quinta-feira, 15 de março de 2018

Como Pensar Como um Analista de Inteligência - Parte 2

Na publicação anterior sobre como pensar como um analista de Inteligência,
exploramos modelos mentais e como eles influem nosso julgamento.
Nesta publicação, analisamos como estruturar o pensamento crítico e as verificações para evitar as armadilhas dos modelos mentais.
Para resumir a última publicação, quando confrontados com hipóteses concorrentes, tendemos a confirmar o ponto de vista que intuitivamente pensamos ser correto, então procuramos evidências para apoiá-lo. À medida que a evidência se acumula, ficamos ainda mais convencidos de que estamos certos e mais resistentes a evidências que sugerem que estamos errados.
Essa dinâmica mental, quando acontece no nosso dia-a-dia, pode levar a julgamentos ruins. Quando acontece no contexto da análise de Inteligência, pode ter repercussões globais.
O antídoto é um pensamento crítico estruturado. A Comunidade de Inteligencia dos EUA oferece treinamento extensivo aos analistas de Inteligência para ajudá-los a melhorar o desempenho. Se você está interessado em uma carreira em análise de Inteligência, ou mesmo se você quiser melhorar suas habilidades de pensamento crítico, aqui estão alguns detalhes sobre uma abordagem altamente eficaz.
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Análise de Hipóteses concorrentes
Richards J. Heuer, autor de "Psychology of Intelligence Analysis", oferece um modelo de oito partes que ajuda os analistas a estruturar suas análises. Heuer o chama Análise de Hipóteses Concorrentes:
1 - Identifique hipóteses concorrentes - muitas delas. Ao tentar identificar a explicação mais provável, ou resultado de uma situação, uma das etapas mais importantes é a primeira. Você nunca identificará uma hipótese correta se essa hipótese nunca for elaborada. Os analistas de inteligência são incentivados a envolver muitos analistas com origens e perspectivas diferentes no desenvolvimento de hipóteses, o que equivale a uma sessão de brainstorm dirigida.
2 - Faça uma lista de evidências significativas a serem consideradas. Estes são os fatos do caso, além de seus pressupostos e deduções lógicas. Tenha cuidado para não buscar provas apenas para provar sua teoria favorita. Quando você tem uma lista, faça uma pergunta adicional: se uma hipótese fosse verdadeira ou falsa, que evidências eu esperaria ver? Essa pergunta abre sua mente para informações e provas adicionais. Também é importante notar a ausência de evidências, o que em si pode ser evidência.
3 - Identifique se a evidência é consistente ou inconsistente com cada hipótese. É aqui que perguntamos se cada evidência é relevante para uma hipótese, seja de apoio ou refutação. Evidências consistentes têm uma influência na hipótese. A evidência inconsistente não. É útil neste momento criar uma matriz com evidência na coluna do lado esquerdo e hipóteses na linha superior. Marque em cada célula se a evidência é consistente ou inconsistente. Considere uma evidência contra cada hipótese antes de passar para a próxima evidência. 


4 - Refine a matriz e reconsidere as hipóteses. Depois de dar uma boa olhada em como a evidência se relaciona com as hipóteses, você precisa refinar a matriz? Revisar uma hipótese? Se temos evidências listadas que são inconsistentes com todas as hipóteses, elas podem ser excluídas porque não acrescentam nenhum valor de diagnóstico à pesquisa.
5 - Elabore conclusões sobre a probabilidade de cada hipótese. Agora avaliamos cada hipótese de acordo com a evidência, trabalhando em cada coluna de hipóteses. A parte contra-intuitiva deste passo é: em vez de trabalhar para provar as hipóteses, trabalhe para refutá-las. Na maioria dos casos, a hipótese favorita será aquela com menos evidência contra ela, e não a que tenha mais provas disso.
6 - Analise o quão sensível são suas conclusões baseadas em algumas peças de evidência crítica. Agora vem o teste ácido. Alguma das suas hipóteses favoritas é fortemente dependente de algumas provas críticas? Em caso afirmativo, o que acontece com a hipótese se a evidência for errada, enganosa ou sujeita a interpretação? Os atores adversos podem produzir deliberadamente informações enganosas para os Analistas usarem. Existe um motivo, oportunidade e benefício para um ator adverso plantar informações falsas?
7 - Informe as conclusões, destacando a probabilidade de cada uma. Analistas de inteligência relatam os seus resultados para os decisores políticos. É importante comunicar que a precisão das analises podem não ser totais. Elas possuem diferentes graus de probabilidades, e essas probabilidades devem ser especificadas.
8 - Identifique marcos para futuras observações. Nenhum julgamento pode ser considerado final. As circunstâncias mudam. Novas informações estão permanentemente disponíveis. À medida que a análise termina, é fundamental indicar quais evidências devem ter sua evolução acompanhadas no futuro. Pergunte a si mesmo, que mudança de evidência faria com que você alterasse seu julgamento? 
Ao analisar os problemas de acordo com a estrutura acima, você estará dando o primeiro passo para superar os problemas dos modelos mentais. Você estará adquirindo habilidades de pensamento crítico que levarão aos resultados mais plausíveis. E você estará no caminho para pensar como um  Analista de Inteligência.
Fonte: tradução livre de Intelligence Community

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