sábado, 21 de maio de 2011

Quem Lhes Deu o Direito?

por Carlos Chagas
De vez em quando é bom olhar para fora. À margem da lambança executada para matar Bin Laden, cruel e inexplicável parece o bombardeio da Líbia, prestes a completar um mês, por forças ditas de uma coalizão internacional onde pontificam, mesmo, os Estados Unidos.
Quem deu a eles o direito de matar a população instalada em Trípoli e arredores, quando o pretexto seria ajudar as forças rebeldes lá do outro lado do país, em Bengazi?
Não escondem a intenção de implodir Muahmar Kadaffi e seus palácios, apesar de atingirem mesmo a sua família? Já sacrificaram um filho e netos do ditador e continuam tentando desconstruir um governo que até pouco cortejavam e dele auferiam lucros.
Os grupos que se insurgem contra Kadaffi são os que, por coincidência, assentam-se nas regiões mais ricas de petróleo, cuja produção não foi interrompida, abastecendo precisamente países da coalizão, com a Itália puxando a fila.
Se é para depor regimes ditatoriais, em nome da democracia, faz tempo que deveriam estar jogando bombas e mísseis na Arábia Saudita e em quantos outros países do planeta? 
Parece que em Bonga-Bonga e Songa-Monga também há ditaduras. Inatacáveis, mesmo, são os aliados que fornecem petróleo. 
Da mesma forma que a defunta Liga das Nações, no seu tempo, as Nações Unidas mostram-se impotentes para conter as agressões. Antes foi com Mussolini, agora é com Obama, com todo o respeito à sua ascensão ao poder, diversa do Duce. Mas o efeito da ação da comunidade internacional é o mesmo, ou seja, zero. 
Não demora muito a destruição da Líbia, e a gente pergunta o que virá depois. 
MEA CULPA - Um dos postulados fundamentais do jornalismo é reconhecer o erro, quando erramos, tornando público o reconhecimento, através de retificação. 
COMENTO: publiquei aqui, faz alguns dias, um texto do Gen Ex Carlos Alberto Pinto Silva, a respeito dos ataques militares à Líbia. Posteriormente, foi outro texto de Janer Cristaldo sobre a morte de Bin Laden. Repito o que já escrevi: nada a favor de Gadaffi ou de Bin Laden, muito antes pelo contrário. Mas devemos ponderar até onde são aceitáveis as ações militares da ONU, OTAN ou congêneres em defesa de seus interesses, disfarçados pela "defesa da democracia". Que tal imaginarmos o bombardeio de uma "coalizão da OEA" contra as recém iniciadas obras de Belo Monte com a justificativa de que a organização já se posicionou contra sua realização? É maluquice? Pode ser que sim, pode ser que não!
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