à possibilidade de se apoderar de sua tecnologia...
Pelos corredores da fabricante brasileira, não faltam aqueles que acreditam que, em boa medida, isto já ocorreu — vários itens de engenharia do ERJ-145 teriam “migrado” para fora das fronteiras da Harbin-Embraer e pousado no projeto da AVIC, o ARJ-21. Numa conversa informal com ASAS, um dos diretores disse mesmo que, desde o início da joint-venture, a Embraer se preparara para sofrer um certo “grau de pirataria” — mas que o nível desta “superou as previsões”.
Em sua atual forma, embora o ARJ-21 seja alardeado por Pequim como resultado em 100% da tecnologia aeronáutica chinesa, seu projeto revela inequívocas semelhanças com soluções de engenharia criadas pela Embraer no ERJ-145. E pior — tais similaridades só foram agregadas ao projeto chinês depois do início da produção na China dos ERJ-145...
Por fim, diante das posturas pífias e covardes do governo brasileiro diante de atitudes truculentas de governos estrangeiros contra empresas brasileiras atuando legitimamente em território de outros países, resta para a Embraer enfrentar a ameaça chinesa com sua própria coragem, determinação e diplomacia — pois de Brasília dificilmente virá alguma ajuda...
Fonte: Revista ASAS
COMENTO: Depois das bondades diplomáticas do Grande Guia para com os países africanos, a "doação de refinaria" para o cumpanhêro cocalero, a borrada nas cuecas (não a dos dólares, é claro) ante o grandalhão de fala fina equatoriano, a perspectiva de perdão da dívida de Itaipú, e outras graciosidades desse país montado na grana do pré-sal (último passo antes do país ficar no propriamente dito), nada mais natural que os cumpanhêro trabaiadô chinêis também quererem tirar uma lasquinha. Afinal, nóis tudo semu socialista!!!
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