Recebi, de mais de um amigo, uma mensagem sobre os descalabros econômicos promovidos pelo governo grego, razão por que o belo país helênico está afundado em dívidas. Saí a pesquisar a fonte, a fim de verificar a veracidade do texto e terminei encontrando o artigo abaixo, no jornal português Expresso:
A Grécia levou os "direitos adquiridos" até à demência
por Henrique Raposo
21 Jun 2011
Nas TVs portuguesas, a situação na Grécia é contada através da seguinte narrativa: eis um pobre povo periférico que está a sofrer as agruras de uma crise internacional, eis um povo do sul da Europa a sofrer às mãos da pérfida Merkel. Ora, já é tempo de sair desta superficialidade. Já é tempo de perceber que os gregos têm muitas culpas no cartório. Já é tempo de escavar a sério na situação grega. E, assim que começamos essa investigação, a conclusão é invariavelmente a mesma: os gregos não foram sérios, não estão a ser sérios. Os gregos levaram a lógica dos "direitos adquiridos" até à demência, até à falta de vergonha.
Os exemplos desta falta de seriedade são imensos. Em 1930, um lago na Grécia secou, mas, o Estado Social grego acha que tem de existir um Instituto para a Protecção do Lago Kopais — o nome do tal lago que secou em 1930, mas que em 2011 ainda tem dezenas de funcionários dedicados à sua conservação. Calculo que estes funcionários devem estar a rua a gritar "abaixo o fascismo".
Mas há mais. Sabiam que na Grécia as filhas solteiras dos funcionários públicos têm direito a uma pensão vitalícia após a morte do mãe/pai-funcionário-público? Não é genial? Na Grécia, os direitos adquiridos adquirem-se por, vá, osmose familiar. Na Grécia, X e Y recebem 1.000 euros mensais — para toda a vida — só pelo facto de serem filhas de funcionários públicos falecidos. Há 40 mil mulheres neste registo. E, depois de um ano de caos, o governo grego ainda não acabou com isto completamente. Calculo que estas meninas devem ir para a rua fazer manifs [manifestações]. Coitadinhas.
Querem mais? Num hospital público, existe um jardim com quatro (4) arbustos. Ora, para cuidar desses arbustos o hospital contratou quarenta e cinco (45) jardineiros.
Num acto de gestão mui social (para com o fornecedor), os hospitais gregos compram pace-makers (marca-passos) quatrocentas vezes (400) mais caros do que aqueles que são adquiridos no SNS britânico.
E, depois, claro, existem seiscentas (600) profissões que podem pedir a reforma aos 50 (mulheres) e aos 55 (homens). Porquê? Porque são profissões de alto desgaste. Dentro deste rol de malta que trabalha como mineiros, encontramos cabeleireiras e apresentadores de TV. Sim, faz todo o sentido: cortar cabelo é o mesmo que estar nas minas da Panasqueira.
Fonte: Expresso
COMENTO: mantive a redação original em português de Portugal. É uma pequena mostra do que pode fazer um governo (ou diversos governos seguidos) que se preocupa mais com a distribuição da riqueza do que com a produção da mesma. O descalabro é ratificado no jornal espanhol El Mundo, que acrescenta outros disparates gregos como a existência, em muitos departamentos estatais, de 50 (cinquenta) motoristas para cada veículo oficial; os 4.500 mortos cujos familiares "muito vivos" não comunicaram seus falecimentos para continuar a receber suas pensões; e o fato de que um quarto dos cidadão gregos são completamente isentos de impostos. Isso tudo em um país com 11 milhões de habitantes e um total de 4,3 milhões de trabalhadores, 750 mil destes, funcionários públicos. Como costuma dizer um jornalista conhecido: "Não há o menor risco disso dar certo!" E a culpa é jogada sobre os ombros do "neoliberalismo".
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