por Janer Cristaldo
No dia 18 de julho de 1936, o general espanhol Emilio Mola y Vidal enviou telegramas às unidades militares dizendo: "El pasado dia 15, a las 4 de la mañana, Elena dió a luz un hermoso niño”. Esta senha, decodificada, significava que o levante que deu início à Guerra Civil Espanhola começaria em Marrocos, naquele 18 de julho, dia de San Camilo de Lelis, celestial patrono dos hospitais, às cinco horas da manhã. Hoje, exatamente 75 depois, a memória de Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde Salgado Pardo — generalíssimo Francisco Franco, para os íntimos — continua dividindo os espanhóis.
Desde ontem (17/7), El País vem dedicando vários ensaios relembrando a data. Franco, um dos deflagradores do levante — que tomaria as rédeas do país pelos próximos 39 anos — é visto como vilão. Desde alguns anos, há um movimento de “desfranquização” da Espanha, no sentido retirar todos os nomes de rua ou monumentos em sua memória, como também os nomes de seus generais. Quanto aos comunistas que, sob o comando de Stalin, queriam tomar o poder na Espanha, são vistos como os promotores de “una revolución movida en las primeras semanas por el propósito de liquidar físicamente al enemigo de clase, comprendiendo en esta denominación al ejército, la iglesia, los terratenientes, los propietarios, las derechas o el fascismo; una revolución que soñaba edificar un mundo nuevo sobre las humeantes cenizas del antiguo”.
Por mundo nuevo, entenda-se o regime comunista russo, que fez apenas 20 milhões de cadáveres. Franco matou? Matou. Não há guerra sem mortes. Mas matou para defender a Espanha, vítima de uma brutal invasão soviética. Em 1937, a União Soviética já havia colocado na Espanha pilotos de guerra, técnicos militares, marinheiros, intérpretes e policiais. A primeira presença estrangeira em terras de Espanha foi a soviética, com o envio de material bélico e pessoal militar altamente qualificado, em troca de três quartas partes (7.800 caixas, de 65 quilos cada uma) das reservas de ouro disponíveis pelo Banco de España. Pagos adiantadamente.
Em 1936, Juan Negrín, ministro da Fazenda do governo Largo Caballero — conhecido também como o Lênin espanhol —, raspou os cofres do país em troca de aviões, carros de combates, canhões, morteiros e metralhadoras russas. Ao celebrar com um banquete no Kremlin a chegada das 7.800 caixas de ouro, Stalin, evocando um ditado russo, comemorou: "Os espanhóis não voltarão a ver seu ouro, da mesma forma que ninguém pode ver as orelhas".
Em 1937, a URSS já tinha na Espanha mais de cem aviões de combate. Os mais utilizados foram os I-15 (biplanos), conhecidos com Chatos, e os I-16 (monoplanos), conhecidos como Moscas. No ano seguinte continuaram chegando à zona republicana mais aviões soviéticos, entre estes vários bombardeiros, cada vez mais aperfeiçoados, alguns ultrapassando a velocidade de 300 milhas, como os Katiuska.
Isto El País não conta. Mas entrevista Santiago Carrillo, hoje nonagenário, responsável pelo massacre de Paracuellos del Jarama, episódio que as esquerdas não gostam de lembrar. A matança é plenamente confirmada por historiadores e foi bem mais feia que o suposto bombardeio de Guernica. Entre 7 de novembro e 4 de dezembro de 1936, militares que haviam participado do levante franquista ou que não haviam se incorporado aos comunistas, falangistas, religiosos, militantes de direita, cidadãos comuns e outras pessoas que haviam sido detidas por serem consideradas partidárias da sublevação, foram retiradas das prisões, atadas pelos punhos e conduzidas em ônibus e caminhões e conduzidas às margens do Jarama, onde foram sumariamente fuziladas. Há quem fale em cinco mil cadáveres. Outros em oito mil. À frente do PC espanhol estava Santiago Carrillo.
Interrogado sobre a matança de Paracuellos, Carrillo responde: “Yo me enteré después porque me lo contaron diplomáticos extranjeros que estaban en Madrid. Miaja y yo habíamos decidido trasladar a Valencia a los militares presos en la cárcel Modelo porque las tropas franquistas estaban a 200 metros de la prisión y, o sacábamos a los presos de allí o los hubieran liberado y perdíamos Madrid. En el traslado, fuera de mi jurisdicción, atacaron al convoy. Nadie sabe exactamente quiénes fueron y los milicianos antifascistas que les custodiaban no hicieron lo que tenían que hacer: jugarse la vida y defenderles. Pero ni Miaja ni yo ordenamos nada semejante”.
Preposto de Moscou e um dos líderes máximos do movimento comunista espanhol, o santo homem nada sabia do massacre. Foi saber por diplomatas estrangeiros. Como se ninguém soubesse na Espanha o que havia ocorrido em Paracuellos.
Desculpem-me os humanistas de plantão, mas sou defensor incondicional de Franco. Franco salvou a Espanha das ambições continentais de Stalin. Salvando a Espanha, salvou a Europa. Dominasse Stalin a Espanha, Portugal cairia no dia seguinte. Dominada a península, teria controle do mar do Norte, Atlântico e Mediterrâneo. França e Itália ficariam estranguladas. E todo o sul da Europa estaria dominado por Moscou.
El País está denegrindo, em suas páginas, o homem que construiu a Espanha de hoje, rica, livre e democrática. Não fosse Franco, a Espanha teria sido uma proto-Cuba castrista. E teria dado mais sobrevida ao regime que acabou se esboroando há duas décadas.
Fonte: Janer Cristaldo
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