sábado, 8 de outubro de 2011

Vigarices Vermelhas — Indenizações Fraudulentas — Por Aqui Seria Diferente?

por Mariano De Vedia
La Nación
Entre tantos papéis, documentos, livros sobre os trágicos anos 70 e seu computador portátil, quase não há lugar para uma taça de café na mesa de trabalho do militar da Reserva José D'Angelo. Ali, na sala de um apartamento que aluga próximo ao Zoológico, ele revisa cada caso incluído no informe sobre vítimas da repressão ilegal elaborado em 2006 pela Secretaria de Direitos Humanos e que serve de base para o pagamento de indenizações pelas leis reparatórias.
"Já encontrei mais de 300 inconsistências severas", disse, dedicado à tarefa de comparar o documento oficial com investigações jornalísticas e bibliografia da época, incluídas revistas das próprias organizações guerrilheiras. Esses achados ampliam as suspeitas e as denuncias de falta de transparência do regime de ressarcimentos, que o Governo mantêm em estrito segredo, como publicou esta semana La Nación.
Como vários legisladores da oposição, D'Angelo reclama transparência em um tema sensível para os argentinos e, em curiosa sintonia com as reclamações das organizações defensoras dos direitos humanos, exige que "a verdade seja dita".
"Estamos frente a um governo que vem aumentando o orçamento da Secretaria de Direitos Humanos em uns 7.500% em oito anos [passou de $ 1.146.102 a 96.130.873]. Eu, com poucos recursos, encontrei mais de 300 contradições. O Estado poderia investigar melhor", afirmou o ex militar Carapintada, em uma entrevista à La Nación.
— ¿Como leva adiante a investigação? 
— Leio quase todos os livros de autores de esquerda e cotejo os relatos dos anos 70 com o informe de 2006. A lista original da CONADEP tinha 8.961 casos e há mais de 2.000 que não figuram no informe de 2006. Por exemplo, estava incluído como desaparecido Humberto Alfredo Meade, o atual juiz do caso Candela, em Morón. Assim, o número de casos, que devia diminuir para 6.900, subiu a 9.300, porque foram incorporados mais de 2.400, o que não está mal. O assunto é ver se esses casos se ajustam aos fundamentos que deram origem à CONADEP e às leis reparatórias.
— ¿Há erros graves? 
— Encontrei mais de 300 contradições severas. Um caso significativo é o de Hugo Irurzun que, segundo relato de Gorriarán Merlo, lançou o foguete que matou Somoza em Assunção, em 1980. Naquela mesma noite, a policia do Paraguay encontrou Irurzun e o matou. ¿Como aparece na lista oficial?: execução sumária. Foi morto pelo Estado argentino. Segundo o informe, alguém está habilitado a cobrar a indenização, que ronda os 220.000 dólares. Já foram pagos entre 1.700 milhões e 1.900 milhões de dólares.
— ¿Como se chega a essa cifra? 
— É uma estimativa, tendo em conta a quantidade de casos e segundo o tipo de cambio que se aplique. Se gastou muita verba. As denuncias pelos planos de habitação das Madres de Plaza de Mayo alcançam $750 milhões. Aqui estamos falando de 1.700 milhões de dólares.
— ¿Como defines a atual política de direitos humanos? 
— Absolutamente parcial. E como não se pode aplicar controles sobre a destinação desses importantes recursos, (defino) como um provável foco de corrupção, uma estafa moral que nós os argentinos não merecemos.
— ¿Sua visão pode ser considerada parcial? 
Se Montoneros se chamava Exército Montonero e o ERP era o Exército Revolucionário do Povo, estamos falando de uma guerra. Perón, após o assalto do ERP em Azul, mandou ao Congresso um projeto para modificar o Código Penal. Deputados da JP, a Tendência e Montoneros, entre eles Carlos Kunkel, se negaram a dar-lhe a possibilidade de combater ao terrorismo com a lei em mãos. Além disso, em uma carta à guarnição militar, em janeiro de 1974, Perón expressou seu desejo de que "o reduzido número de psicopatas que vão quedando (sobrevivendo?) sejam exterminados um a um para o bem da república". ¿E agora o Estado os indeniza?
— ¿Não o invalida ter sido Carapintada
— Os levantes carapintadas não ocorreram em 1985, quando Alfonsín e a Justiça meteram os comandantes na prisão. Eles haviam sido responsáveis. Os problemas internos se armam dois anos depois, quando começaram a chamar para processar a tipos que na guerra contra o terrorismo eram tenentes, subtenentes. Fomos contrários ao Processo. Porém o Movimento Carapintada já não existe. Foi uma expressão do momento.

Perfil 
JOSE D'ANGELO é 1º Tenente da Reserva
Idade: 55 anos
Nascido em: Mendoza
Formou-se no Colégio Militar em 1980. Em janeiro de 1988 se somou, desde Tucumán, ao Movimento Carapintada de Aldo Rico em Monte Caseros. Passou um ano preso e foi indultado por Menem. Se dedica agora ao mercado editorial. Foi diretor de El Diario de Bolsillo e da revista B1.
Fonte:  tradução livre de AFyAPPA
COMENTO:  pois é! Se você pensa que já viu algo parecido, não é mera coincidência. Cria-se uma comissão para "estudar a verdade histórica" ao mesmo tempo em que dissocia as Forças Armadas de hoje e de ontem, processam alguns chefes e, depois, vão em busca do resto. Não sem antes atacar as burras estatais indenizando a cumpanherada pelo investimento feito em prol da luta revolucionária.

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