segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Não Se Apavore Com o Novo Vírus — Leia Isto ...

O novo coronavírus ainda não é uma pandemia e não há como prever se o será.
A mortalidade é baixa, mas não se pode baixar a guarda.
O Presidente chinês interdita uma região e mata 10.000 pessoas enfermas com gás venenoso para evitar que se propague uma infecção ainda mais perigosa. Isto se conta na premiada novela de ficção científica Wake (Viking Canada, 2009), de Robert J. Sawyer. Nesse livro, para que o assassinato em massa não seja revelado, o país fica desconectado da Internet.
Quando se publicou a obra, em 2009, este cenário não parecia tão disparatado ante o encobrimento e a censura do governo chinês ao tratar com a síndrome respiratória SRAS (ver em Cronologia, abaixo). ¿Que detalhes dessa historia se relacionam com o surto do novo coronavírus?
Segundo o Hospital Universitário Johns Hopkins de Estados Unidos, já há 6.165 casos confirmados, 133 personas morreram e 126 contagiados se recuperaram [dados de 30 Jan 2020  ontem estavam em 902 mortos].
Imagine uma cidade, com uns 11 milhões de habitantes, completamente fechada quanto ao seu exterior. Sem conexões de ônibus, trens, voos nem transporte público. As estradas, bloqueadas e as salas de cinema, fechadas. Atualmente, enquanto estás lendo isto, há dois lugares em que isto se passa. Estão localizados na China Central, no médio rio Yang-tze e se chamam Wuhan, da qual se tem escutado recentemente nas noticias, e Huang-gang, que tem a mesma população de Bogotá, uns oito milhões.
A respeito, o doutor Gauden Galea, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) na China, disse ao diário The New York Times,até onde sei, sitiar a 11 milhões de pessoas é novidade para a ciência”.
Cada vez há mais pessoas cobertas por estas medidas extremas para evitar que o problema de saúde pública seja ampliado. Desde o passado 24 de janeiro, ao menos 14 cidades e, portanto, cerca de 35 milhões de habitantes na China estão em quarentena para conter o coronavírus.
Lina Luna, internacionalista especialista em China contemporânea e professora da Universidade Externado de Colombia, afirma que ainda que aquele país seja fechado quanto a suas políticas internas, isto não ocorre em assuntos globais de saúde. De fato  diz  eles tem liderado a OMS etem sido abertos em quanto aos dados sobre esse vírus. Eles sabem que o mais apropriado em casos como este é a colaboração global”.
Diferentemente do que sugere a historia de ficção de Sawyer, apesar da quarentena, hoje quando a China volta a ser o epicentro de um vírus, está mais aberta quanto aos dados que tem obtido sobre a epidemia que inquieta o mundo. Em dez dias, por exemplo  um tempo recorde  investigadores chineses lograram sequenciar o vírus 2019nCov e publicaram na Internet (no portal de informação genômica NGDC) os dados para todos que queiram ter acesso a eles.

O que se sabe
Esta epidemia está se mostrando difícil. Se dissemina antes de que qualquer sintoma apareça. Para que o medo não se propague mais rápido: ainda não está na Colômbia [nem no Brasil] e não é uma pandemia. Não, ainda. Tampouco se sabe se será. O doutor Hugo Grisales Romero, matemático, estatístico e doutor em epidemiologia da Universidad de Antioquia, conta que existem modelos matemáticos para descrever o avanço de uma determinada enfermidade, mas “nem tudo está escrito”.
A pandemia é definida pela OMS  única entidade que pode determinar se uma epidemia se converte em algo mais  como uma propagação mundial de uma nova enfermidade. Francisco Javier Díaz, médico virólogo e docente da Faculdade de Medicina da Universidad de Antioquia, complementa: “O coronavírus não é pandemia porque ainda não se apresentaram casos autóctones fora da China”.
Sim, há casos na Europa e América do Norte, mas todos foram contagiados na China e posteriormente regressaram a seus sítios de origem.
No artigo científico Tempo de origem e dinâmica epidémica do novo coronavírus, publicado na Revista Biorxiv em 27 de janeiro de 2020, se assinala que a infecção começou em 17 de dezembro de 2019. Os pacientes começaram a chegar com pneumonia às clínicas de Wuhan. Seus sintomas eram febre, tosse e dificuldade para respirar. Algo normal no inverno no qual estão.
No entanto, os médicos não encontraram as causas das pneumonias e os pacientes não respondiam aos tratamentos com antibióticos. Até que apareceu o primeiro sinal de alarme: a maioria dos infectados trabalham em um mercado de animais vivos em que alguns animais domésticos e selvagens são comercializados.
O novo coronavírus já chegou a 13 países e já se sabe que o tempo entre a infecção e o inicio da enfermidade em uma pessoa é entre um e 14 dias.
É mortal, mata em media menos de 3% dos infectados e cerca de 20% experimentará enfermidade grave. Se perguntará, então, a que se devem os alarmas e a preocupação.

¿Exagero?
Embora ainda não seja pandemia, não descuide. No relatório do Global Preparedness Monitoring Board (GPMB), convocado conjuntamente pelo Banco Mundial e a OMS, foi advertido, em setembro de 2019: “Por muito tempo temos permitido um ciclo de pânico e negligência quando se trata de pandemias: nos precipitamos em esforços para combater uma ameaça seria, e rapidamente nos olvidamos do perigo que subsiste”.
Ainda que as enfermidades, epidemias e pandemias sempre tenham existido, conta Díaz, virólogo da U.de A., “os dois fatores fundamentais que complicam o surto são o crescimento da densidade populacional e o aumento do trânsito internacional”. Essa possibilidade contemporânea de viajar a qualquer parte do mundo em menos de 36 horas significaria que as infecções se possam dispersar de país a país e logo tornar-se mundiais.
Alberto García, médico pediatra intensivista espanhol, explicou em uma postagem no Twitter, que o coronavírus depende de aquele a quem infecta para replicar-se. Como todos os vírus.
Há para todos: para cães, macacos, morcegos e humanos. Como vivem fazendo copias, às vezes cometem um erro que lhes favorece estupendamente. A copia lhes permite saltar, por exemplo, de morcegos para humanos”. Esta última hipótese acaba de ser apoiada por uma investigação publicada no The Lancet, que seguiu a pista da “árvore genealógica” de vários vírus encontrados em morcegos, muito similares ao da epidemia atual em pessoas.
É importante recordar que as infecções virais “não costumam requerer tratamento”, acrescentou. Os vírus se replicam, mas os seres vivos, armados com seu sistema imunológico, sacam seu conjunto de defesas para enfrenta-los.
Por isso é que o tratamento geralmente é o de gerenciar os sintomas e esperar. Se for um vírus respiratório, oxigênio ou auxílios para respirar, e se for digestivo, hidratação constante. As complicações, acrescenta García-Salido, se dão nos menores, nos mais idosos e nos pacientes com enfermidades ou situações de debilidades prévias.
O alerta se torna vermelho quando as infecções se dão por um novo vírus antes não descrito em humanos. Edwin Silva Monsalve, médico infectologista de Bogotá, e parte da ciência aberta na América Latina, disse em sua conta no Twitter que esta é a “terceira vez que um vírus zoonotico (de origem animal não humano), cruzou a barreira de especies”. Os outros dois foram a gripe aviaria e a suína.
As situações de gravidade e mortes se produzem em sua maioria em populações de risco. O resto, diz García-Salido, deve confiar no sistema imunológico, que saberá como tratá-lo.
Os pacientes se hospitalizam para frear a propagação de um vírus que não se conhece bem.
Por isso as agências de saúde como a OMS e o CDC dos Estados Unidos tomam medidas. Já se sabe que é um vírus de origem animal o que causa o surto e como se transmite. Agora se deve conte-lo e evitar que ele se expanda. É apenas lógico e não deveria alarmar a população. Na Colômbia a entidade encarregada pela prevenção é o Ministério de Saúde e Proteção Social. Na quarta-feira (29/1), Sandra Girón Vargas, diretora de epidemiologia e demografia dessa instituição, disse em entrevista coletiva que, até agora, as medidas são as mesmas que para a Infecção Respiratória Aguda (Ver as Recomendações, abaixo).
Esta situação já foi vivida antes, diz o doutor Díaz, e aprendeu-se bastante. No passado, ao apresentar-se outras epidemias similares, muitos queriam ajudar e não sabiam como. Agora se sabe que os planos de preparação iniciados em 2003 frente à gripe aviária tem sido de grande utilidade: tomamos consciência da importância dos programas de vigilância (um tipo especial de protocolo em que se controlam diversos parâmetros de maneira sistemática, periódica e oportuna) e foram estabelecidas normas para os alarmes e medidas de controle. Também, agora se sabe que há uma necessidade de controlar as epidemias da gripe animal e que não existem grupos de idade não sensíveis aos novos vírus gripais.
A diferença contemporânea é o fluxo de informação que fascina os científicos. A ciência cada vez mais colaborativa e menos individualista está gerando um grande banco de dados sobre o comportamento do coronavírus e de seu possível tratamento. Em um mês já se tem publicações científicas arbitradas que revisam assuntos clínicos, diagnósticos, possíveis tratamentos e número de contágios estimados por pacientes (dois a quatro).
Assim, se o vírus chegar à Colômbia [ou ao Brasil], mantenha a calma. As entidades encarregadas, o Ministério da Saúde, a Aerocivil, Migração da Colômbia e, inclusive, as mesmas companhias aéreas já estão preparadas para reagir ante a aparição deste vírus. Você tem sua cota na prevenção com atos tão simples como lavar as mãos constantemente. Consultar um especialista e informar-se bem antes de entrar em pânico também é uma boa estrategia.

Cronologia dos Vírus mais Mortais do Século XXI
— Zika: Em 2007 houve uma grande epidemia na Micronésia, onde cerca de 75% da população resultou infectada. Brasil informou sobre casos locais em maio de 2015. Se estendeu depois a outros 22 países.
— Ebola: Essa febre hemorrágica com uma alta taxa de mortalidade se produziu em 2013 na Guiné e logo se propagou a países vizinhos: Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal, entre outros.
— SRAS: A Síndrome Respiratório Aguda Grave (SRAS) apareceu em Cantão, China, em 2002. Se contagiaram 8.000 pessoas, e mais de 800 faleceram em 37 países. É similar ao coronavírus de Wuhan.
— Gripe aviária:  Os tipos mais conhecidos de gripe aviaria são o H5N1 e o H7N9. O primeiro caso em humanos do vírus H5N1 se deu em Hong Kong em 1997. Entre 2003 e 2014 houve 700 contágios e morreram 400 pessoas.
— Gripe suína: Em 2009, uma cepa chamada H1N1 ou também gripe suína, originou uma pandemia. Morreram mais de 18.000 personas. O surto se propagou por mais de 20 países, sobretudo no sudeste asiático.
— Coronavirus 2019-nCoV: Este novo vírus apareceu na cidade chinesa de Wuha. Se transmite de pessoa a pessoa e pode ser contraído ao comer carne animal pouco cosida. Os sintomas são similares aos de uma gripe.

Glossário
 Epidemia: Detecção de um aumento no número de casos acima do esperado, o que dá uma ideia da propagação de uma doença, mas não o quão patogênica é.
— Pandemia: Quando um novo vírus se espalha pelo mundo e a maioria das pessoas não tem imunidade contra ele. Casos indígenas devem ocorrer.
— Vírus: Não há consenso sobre se estão vivos ou não. Eles estão alojados dentro de uma célula de outra criatura. Instalados, eles começam a fazer cópias deles mesmos.
— Coronavírus: Extensa família de vírus, alguns dos quais podem ser a causa de várias doenças humanas, desde o resfriado comum até a SRA.

Recomendações
Para evitar contágios:
 Lave as mãos. Esta é a medida mais simples e eficaz de proteção contra infecções.
— Se você tossir e não tiver um lenço de papel, faça-o no cotovelo. Infecções se espalham por curtas distâncias.
 Fique em casa se estiver doente. Esteja ciente de quão importante é evitar o contágio.
Fonte:  tradução livre de El Colombiano
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