por Felipe Melo
Entre os dias 14 e 23 de abril, ocorre em Brasília a 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura. A organização é do governo do Distrito Federal, através da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação.
De acordo com o site do evento, a bienal oferece intensa programação cultural desenvolvida para despertar o gosto pela leitura nos 500 mil visitantes, entre crianças, jovens e adultos. Serão 200 livros lançados, 20 filmes exibidos, 10 seminários, 3 exposições de artes visuais, 20 mil cartões para professores, 2 homenagens a escritores, 17 show musicais, 20 apresentações teatrais, 20 contações de histórias, além de recitais e palestras.
De acordo com o site do evento, a bienal oferece intensa programação cultural desenvolvida para despertar o gosto pela leitura nos 500 mil visitantes, entre crianças, jovens e adultos. Serão 200 livros lançados, 20 filmes exibidos, 10 seminários, 3 exposições de artes visuais, 20 mil cartões para professores, 2 homenagens a escritores, 17 show musicais, 20 apresentações teatrais, 20 contações de histórias, além de recitais e palestras.
Tudo em um espaço de 14.000 m² de área coberta que abrigará ainda 200 estandes. O evento se configura, portanto, como o maior acontecimento cultural de Brasília para 2012.
Ontem, recebi um jornalzinho sobre o evento e, por curiosidade, decidi entrar no site da 1ª BBLL para ver do que se tratava. De fato, será um evento de grande porte, com uma tremenda estrutura e diversas atrações. À primeira vista, é de se admirar que Brasília terá, finalmente, um evento literário de grande porte. No entanto, essa admiração inicial logo se dissipou. Por quê? Reproduzirei alguns trechos de mensagens do site oficial do evento para ilustrar melhor (os grifos em vermelho são por minha conta).
FUNDAMENTALISMO E CONFLITOS POLÍTICOS
O Seminário Krisis, que acontece de 18 a 21 de abril, no Auditório Nelson Rodrigues do Pavilhão da Bienal, trará a Brasília nomes de ponta para o debate de temas como Ideologia, Religião, Meio Ambiente e Economia. O seminário começa com “Fé, fanatismo e conflitos políticos no mundo atual”, tendo como convidados o brasileiro Leonardo Boff e o paquistanês Tariq Ali, com mediação do secretário de Cultura do DF, Hamilton Pereira. Ficará a cargo do teólogo e professor Leonardo Boff uma abordagem mais espiritualizada do tema, enquanto Tariq Ali deverá lançar seu olhar crítico à realidade política internacional. [...]
Seminário Krisis traz autores importantes para discutir temas como fé, ideologias, meio ambiente e literatura brasileira
Autores de vários continentes estarão reunidos em Brasília, durante a 1ª BIENAL BRASIL DO LIVRO E DA LEITURA, para o Seminário Krisis. Durante quatro dias, eles irão discutir literatura e contemporaneidade, no Auditório Nelson Rodrigues, no pavilhão da Bienal. O seminário reunirá autores, ativistas, filósofos, políticos, para debater sobre temas que vão de fanatismo ao fim das utopias. Em cada mesa, nomes que estão entre os mais destacados de suas áreas no mundo. O Seminário Krisis acontece sempre de 20h às 22h, nos dias 18, 19, 20 e 23 de abril. A entrada é franca.
O programa começa com o debate Religião – Fé, fanatismo e conflitos políticos no mundo atual, contando com a presença do escritor paquistanês Tariq Ali, um ativista ferrenho contra a guerra, crítico da economia de mercado, com mediação do Secretário de Cultura do DF, o escritor Hamilton Pereira. No dia seguinte, 19 de abril, o tema será Meio Ambiente – A idade dos limites: o mundo em busca de uma nova relação com a natureza. Na mesa, grandes nomes como a indiana Vandana Shiva, física e ativista ambiental, o inglês John Gray, um dos pensadores mais originais da atualidade, e o brasileiro Cid Tomanik Pompeu, um especialista no campo das águas.
A noite de sexta-feira terá o debate sobre Ideologias – O fim das utopias e a ditadura do mercado, contando com a participação de John Gray, do filósofo brasileiro Vladimir Safatle, do ex-ministro José Dirceu e mediação do jornalista Paulo Henrique Amorim.
No sábado, dia 21, a discussão será sobre Economia: A terra treme: grandes mudanças e perspectivas na economia mundial, com a participação de Luiz Gonzaga Belluzzo e Luís Nassif e mediação do professor David Fleischer, da Universidade de Brasília.
E o último encontro, na segunda-feira, dia 23, o debate sobre Literatura Brasileira – A era de ouro e a produção atual vai reunir os autores Silviano Santiago, Mário Prata e Alcione Araújo, com mediação do jornalista e escritor Luiz Fernando Emediato, coordenador literário da I BIENAL BRASIL DO LIVRO E DA LEITURA.
Conseguem ver porque eu fiquei decepcionado? Explico: todo o evento tem como objetivo ser um mega encontro de personalidades da esquerda, e não um evento literário sério. Todos, absolutamente todos os convidados são marxistas e possuem algum vínculo com o Partido dos Trabalhadores, que está tanto à frente do governo federal quanto do GDF. Para aqueles que não conhecem alguns desses convidados, farei um breve resumo abaixo.
Tariq Ali é um escritor paquistanês radicado em Londres. Foi o primeiro paquistanês a presidir o diretório dos estudantes da Universidade de Oxford. Era amigo pessoal de Malcolm X, o líder negro islâmico que serviu de inspiração para o grupo terrorista Panteras Negras.
Leonardo Boff era membro da Ordem dos Franciscanos e é o papa brasileiro da Teologia da Libertação -- uma concepção marxista do cristianismo. Considera-se católico, apesar de ser a abortista e entusiasta da narcoguerrilha FARC, e é um dos defensores do ecossocialismo (!).
Luís Nassif é um daqueles clássicos jornalistas chapa-branca que simplesmente não conseguiria sobreviver sem financiamento governamental. Petista desde criancinha, apresenta um programa na emissora estatal TV Brasil e tem um blog. Vive denunciando o PIG (Partido da Imprensa Golpista) mas não fala nada dos JEGs (Jornalistas Empregados do Governo).
Paulo Henrique Amorim, amigão do Nassif, é atualmente jornalista da Rede Record (do Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus) e possui um blog que, como no caso do Nassif, também não conseguiria sobreviver sem um bocadinho de verba pública. Além disso, envolveu-se recentemente em uma polêmica racista com o jornalista Heraldo Pereira.
Vladimir Safatle (mais conhecido como Vladimir Lenin dos trópicos) é um clássico intelectual uspiano, cria da "filósofa" Marilena Chauí. É admirador da Escola de Frankfurt, Lacan, Foucault e outros pensadores pós-modernos (sic).
Vananda Shiva é uma importante ativista ecofeminista (seja lá o que isso for) indiana. Coordenava um grupo de ativismo ambiental feminista na Índia em que as integrantes amarravam-se a árvores para que não fossem derrubadas.
José Dirceu, como todos já conhecem, é aquele famoso "chefe de quadrilha" (nas palavras da Procuradoria Geral da República) do esquema conhecido como mensalão. Curiosamente, esse fato não é citado no site oficial da 1ª BBLL, que informa apenas que "foi deputado estadual constituinte por São Paulo, deputado federal e licenciou-se para assumir o cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, onde permaneceu até junho de 2005, quando deixou o Governo Federal."
Um dos coordenadores do evento é o jornalista Luiz Fernando Emediato. Emediato é amigo de Amaury Ribeiro Jr., que, segundo noticiado pela imprensa, armou um esquema de arapongagem para espionar lideranças do PSDB. Amaury Ribeiro Jr. lançou recentemente o livro "A Privataria Tucana", que foi lançado pela Geração Editorial, cujo dono é Luiz Fernando Emediato. Emediato também é amigo pessoal de Delúbio Soares, que, de acordo com a PGR, era um dos operadores do esquema do mensalão.
Uma das coisas mais asquerosa nisso tudo é que o evento será realizado com dinheiro público. O GDF e o governo federal estão investindo suas verbas - ou seja, nosso dinheiro que nos foi tirado através de um sem-número de impostos de toda sorte - para realizar um grande evento para a "cumpanherada". Somos nós que estamos financiando um evento de grande porte cujo objetivo será propalar o fim do capitalismo, a necessidade da revolução, o combate à burguesia, ao patriarcado, ao agronegócio e que tais.
E não são apenas os governos distrital e federal que estão diretamente metidos nessa: a Universidade de Brasília é uma das entidades que está co-patrocinando o evento. Não há dinheiro nem mecanismos eficientes para cobrir o rombo de quase R$ 80 milhões que a atual administração da UnB deixará nos cofres da universidade em 2012, muito menos para realizar as obras de estrutura necessárias para que alunos e professores possam estudar e trabalhar sem o risco imediato de morrer, mas há dinheiro suficiente para se patrocinar um evento claramente ideológico com verbas públicas.
Diante de tudo isso, meu caro leitor, eu lhe pergunto: como é que você se sente? Deixe seu desabafo abaixo, e, se possível, divulgue para todos qual está sendo o destino do dinheiro que nós pagamos ao governo todos os dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atravanca um palpite aqui: