por Jorge Serrão
Feliz 2013, mas nada custa lembrar que 2012 ainda não terminou. Parece que estamos em uma máquina do tempo movida a vapor ou manivela, de tão lenta para realizar as mudanças urgentes no tempo certo. O mundo não acabou, nem deve acabar, porém teremos de segurar a onda de problemas gerados no passado e que vão comprometer nosso presente-futuro.
Onde estão as reformas política e tributária sempre prometidas e nunca cumpridas? Como ficou a redução de gastos desnecessários dos governos para que sobre dinheiro para investimentos que nos levarão ao crescimento real? A quantas anda a melhoria na área de ensino, para permitir que o Brasil seja, um dia, uma potência científica-tecnológica e com cidadãos bem capacitados para produzir e empreender?
Ok, tais perguntas se referem a respostas focadas em um Projeto para o Brasil. Pois bem, onde está tal Projeto? Quem terá a coragem, competência e oportunidade de concebê-lo para anteontem? A ressaca das megafestinhas de ano novo ainda persistem, mas a intenção de mudar o Brasil realmente para melhor fica sempre naquela promessa com jeito de jamais ser cumprida. Sofremos da tal doença do amanhã — um vírus da vanguarda do atraso que promete resolver tudo em um futuro que nunca chega de forma palpável.
Então vamos a questionamentos mais simples, do mundo político-jurídico-institucional brasileiro. Quando é que o tal julgamento da Ação Penal 470 vai realmente terminar? Mais precisamente: quando é que os semi-deuses togados proclamarão o tal do “transitado em julgado”? Melhor indagando: quando é que as penas dos condenados começam a ser efetivamente cumpridas, após esgotados todos os inúmeros recursos possíveis? Pergunto mais: quando o Supremo Tribunal Federal vai publicar no Diário Oficial o tal “acórdão” com as decisões dos ministros para que os advogados dos mensaleiros ainda possam recorrer?
É preciso fazer tantas perguntas diante do que se viu nas retrospectivas produzidas por nosso espetaculoso telejornalismo tupiniquim. O enredo principal da retrô da Globo bem que poderia ter sido exibida como um quadro do humorístico Zorra Total. Foi uma piada de péssimo gosto colocar os apresentadores dentro do prédio do velho Tribunal do Juri do Rio de Janeiro, para proclamar que o “o mensalão foi o julgamento do século”.
A verdade é concreta — como bem prega o alemão Goethe. O espetáculo teatral do mensalão ainda não puniu, efetivamente, nenhum dos atores. As penas de prisão que eles deverão cumprir, efetivamente, são pequenas diante do crime que cometeram. Além disso, a prisão deles nem tem data para ocorrer. Enquanto continuam soltos, em fevereiro, o ilustre condenado José Genoíno (que se proclama um injustiçado) vai tomar posse como deputado federal, assumindo a suplência do PT. Os demais continuam livres, leves e soltos como “consultores”.
Outra vigarice editorial: Por que a mídia abestada e amestrada pelas verbas oficiais ou das empresas amigas do Governo do Crime Organizado não fala mais sobre o Rosegate? Será que vai mesmo funcionar a operação abafa para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva seja poupado em mais um escândalo de corrupção que tem sua apadrinhada e melhor amiga Rosemary Nóvoa Noronha como uma das principais operadoras? Por que será que nem o batom na cueca serve de prova material no Brasil dos corruptos?
Enquanto 2012 não termina, 2013 deve começar muito esquisito na telinha. Breve, a Rede Globo vai exibir a mais cara produção da história do cinema brasileiro: “Lula, o Filho do Brasil”. Do ponto de vista estético e cinematográfico, o filme de Bruno Barreto é uma obra de grande qualidade, justificável pelos R$ 16 milhões torrados em sua concepção.
O lamentável é que, nas atuais circunstâncias, a veiculação do filme é mais uma tática de propaganda para preservar a imagem do grande líder — que entra em fase de desgaste pós-Rosegate. E, para piorar, comenta-se que a Globo receberá uma injeção de R$ 6 milhões para passar o filme. A “ajuda” seria uma forma de compensar eventuais perdas com patrocinadores que deixariam de anunciar durante a exibição do “épico petista”, para não ficar com a imagem atrelada ao governismo-partidarismo.
Pena que o Festival Nacional da Rede Globo não possa exibir outros filmes de sucesso, contando os escândalos do Rosegate, da Petrobrás, da Eletrobrás e alguns outros prestes a estourar no comecinho do ano que termina com a dezena 13.
Azar nosso ou deles? Eis a questão... Até que o segredo da cueca (ou da calcinha?) seja finalmente desvendado...
Fonte: Alerta Total
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