por Jorge Alberto Forrer Garcia
Escrevo na 1ª Pessoa por entender que essa é apenas a “minha opinião”, ou seja, aquilo que se passa nessa minha cabeça desaforada. Tenho amigos que acham que exagero, que carrego nas tintas, ou que sou um provocador. Como posso ser “provocador” se apenas uns poucos recebem o que escrevo e menos ainda são os que leem? De qualquer forma, sou inteiramente responsável pelo que escrevo.
Desde os tempos de tenente do Exército, assim como tantos outros companheiros meus, comandei, por dever de ofício, grupos de homens de diferentes efetivos e pude constatar, em inúmeras oportunidades, a importância de ser para eles “o chefe”. Aquele para quem todos olhavam nos momentos de decisão. Para o bem ou para o mal. Para o erro ou para o acerto.
Por isso tenho na mente, marcadas, algumas daquelas fisionomias inquisitivas que sobre mim convergiam, como que perguntando: “... e agora, chefe?” Daí, a importância que julgo deva ser atribuída às expectativas dos ditos “comandados” para com o comportamento de seus chefes.
Como me ensinaram desde cedo na velha Cavalaria ... “a nenhum comandante é dado o direito de surpreender seus homens”. Aos que com orgulho comandei, eu lhes devia a confiança de saberem com quem estavam lidando e o que de mim podiam esperar, em qualquer tipo de situação. Era como se do mútuo conhecimento resultasse que eles me conhecessem pela voz e eu a eles por uma simples expressão facial. Dessa interação, resultou que, em mais de uma vez, minha tropa ajudou-me a sair de alguma enrascada no serviço, assim como eu ajudei a alguns deles.
Mas, para isso, era necessário que eu lhes falasse e eles me encarassem.
Passando pelos diversos postos da carreira militar também aprendi um adágio engraçado, mas de todo verdadeiro, que diz o seguinte: “de onde menos se espera ... daí mesmo é que não vem coisa alguma”.
Associando as ideias expostas, quero dizer que, do meu ponto de vista, do chefe de quem nada se espera, não se espere alguma coisa.
Isto vem a propósito de mais uma temporada de boatos pela Internet sobre reajustes dos soldos dos militares, com discussões virtuais que beiram a deselegância e certamente estremecem relacionamentos firmados há anos. Somem-se a isso declarações recentes de pessoas importantes politicamente que se esmeraram em ofender o Exército e os militares.
Realmente, como alguns comentaram, essas “reportagens” não tem como fontes órgãos ou autoridades oficiais e sim ... simplesmente surgem, com detalhes. Dizem alguns que pela boca de pretensos líderes de classe. Quanto às declarações, alguns se mostram céticos, exigindo a gravação da fala ... para terem certeza. Acho correto. Afinal, o declarante é pessoa digna de todo o respeito, pelos princípios éticos de que é dotado.
Outros, mais radicais, cobram dos atuais chefes militares uma ação no sentido de esclarecerem se os citados boatos e as supostas declarações encontram fundamento na realidade. Mas os chefes nada falam, nem determinam que seus centros de comunicação social o façam, liberando o caminho para os boatos.
Permitam que transcreva um pequeno trecho do Manual de Campanha C 44-1 Comunicação Social, 1ª Ed., 2009, aprovado pelo Estado-Maior do Exército:
4-10. RELACIONAMENTO COM O PÚBLICO INTERNO
A comunicação é imprescindível para a chefia e liderança de uma tropa, mesmo em situação de paz. A falta de comunicação do comandante, em qualquer nível, cria oportunidade para o surgimento de boatos ou desinformações.
Então, volto ao adágio que citei: “de onde menos se espera ... daí mesmo é que não vem coisa alguma”.
PS.: o adágio está traduzido da linguagem da caserna para o Português. Todos sabem que no meio militar ele é expresso de outra forma.
Jorge Alberto Forrer Garcia é Cel Ref
Fonte: recebido por correio eletrônico do meu amigo Áureo
COMENTO: a origem mais remota que conheço do ditado provém de Aparício Torelly, jornalista também conhecido como "Apporelly" ou "Barão de Itararé", cuja atuação na primeira metade do século passado, marcada pela oposição aos governantes, o tornaram famoso. Me permito, ainda, citar os cinco Princípios de Liderança (palavra em desuso nos dias atuais), que me foram ensinados no início de minha carreira militar:Repito:
1 - Conhecer e interessar-se pela sua profissão;
2 - Aperfeiçoar-se em sua profissão;
3 - Conhecer seus subordinados;
1 - Conhecer e interessar-se pela sua profissão;
2 - Aperfeiçoar-se em sua profissão;
3 - Conhecer seus subordinados;
4 - Manter seus subordinados informados; e
5 - Interessar-se pelo bem estar de seus subordinados.
5 - Interessar-se pelo bem estar de seus subordinados.
E isto me foi ensinado em um simples Curso de Formação de Cabo — a primeira graduação que se segue ao Soldado.
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