Apocalipse de São João: ”Porque tu és morno; nem és quente, nem és frio, começar-te-ei a vomitar de minha boca”
por Beatriz Mecozzi Moura
Não há qualquer dúvida que enfrentamos há anos uma crise de autoridade.
Qualquer pessoa lúcida percebe que a juventude não reconhece mais a autoridade, seja ela qual for.
E como poderiam os jovens reconhecerem a autoridade nesses adultos (que eles chamam de véi)? Ora, são pais cujo ideal máximo é serem iguais aos filhos.
Toda e qualquer autoridade mãe, pai, professor, bispo, pastor, delegado, presidente da República ... etc. foi relegada ao lugar de adultos acuados.
A questão é perceber que a autoridade não é simplesmente saber quem manda.
A autoridade não deve ser a do poderoso, novo rico sem tradição, que financia o carrão no banco e não paga a prestação, nem do carro, nem a mensalidade do colégio, porque “precisa” levar os filhos pra Disney, nem daquele que dá carteirada. A autoridade deve ser do sábio.
E quem quer saber alguma coisa, hoje?
Quando a gente reduz o campo da experiência — do pai lavrador, operário, professor, médico ou a da mãe dona de casa, costureira, enfermeira, advogada, que levou anos para se formar — a gente supervaloriza o poder e retira qualquer aura do saber prático — saber cozinhar, plantar, etc. — do campo de legitimidade ética.
A questão é, no horizonte dessa nossa sociedade do politicamente correto ainda somos capazes de produzir sábios?
Sem a mediação de uma tradição que possa provocar, instigar a que o jovem pense, o que acontece? Esse jovem vive em permanente desamparo.
A noção de autoridade explode e aí fica só a figura do irmão, do colega, do amigão ... jamais a do pai.
O resultado disso é um conjunto de adultos patéticos, isto é, de pessoas maduras que não reconhecem o valor da experiência vivida que tiveram (porque, às vezes, simplesmente não viveram, eram sonâmbulos que sobreviviam ao stress enquanto adquiriam bens de consumo) e têm como único objeto parecer jovens a partir de procedimentos cirúrgicos que apontam para o corpo como trampolim para o mergulho no caos.
Esse caos onde o amor é um sentimento cor-de-rosa, meigo, nesse clima de novela nostálgica de paz e amor, bicho, pós maio de 68.
O amor, caros pais e mães, só é verdadeiro se vier acompanhado por um profundo ódio por tudo aquilo que ameaça o ser amado.
A mãe que ama verdadeiramente seu filho drogado odeia a droga ao ponto de não admitir que a droga entre em sua casa nem escondida no corpo envenenado desse filho.
Na era do amor covarde, específico do politicamente correto, o amor é um xarope, um tatibitate meloso que não separa o certo do errado e, desse modo, não é luta, nem é aliança pela vida.
O amor verdadeiro não é cego, senhores pais, ele é foco que ilumina o perigo que ronda o filho.
Amar é ter autoridade conquistada pelo sacrifício durante a vida que proporcionou aprender e conquistar o saber.
Amar seu filho, não é bajular pra ser curtido. Amar seu filho é mostrar-lhe o erro, ser firme e mostrar que não desiste de colocá-lo no caminho certo. Amar é querer ser admirado e não parecer um “véi manero”.
Fonte: Esculacho e Simpatia
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