segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O Shortinho, o Cunha e a Camille Paglia

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por Izaura Franqui da Silva
Nos últimos dias temos tido a oportunidade de acompanhar fatos que são representativos da nossa sociedade: as notícias sobre corrupção, a criminalidade crescente e a foto de belos adolescentes sendo recepcionados em sua volta às aulas, em um ambiente que parece uma festa, com banho de espuma e meninas vestidas com pequenos shorts. Nos dias subsequentes sobrevém a polêmica: as estudantes, e vários de seus pais, protestando contra as medidas tomadas pela escola de proibir roupas muito curtas no ambiente escolar. A questão que se impõe é entender que tais aspectos, por impactante que possa parecer, podem estar estreitamente relacionados.
Nossa prática profissional tem permitido constatar a assustadora e prevalente dificuldade atual da família e demais instituições formadoras em estabelecer limites, claros e bem fundamentados, para nossas crianças e adolescentes, parecendo mais fácil gratificá-las para que não "incomodem". Sobre isso, um célebre pensador em saúde mental ressaltou que amar e frustrar uma criança deve ser como colocar água em uma planta: os dois não podem faltar nem ser excessivos, pois em ambos os casos a planta não cresce, ou mesmo chega a morrer.
O que constatamos é uma sociedade refém da criança, do belo e do pagante. A criança com direitos ilimitados, o belo como um padrão discriminatório e o pagante com todos os direitos e poderes que a criança e o belo possuem e muito, muito mais. O que isso poderá se relacionar com corrupção, com criminalidade? Infeliz e assustadoramente, existe muita relação, pois esses enormes problemas sociais refletem a falência das figuras paternas (de autoridade), o individualismo (meu desejo acima do desejo do outro), o narcisismo (o próprio desconhecimento do outro como um sujeito) e a atrofia de uma geração que entende que precisa ser gratificada sempre. Protestar é saudável na juventude, mas interessante refletir que até isso só ocorre quando se recebe limites.
E a Camille Paglia? A polêmica feminista, que discute se a mulher moderna, ao se expor em demasia não estaria presa, ainda, ao velho paradigma de ser somente um corpo. Mas isso é, como dizem os antigos, outro "angu de caroço".
Izaura Franqui da Silva é
psicoterapeuta e professora universitária
Fonte:  Zero Hora
COMENTO: não entendi a referência ao Cunha, no título, mas não quis modificar o texto, por isso, nem comento!  Compartilho o comentário que explica o "movimento", coloca os devidos pingos nos ii e com o qual concordo ipsis litteris.
"Sobre o shortinho no Anchieta:
Minha filha, você está indo estudar, não está indo cavalgar num canavial de jeba. A escola é o lugar de absorver conhecimento para o seu futuro. E nessa escola há ar condicionado, material, bons professores, ou seja, o ambiente perfeito e bem caro pra que isso ocorra. Você só tem a obrigação de estudar e mais nada e chega na escola já no ar condicionado do carro do papai. Usar short é uma coisa e tanga jeans é outra. Além disso, queridinha, estudar no Anchieta e fazer parte de liderança de movimento do PSOL é bem a cara desse partidinho furreca. Já pesquei a politicagem da coisa pelo discurso vazio de sempre, com as palavras decoradas da cartilha vermelhinha. Sabe, querida, o mundo lá fora é diferente do que esses coletivos ensinam e diferente do Audi do papai; lá, te exigem conduta, pois há trajes adequados para cada ambiente. Assim como se você for empresária não chegará numa reunião com o mesmo short atolado no meio do rabo, você também não vai pra escola porque não é o ambiente pra tal roupa. Deixe pra ir assim no shopping pegar os modinhas que você sustenta sem sua mãe saber. Além disso, você deveria saber que se seu colégio é uma instituição privada, eles fazem o regimento que quiserem. Agradeça de não ter de ir de saia plissada e gravatinha de Rebeldes. Se quiser usar uma roupinha que atravesse seu útero, seja bem vinda à escola pública, onde o pessoal faz jus à realidade e à justiça que tu pregas. Mas não torra, caralho. Vai estudar."

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