sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Exército de Ontem e o de Hoje

por Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Para alguns a indagação persiste: “O Exército de hoje é o mesmo de ontem”? Sim, afirmarão os que pesquisaram a fundo a História da Evolução desta impoluta Instituição.
Aqueles que esmiuçaram a evolução do Exército Brasileiro, criado oficialmente em 1824, sabem que nenhuma entidade nasce capaz de estabelecer parâmetros e princípios a serem seguidos pelos seus integrantes com uma simples canetada.
O respeito, a admiração, a credibilidade, o acatamento às normas regulamentares são frutos de algo muito mais perene do que a criação de normas e regulamentos.
Os militares de hoje, como os de ontem, possuem a mesma convicção, não importando quem esteja no momento à sua frente, pois como tantos, eles e elas serão passageiros.
O que importa, afirmam os militares de escol, é a Instituição que possui um lastro, que construiu uma identidade maior até do que a imagem de seus maiores próceres.
Não importa que na atualidade, a Instituição cumpra tarefas, pois será um crime designá-las de missões, das mais esdrúxulas; sendo algumas, deploráveis, e procure atendê–las, da melhor forma possível.
Uma portentosa imagem, cuja belíssima moldura poderá ser enxovalhada, enodoada, mas por pouco tempo; pois logo, mudam-se os pintores, os pichadores, e os novos idealistas surgirão, naturalmente, para promover a limpeza certa.
Portanto, ao sabermos que diversos militares, de todos os níveis hierárquicos estão abandonando a carreira das armas, por falta de motivação, pelo salário miserável que recebem, ficamos tristes, mas esperançosos.
Pois a própria História nos ensina, que os desgovernos e chefes de agora serão figuras de triste memória, e farão parte da História do Exército Brasileiro, e os estudiosos e psicólogos sabem que a grandeza é fruto de bons e de maus momentos, e até os mais execráveis, conjuminam-se para forjar ainda mais a personalidade desta Instituição, que emergirá mais forte.
Sim, este é o mesmo Exército que em fins de 1866, após o fracasso aliado em Curupaiti, o Governo decidiu entregar a Caxias, em 19 de novembro, o comando das forças brasileiras em operações no Paraguai.
A Guerra entrara em período de estagnação. Caxias encontra a tropa em péssimas condições físicas e moralmente abatida, consumida pelas epidemias e pela carência em suprimentos básicos.
Os recrutas, com apenas três ou quatro meses de caserna, voluntários incorporados com dificuldade, formavam efetivos aquém do desejado e de precárias qualidades, pois os apelos do governo não tinham sensibilizado a mobilização popular necessária. Tal situação obrigou a incorporação de escravos, muitos selecionados por seus patrões por serem de má conduta, apresentados em troca de benesses ou dispensa de aparentados, contingentes que dificilmente poderiam tornar-se um exemplo de disciplina.
O Exército Brasileiro não apresentava as condições materiais e morais necessárias para empreender as operações exigidas para enfrentar um inimigo determinado, que ocupava posições vantajosas.
Após um período de reajustamento do dispositivo, reorganizadas e aprovisionadas as forças, bem como elaborados novos planos, é retomado o movimento ofensivo em julho de 1867: era a fase da Tomada de Humaitá à conquista de Assunção.
Assim, depois de prolongado período de paralisação, assume Caxias, reestruturando e recompondo o sistema militar, num grande esforço para refazer a capacidade combativa imprescindível para a conquista de Curupaiti e de Humaitá, principal reduto do sistema defensivo inimigo, e que detivera os aliados por cerca de dois anos.
A Tomada de Humaitá se concretiza em 25 de julho de 1868 e anima as forças para novas conquistas.
O resto, todos sabem, é uma Instituição com uma capacidade incrível de reerguer-se e de seguir em frente, como ocorreu com a gloriosa Força Expedicionária Brasileira, nos campos gelados da Itália, na II Guerra Mundial.
Em suma, é o mesmo Exército. Embora, surjam hoje os apelidos de “novo Exército”, de “novos enfoques”, de “novos pensamentos”, de “novos...”.
Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Presidente do Ternuma,
 é General de Brigada na Reserva.
Fonte:  Ternuma
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