Embaixada da Rússia em Bogotá.
A Chancelaria colombiana expulsou dois funcionários da Embaixada da Rússia do território daquele país, em 8 de dezembro.
Assim confirmou Juan Francisco Espinosa, diretor da Autoridade Migratória. "No passado 8 de dezembro abandonaram o território nacional dois cidadãos estrangeiros, de nacionalidade russa, que serviam à embaixada desse país em nosso território", sentenciou.
Espinosa asseverou que as razões que motivaram este abandono são alheias à Migración Colombia e competem a razões de Estado.
"Dadas as circunstancias em que saem estas duas pessoas, em curto prazo não poderão retornar ao país", acrescentou.
Se trata de dois diplomatas russos identificados como Alexander Paristov, nascido em 12 de janeiro de 1989, e Alexander Belousov, nascido em 29 de janeiro de 1981. Os homens estavam a mais de dois anos no país.
De acordo com a informação divulgada, essas pessoas estavam desenvolvendo atividades de Inteligencia. A advertência sobre as ações ilegais que estariam fazendo chegou através da Direção Nacional de Inteligência.
Fonte oficial assinalou que os estrangeiros estavam recrutando informantes e já haviam adiantado esse processo na cidade de Cali.
Aduziram que além de Inteligência militar, realizavam Inteligência econômica e tinham interesse em conhecer informação privilegiada sobre a exploração de recursos minerais.
"Trabalhamos de maneira articulada com o Governo Nacional. Sempre que existam riscos, ou potenciais riscos, à segurança do país procederemos em decorrência", disse o funcionário.
Os diplomatas russos saíram da Colômbia em um voo Bogotá-Amsterdam-Moscou. Um deles saiu com a família e o outro, sozinho.
Segundo esta fonte, a presença destes dois indivíduos em território colombiano também estaria relacionada com a situação na Venezuela e as próximas eleições naquele país.
Em reciprocidade, as autoridades russas teriam expulsado dois diplomatas colombianos da capital da Rússia.
Um funcionário de assuntos consulares e a encarregada de temas culturais da embaixada da Colômbia na Rússia foram os dois integrantes da missão em Moscou que saíram daquele país nas últimas horas.
Leonardo Andrés González, segundo secretário encarregado de funções consulares, e Ana María Pinilla Morón, segunda secretária, encarregada de assuntos culturais e de atenção aos estudantes, ambos funcionários de carreira diplomática, tiveram que programar suas viagens em questão de horas e saíram do país europeu em 23/12, via Istambul (Turkish Airlines), para Bogotá.
Leonardo González trabalhou por nove meses no fundo rotatório do Ministério de Relações Exteriores, em 2014. Um ano depois ocupou o cargo de segundo Secretario de Relaciones Exteriores e estava próximo a cumprir seu primeiro ano na Rússia. Ele é advogado e tem especializações em direito administrativo e em direito comercial.
Ana María Pinilla também estava próxima a cumprir seu primeiro ano na Rússia e foi recém promovida. Desde 2013 trabalha no Ministério de Relações Exteriores. É profissional em Relações Internacionais e começou um mestrado em Análises de problemas políticos, econômicos e internacionais.
Por casos similares de espionagem, as autoridades colombianas já haviam expulsado, em outros momentos, cidadãos venezuelanos e a um cubano.
Em junho de 2020, Migración Colombia expulsou do país o 2º Sargento do Exército venezuelano Gerardo José Rojas Castillo, a quem as autoridades colombianas consideravam ser um militar ativo venezuelano em atividade de espionagem.
O Exército venezuelano anunciou que isto não era verdade e que Rojas Castillo é um desertor, mas para a Contra-Inteligência do Exército da Colômbia, ele é um militar operacional, que aparentemente, tinha como propósito identificar os esquemas de segurança e movimentos do Batalhão de Artilharia nº 2-La Popa, situado em Valledupar, Cesar.
Esta base militar faz parte da Décima Brigada Blindada, encarregada das operações de segurança e de repelir os grupos à margem da lei em Cesar e La Guajira.
Rojas Castillo foi dos primeiros militares que ingressaram na Colômbia, por Paraguachón (La Guajira), em 19 de fevereiro de 2019, pedindo apoio e ajuda do Governo, de acordo com os registros.
Nesse dia, ele entregou sua arma de dotação, munições e seus uniformes militares. “Se apresentou como desertor e foi submetido a varias entrevistas para verificar se realmente era um membro ativo do Exército venezolano”, disse um militar colombiano que esteve à frente do processo contra Rojas.
A fonte disse que, basicamente, o processo se centra em perguntar sobre a localização de bases militares, treinamento recebido, nome de superiores, gírias e linguajar castrenses para identificar se realmente faz parte da Força Pública.
Rojas Castillo passou pelo processo e fez parte do grupo de militares venezuelanos que receberam o status de refugiados das Nações Unidas. Mas, como se havia confirmado que conta com cursos de Contra-Inteligência Militar, de Forças Especiais e de Infiltração, entre outros, a Inteligência da Colômbia, o definiu como um “objetivo” de vigilância.
De acordo com os informes de inteligência, o homem se radicou em Valledupar, onde há algum tempo vive sua mãe.
Entre abril de 2019 e fevereiro de 2020, Gerardo Rojas se dedicou à economia informal. Inicialmente instalou um ponto de venda de sucos frente ao Batalhão La Popa e, pouco depois, começou a trabalhar como vigilante, em uma obra que se estava levantando em frente da mesma unidade militar.
“Isso nos chamou a atenção, o não querer afastar-se da zona”, assegurou a fonte. Paralelo a isso, Rojas renunciou à figura de refugiado e solicitou a Permissão Especial de Permanência (PEP), que o governo colombiano criou para os imigrantes venezuelanos.
Assinala a fonte do Exército, que desde finais de fevereiro deste ano, justo quando se começou a conhecer as dimensões da pandemia e as medidas de isolamento, o rastro de Rojas se perdeu.
“A Contra-Inteligência do Exército Nacional confirmou que Rojas saiu de maneira ilegal do país, por alguma trilha em La Guajira, e se reincorporou a sua unidade militar na Venezuela”, afirmou a fonte.
Os labores de Inteligência, obtiveram que o militar venezuelano estava ativo, e servindo no Batalhão de Infantaria Mecanizado nº 141, localizado na cidade de Carora, estado de Lara.
“Confirmamos que o 2º Sargento, entre março e os primeiros dias de junho, esteve em Carora, realizando atividades próprias de serviço em postos de segurança, sobre alguns postos de gasolina e postos de controle nas vias de fronteira, estava uniformizado e com arma de dotação”, assinalou a fonte.
Da mesma forma, souberam que o militar recebeu 15 dias de férias, e que iria à Colômbia para visitar sua mãe. “Se logrou estabelecer que Rojas ingressaria no país em 10 de junho. Entrou por uma trilha e estávamos a postos para pegá-lo”, destacou.
Rojas foi descoberto em um posto de controle instalado pelo Exército em Ye de los Corazones, na estrada que vai de Valledupar a La Guajira.
Sua captura foi registrada por volta das 10 da noite, e foi posto à disposição de Migração Colombiana. Durante este processo, se destaca que o homem reconheceu ante as autoridades colombianas que era um militar ativo venezuelano.
Gerardo José Rojas Castillo, de 27 años, reconheceu ser um militar ativo venezuelano. |
Migração Colombiana o trasladou na manhã seguinte de Valledupar a Paraguachón, em La Guajira — fronteira com Venezuela —, onde há um posto migratório, no qual, se cumpriria a expulsão do militar venezuelano.
Depois de varias 'idas e vindas' — havia quem desejasse a instauração de um processo criminal, o que demandaria tempo e trâmites judiciais —, Rojas Castillo foi expulso por ingressar de maneira ilegal no país, por ter vencida sua PEP, e por violar as medidas sanitárias decretadas para frear o coronavírus.
Em março de 2019 foi expulso o cubano José Manuel Peña García, acusado de espionagem na Base Aérea de Palanquero, uma instalação estratégica das Forças Militares em Puerto Salgar, Cundinamarca.
Peña García foi acusado de ter nexos com o Exército cubano e de estar em busca de informação sobre o desempenho dos aviões Kfir, da Colômbia.
Em La Dorada (Caldas), o cubano José Manuel Peña García era considerado um homem quieto, discreto, que fazia vários trabalhos e nem usava o celular.
Com mulher e filho, conquistou a confiança de algumas pessoas que se declararam intrigadas quando, em 15 de março de 2019, às 20h30, foi detido por integrantes da Polícia Judiciária de Migração Colombiana.
Sua expulsão foi precedida por um relatório de Inteligência que relatava seu vínculo com o Exército cubano e o fato de estar rondando a Base Militar de Palanquero.
A informação na qual a Migração Colombiana baseou a decisão de expulsar Peña García do país também afirma que seu pai é coronel do Exército da Ilha.
Para membros da Inteligência colombiana, fica claro que há interesse em estabelecer o cotidiano das aeronaves Kfir, que substituíram os antigos Mirage.
"Palanquero é a base principal. Os Kfir substituíram o Mirage e foram potencializados. Todos os seus sistemas e armas são novos, assim como sua capacidade de reação. Dessa base saem os aviões que fazem rondas por todo o país, são o escudo aéreo. Os registros de rotinas são secretos”, explicou um oficial de Inteligência.
E acrescentou que essas aeronaves são usadas em operações sigilosas contra os guerrilheiros e outros grupos armados ilegais.
“De La Dorada é fácil monitorar a entrada e saída dos Kfir. E temos informações de que há interessados no assunto, havendo um oficial de controle cubano em Manizales que estaria recebendo esses dados”, explicou outra fonte.
O caso de Peña García se junta ao do venezuelano Brayan Andrés Díaz Díaz, que ingressou irregularmente no Comando de Manutenção Aérea da Força Aérea em Madrid, Cundinamarca. Seguindo os protocolos, os dois homens foram expulsos da Colômbia.
Fonte: tradução livre de El Tiempo
Conteúdo do blog é muito bom e instrutivo. A Inteligência não para nas Américas.
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