por Nelson Charret Corrêa
Não se pode relembrar fatos passados sem, antes, recriar os CENÁRIOS que os produziram. É por isso que assim se investigam os crimes — daí o grande sucesso da série CSI (investigação do cenário do crime).
No final dos anos sessenta e início dos setenta, havia grande incerteza quanto ao futuro, devido a algumas perguntas que não se sabia como responder com segurança naqueles dias e que muito incomodavam os cidadãos brasileiros. A impossibilidade de se responder a essas perguntas, que serão especificadas mais adiante, satisfatoriamente, criaram um cenário que dificilmente pode ser compreendido pelos que se alimentam tão somente de notícias da mídia atual, controlada pelos interesses vitais deste mundo.
É imperioso recriar cenários para compreender-se ou julgar-se qualquer fato passado. Aqueles tempos eram marcados por tenebroso embate entre duas superpotências que se digladiavam e tinham o poder de tornar o planeta inabitável pela ameaça quotidiana de guerra nuclear ilimitada.
A Terceira Internacional Comunista intentava mudar o mapa do mundo, que, pouco a pouco, ia se transformando e caindo sob o jugo da ditadura soviética que ceifou a vida de mais de cem milhões de seres humanos. Ambos os partidos em luta financiavam ações destinadas a lhes favorecerem.
Hoje, é fácil saber que o número e os recursos daqueles que desejavam substituir Deus pelo Estado não justificava a magnitude da reação militar contra os que adotaram o terrorismo em sua tentativa frustrada de aqui estabelecerem mais uma ditadura do proletariado.
Todavia, naqueles dias, quem seria capaz de responder com total segurança as perguntas a seguir relacionadas, considerando os métodos torpes empregados pelos terroristas, as mortes provocadas por bombas e ações armadas, os assaltos a bancos e até ao cofre do Ademar de Barros, os roubos de armas, os desembarques de armas no litoral, os justiçamentos, a extensão do território nacional e o possível apoio recebido pelos grupos armados dos albaneses, chineses e soviéticos, isso sem mencionar os cubanos?
Essas perguntas eram:
• Qual era o vulto daquelas organizações terroristas?
• Onde estavam baseadas?
• De que recursos dispunham?
• Qual era o seu armamento?
• Quais eram as suas linhas de suprimento?
• Quantos indivíduos encontravam-se em treinamento no exterior?
• Quais seriam as táticas e a estratégia a serem empregadas?
• Quantos políticos e funcionários do Estado estavam comprometidos com aquelas forças?
• Quantos agentes estrangeiros haviam se infiltrado no país?
Nossas Forças Armadas jamais seriam perdoadas pelo povo se subestimassem, como as de alguns países vizinhos, a estatura de poder dos que queriam submeter o país à tutela chinesa ou soviética. Assim, agiram com profissionalismo, adotando o método de planejamento militar que considera todas as possibilidades do inimigo ao invés do que leva em conta apenas as suas ações mais prováveis. Sabe-se que considerar apenas as ações mais prováveis do inimigo constitui um meio barato de conseguir-se a derrota. Foi por ter se preparado para oferecer combate a toda e qualquer ação possível de ser adotada pelos terroristas que a repressão teve sua magnitude aumentada. Esse foi também o segredo de seu sucesso. Não viramos uma Colômbia.
Hoje, o país poderia ser uma democracia. O governo militar anistiou os crimes dos dois partidos em luta. Construiu as bases para o nosso desenvolvimento. Seus presidentes (que nunca foram ditadores, pois ditadores somente caem pela morte) morreram pobres. Todavia, infelizmente, inconformados com a derrota de suas ideias errôneas, as nossas esquerdas mais uma vez erraram e submeteram-se aos poderes mundiais, transformando o comunismo no cumunismo... Hoje, vivemos sob um regime fascista, (cultua a personalidade e não o fato), oligárquico, disfarçado de democracia, que idolatra a corrupção e é por ela alimentado.
Nelson Charret Corrêa é Capitão de Mar e Guerra
e Aviador Naval, já reformado.
Fonte: Alerta Total
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