quinta-feira, 29 de março de 2012

Cursando Faculdade Há 21 anos, Petista do Acre Vai Assumir Diretoria no MEC

por Altino Machado
O “professor” Irailton Lima de Sousa, diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento da Educação Profissional Dom Moacyr, do Acre, anunciou que vai assumir a Diretoria de Integração das Redes de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação.
Irailton Lima de Sousa: "Ninguém 
pode dizer que não tenho 
conhecimento"
Militante do PT e ex-candidato a vereador em Rio Branco, Irailton Sousa foi indicado para o cargo com aval do ex-governador do Acre, Binho Marques (PT), que atualmente é o titular da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino do MEC, além do aval do atual governador Tião Viana (PT).
Porém, Irailton Sousa, enfrenta dificuldade para apresentar o diploma de graduação em Ciências Sociais pela UFAC (Universidade Federal do Acre), exigido pelo MEC. Segundo a coordenação do curso de bacharelado em Ciências Sociais, Sousa iniciou o curso, pela primeira vez, em 1991.
 Os cargos no Ministério da Educação são de livre provimento. São cargos políticos. Não existe uma exigência legal para que tenha a formação  argumenta Sousa.
Consultada pelo Blog da Amazônia, a coordenadora do curso de bacharelado em Ciências Sociais, professora doutora Eurenice Oliveira de Lima, enviou a seguinte nota de esclarecimento:
1 - O referido aluno iniciou o curso, pela primeira vez, em 1991. Temendo um processo de jubilamento, prestou novamente vestibular e reiniciou o curso em 1998. Considerando todo o período, ele está há 21 anos no curso Ciências Sociais. Em 2004, este aluno não estava sequer cadastrado no Sistema de Informação do Ensino (SIE).
2 - Conforme o Histórico Escolar do aluno, disponível no sistema da UFAC, a carga horária cumprida por ele ao longo desses 21 anos foi de 2.070 horas, sendo que a carga horária exigida para concessão de diploma como Bacharel em Ciências Sociais é de 2.295 horas.
3 - Este aluno deveria ter sido jubilado em 2005. No entanto, em 2007, a Coordenação do Curso autorizou ao Núcleo de Registro e Controle Acadêmico da UFAC (NURCA) o recadastramento para que ele tivesse a oportunidade de defender sua monografia, o que foi feito em 2008, sob a orientação do Prof. Dr. Ermício Sena.
4 - De acordo com o Projeto Curricular Pedagógico do Curso de Ciências Sociais, o prazo de integralização é de sete anos. No entanto, o aluno em questão defendeu sua monografia sem integralização de créditos, dez anos depois de sua matrícula em 1998.
5 - Além disso, à época da defesa de sua monografia, o aluno devia outros créditos e também o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Estabelece o Ministério da Educação e Cultura (MEC) que o ENADE faz parte do componente curricular, de maneira que o seu descumprimento não permite colar grau ou obter diplomação. Isto posto, a declaração de conclusão do curso, que o aluno pleiteia junto a esta Coordenação, não tem validade legal.
6 - Outrossim, uma vez defendida a monografia, o mencionado aluno ingressou com uma solicitação de colação de grau especial, por meio da Vice-Reitoria, na pessoa do Prof. Dr. Pascoal Muniz, procedimento este totalmente inadequado. Pois o caminho correto é que esta solicitação seja feita diretamente na Coordenação do Curso, instância responsável por dar sequência aos procedimentos cabíveis, que se pauta pela normas vigentes na Instituição e sempre orientou os alunos sobre seus direitos e deveres.
7 - Como se vê, esta é a síntese da trajetória acadêmica apresentada pelo discente. Cabe a pergunta: este aluno tem autoridade para tecer críticas à UFAC e a seu corpo docente, que estão apenas cumprindo a legislação educacional em vigor? Entendo que este não é o melhor caminho para quem pretende cuidar do futuro de milhões de jovens brasileiros que aguardam ansiosamente as oportunidades do PRONATEC, programa em que o aluno parece pleitear um cargo de direção.
8 - Por fim, ressalto que a Coordenação do Curso de Bacharelado em Ciências Sociais está aberta e disponível a prestar quaisquer esclarecimentos sobre o caso, assim como as demais instâncias da UFAC, primando sempre pela transparência e rigor na administração pública.
Veja a íntegra da entrevista com Irailton Sousa clicando AQUI
COMENTO:  recomendo a leitura da entrevista completa com mais essa autoridade petista, mas não posso deixar de mostrar algumas pérolas ditas pelo "professor":
— " preciso deixar claro que minha opção por trabalhar em Brasília significará um sacrifício pessoal. Estou deixando um cargo de secretário de estado para ocupar um cargo de confiança numa cidade famosa pelo custo de vida elevado."
 "a gente se atém tanto ao trabalho que se descuida da vida pessoal. Lá atrás, logo depois da aprovação da monografia, não dei entrada para pegar a documentação. Quando foi agora, mesmo antes de surgir esse convite do MEC, finalmente dei entrada com o pedido de colação de grau especial. Para isso foi feito um levantamento e descobri um monte de pendências na Universidade Federal do Acre. Não por responsabilidade minha, mas porque a universidade perdeu meus documentos"
— "Não, não fiz. O que está por se resolver: Educação Física 2 e o Enade. A Educação Física 2, todas as vezes que fui fazer a matrícula, tinha passado do prazo. Quanto ao Enade, eu não sabia que tinha sido convocado para fazer o exame. Não recebi qualquer correspondência e por isso não fiquei sabendo que estava inscrito pra fazer o Enade."
 "Existe um modelo educativo, tradicional, que se baseia no que nós chamamos de modelo normativo, que é o seguinte: o professor deu todos os conteúdos, não importa se o aluno aprendeu ou não. Em tese ele está habilitado. Mas, na educação profissional, a gente trabalha com um modelo em que o fundamental não é cumprimento da norma, mas o desenvolvimento da competência."
Em um pais onde a Presidente ostentava em seu currículo Mestrado e Doutorado não concluídos, e onde o Ministro da Educação consegue plagiar a si mesmo para obter o título de Doutor, não me é estranha a tese da "educação profissional" defendida pelo 'professor acreano". Afinal, Calígula já pensava nisso ao nomear Incitatus, seu cavalo, senador do Império romano.

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