sexta-feira, 1 de março de 2013

Vítimas do Terrorismo - Marços


Neste março de 2013, reverenciamos a todos os que, em marços passados, tombaram pela fúria política de terroristas. Os seus algozes atualmente procuram justificar-se sob a mentira de que combatiam uma ditadura militar quando, na verdade, queriam implantar uma ditadura comunista em nosso país.
A lembrança deles não nos motiva ao ódio e nem mesmo à contestação aos homens e agremiações alçados ao poder em decorrência de um processo político legítimo. Move-nos, verdadeiramente, o desejo de que a sociedade brasileira lhes faça justiça e resgate aos seus familiares a certeza de que não foram cidadãos de segunda classe, por terem perdido a vida no confronto do qual os seus verdugos, embora derrotados, exibem, na prática, os galardões de uma vitória bastarda, urdida por um revanchismo odioso.
A esses heróis o reconhecimento da Democracia e a garantia da nossa permanente vigilância, para que o sacrifício de suas vidas não tenha sido em vão.

27/03/65 – CARLOS ARGEMIRO CAMARGO (Sargento do Exército – Paraná)
Morto em combate contra um grupo guerrilheiro comandado por Jeferson Cardin de Alencar Osório, em Leônidas Marques, PR.

31/03/69 – MANOEL DA SILVA DUTRA (Comerciante – Rio de Janeiro)
Morto durante assalto ao Banco Andrade Arnaud, na rua Visconde da Gávea 92.  Participaram deste assalto Carlos Minc  Banfeld Fausto Machado Freire  e outros da organização VAR-Palmares.

11/03/70 – NEWTON DE OLIVEIRA NASCIMENTO (Soldado PM – Rio de Janeiro)
No dia 11/03/70, os militantes do grupo tático armado da ALN, Mário de Souza Prata, Rômulo Noronha de Albuquerque e Jorge Raimundo Júnior deslocavam-se num carro Corcel azul, roubado, dirigido pelo último, quando foram interceptados no bairro de Laranjeiras- RJ, por uma patrulha da PM. Suspeitando do motorista, pela pouca idade que aparentava, e verificando que Jorge Raimundo não portava habilitação, os policiais ordenaram-lhe que entrasse no veículo policial, junto com Rômulo Noronha Albuquerque, enquanto Mauro de Souza Prata, acompanhado de um dos soldados, iria dirigindo o Corcel até a delegacia mais próxima. Aproveitando-se do descuido dos policiais, que não revistaram os detidos, Mário, ao manobrar o veículo para colocá-lo à frente da viatura policial, sacou de uma arma e atirou, matando com um tiro na testa o soldado da PM Newton Oliveira Nascimento, que o escoltava no carro roubado. O soldado Newton deixou a viúva dona Luci e órfãs duas filhas menores de quatro e dois anos.
                    
31/03/70 – JOAQUIM MELO (Investigador de Polícia – Pernambuco)
Morto por terroristas durante ação contra um "aparelho".

08/03/71 – DJALMA PELUCCI BATISTA (Soldado PM – Rio de Janeiro)
Morto por terroristas, durante assalto ao Banco do Estado do Rio de Janeiro.

24/03/71 – MATEUS LEVINO DOS SANTOS (Tenente da FAB – Pernambuco)
O PCBR necessitava roubar um carro para participar do seqüestro do cônsul norte-americano, em Recife.
No dia 26/06/70, três militantes do PCBR desceram do carro dirigido por Nancy Mangabeira Unger: Carlos Alberto Soares Rodrigues de Sousa, José Gersino Saraiva Maia e Luiz "Jacaré", (até hoje não identificado) para roubar um volks, estacionado em Jaboatão, na Grande Recife, nas proximidades do Hospital da Aeronáutica. Ao abordarem o motorista, o Tenente Mateus Levino dos Santos, da Aeronáutica, este foi ferido gravemente por Carlos Alberto, com um tiro na cabeça e outro no pescoço.
O Tenente Mateus Levino dos Santos, após nove meses de impressionante sofrimento, veio a falecer em 24/03/71, deixando viúva e duas filhas menores. O imprevisto levou o PCBR a desistir do seqüestro. Nancy Mangabeira Unger, banida em 13/01/71, em troca da vida do embaixador suíço, era filha de pai americano e sua mãe, brasileira, era filha de Otávio Mangabeira.
Por ironia, o próprio consulado americano, sem saber do planejamento do seqüestro de seu cônsul, correu em defesa de Nancyalegando a dupla nacionalidade dela, brasileira e norte-americana.
Nancy, atualmente, é professora de Filosofia da Universidade Federal da Bahia.

06/03/72 – WALTER CÉSAR GALETTI (Comerciante – São Paulo)
Terroristas da ALN assaltaram a firma F. Monteiro S/A. Após o assalto fecharam a loja, fizeram um discurso subversivo, assassinaram o gerente, Walter César Galetti, e feriram o subgerente Maurílio Ramalho e o despachante Rosalindo Fernandes.

12/03/72 – MANOEL DOS SANTOS (Guarda de segurança – São Paulo)
Morto durante assalto terrorista à fábrica de bebidas Charel Ltda.

12/03/72 – ANÍBAL FIGUEIREDO DE ALBUQUERQUE (Coronel R1 do Exército – São Paulo)
Morto durante assalto à fábrica de bebidas Charel Ltda., da qual era um dos proprietários.

12/03/73 – PEDRO MINEIRO (Capataz da Fazenda Capingo – Para)
"Justiçado" por terroristas na Guerrilha do Araguaia.

Os mortos acima relacionados não dão nomes a logradouros públicos, nem seus parentes receberam indenizações, mas os responsáveis diretos ou indiretos por suas mortes dão nome à escolas, ruas, estradas e suas famílias receberam vultosas indenizações, pagas com o nosso dinheiro.
Texto adaptado de:  A Verdade Sufocada
COMENTO: por uma questão de justiça, tenho lembrado aqui alguns membros de organizações terroristas que foram "justiçados" por seus companheiros de luta. Assim, reproduzo um desses "justiçamentos", ocorrido em março de 1971, conforme relatado no Projeto Orvil, denominado pela imprensa como o livro secreto do CIE. De suas páginas XXIV a XXVIII do Primeiro Volume, extraí:
"A manhã de 23 de março de 1971 encontrou o jovem advogado de 26 anos, Sérgio Moura Barbosa, escrevendo uma carta em seu quarto de pensão no bairro de Indianópolis, na capital de São Paulo.......
Três frases foram colocadas em destaque na primeira folha da carta: “A Revolução não tem prazo e nem pressa”; “Não pedimos licença a ninguém para praticar atos revolucionários”; e “Não devemos ter medo de errar. É preferível errar fazendo do que nada fazer”. Em torno de cada frase, todas de Carlos Marighela, o jovem tecia ilações próprias, tiradas de sua experiência revolucionária como ativo militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).
Ao mesmo tempo, lembrava-se das profundas transformações que ocorreram em sua vida e em seu pensamento, desde 1967, quando era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e estudante de Sociologia Política da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Pensava casar-se com Maria Inês e já estava iniciando a montagem de um apartamento na Rua da Consolação.   .......
Lembrava-se de sua prisão, em fins de julho de 1968, quando fora denunciado por estar pretendendo realizar um curso de guerrilha em Cuba. Conseguindo esconder suas ligações com a ALN, em poucos dias foi liberado. Lembrava-se, também, da sua primeira tentativa para ir a Havana, através de Roma, quando foi detido, em 16 de agosto de 1968, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Conduzido à Polícia do Exército, foi liberado três dias depois. Finalmente, conseguindo o seu intento, permaneceu quase dois anos em Cuba, usando o codinome de “Carlos”. Aprendeu a lidar com armamentos e explosivos, a executar sabotagens, a realizar assaltos e familiarizou-se com as técnicas de guerrilha urbana e rural. Em junho de 1970, voltou ao Brasil, retomando suas ligações com a ALN.
Em face de sua inteligência aguda e dos conhecimentos que trazia de Cuba, rapidamente ascendeu na hierarquia da ALN, passando a trabalhar a nível de sua Coordenação Nacional. Foi quando, em 23 de outubro de 1970, um segundo golpe atingiu duramente a ALN, com a morte de seu líder Joaquim Câmara Ferreira, o “Velho” ou “Toledo”, quase um ano após a morte de Marighela (em novembro de 1969). Lembrava-se que, durante 4 meses, ficou sem ligações com a organização.  ....
Não sabia o jovem que a ALN suspeitava de que houvesse traído o “Velho”. ... Foi, então, integrado a um “Grupo de Fogo” da ALN em São Paulo, no qual participara de diversos assaltos, até aquela manhã.   ....   a ALN estava considerando seu trabalho, no “Grupo de Fogo”, como desgastante e “ainda somado à vacilação diante do inimigo”.
Ao final, assinava “Vicente”, o codinome que havia passado a usar depois de seu regresso de Cuba.
Terminada a redação, pegou o seu revólver calibre 38 e uma lata cheia de balas e um pavio a guisa de bomba caseira e saiu para “cobrir um ponto” com um militante da ALN. Não sabia que seria traído. Não sabia, inclusive, que o descontentamento da ALN era tanto que ele já havia sido submetido, e condenado, a um “Tribunal Revolucionário”.

No final da tarde, circulava, procedendo às costumeiras evasivas, pelas ruas do Jardim Europa, tradicional bairro paulistano. Na altura do número 405 da Rua Caçapava, aproximou-se um Volkswagen grená, com dois ocupantes, que dispararam mais de 10 tiros de revólver .38 e pistola 9 mm. Um Gálaxie, com 3 elementos, dava cobertura à ação. Apesar da reação do jovem, que chegou a descarregar sua arma, foi atingido por 8 disparos. Morto na calçada, seus olhos abertos pareciam traduzir a surpresa de ter reconhecido seus assassinos. Da ação faziam parte seus companheiros da direção nacional da organização subversiva Yuri Xavier Pereira e Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz (“Clemente”), este último o autor dos disparos fatais
Ao lado do corpo, foram jogados panfletos, nos quais a ALN assumia a autoria do “justiçamento”. São sugestivos os seguintes trechos desse “Comunicado”:
“"A Ação Libertadora Nacional (ALN) executou, dia 23 de março de 1971, Márcio Leite Toledo.
Esta execução teve o fim de resguardar a organização.  ...   Uma organização revolucionária, em guerra declarada, não pode permitir a quem tenha uma série de informações como as que possuía, vacilações desta espécie, muito menos uma defecção deste grau em suas fileiras.   ...   Tolerância e conciliação tiveram funestas conseqüências na revolução brasileira.   Tempera-nos, saber compreender o momento que passa a guerra revolucionária e nossa responsabilidade diante dela é nossa palavra de ordem revolucionária.   Ao assumir responsabilidade na organização cada quadro deve analisar sua capacidade e seu preparo. Depois disto não se permitem recuos.  ...  A revolução não admitirá recuos!”"
O jovem não era “advogado” e nem se chamava “Sérgio Moura Barbosa”, “Carlos” ou “Vicente”. Seu nome verdadeiro era Márcio Leite Toledo."

Márcio Leite Toledo é nome de rua em Osasco/SP, sua família ainda não recebeu qualquer indenização por sua morte. Um bom artigo sobre seu assassino foi escrito por Augusto Nunes.
Outro assassinato ocorrido entre as hostes revolucionárias foi a morte do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, em 27 Mar 68, atribuída à Polícia Militar de São Paulo.
A verdade, no entanto, é bem diferente, como escreveu o historiador Carlos Ilich Santos Azambuja no texto "A parcialidade escancarada", em que faz críticas à tetralogia de Elio “Parmegiani” Gaspari: “Em seu livro, narra em detalhes a morte do estudante Edson Luiz, no restaurante do Calabouço, ocorrida em 27 de março de 1964. Detalhes tão precisos como se ele estivesse lá, assistindo a tudo. Não estava. Tanto não estava que escreveu que o fato ocorreu ‘a três quarteirões do hospital da Santa Casa’. Outra inverdade. Do restaurante ao hospital bastava atravessar a rua Santa Luzia. Eu estava lá e vi. No entanto, na Faculdade Nacional de Filosofia, Rio de Janeiro, de onde era aluno, narra a morte, a tiro de revólver disparado por um seu colega, de um estudante da mesma Faculdade. E só. Por que Gaspari, um historiador, evita dizer o nome desse seu colega, de Faculdade e de partido, que disparou a arma? Esse é um segredo de polichinelo, embora jamais o autor da morte tenha sido processado por esse crime. Seu nome? Apenas as iniciais, pois não desejo prejudicá-lo, onde quer que esteja. Assim, aquilo que ele julga que ninguém sabe, ele vai saber que eu sei: ACFPP”.  Posteriormente, em 22/11/2012, por meio de e-mail, Azambuja confidenciou a Félix Maier: “O nome do cara do qual eu escrevi apenas as iniciais é ANTONIO CARLOS FARIA PINTO PEIXOTO, na época militante do PCB. Faleceu em 15 de Julho de 2012”.

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