por Lenilton Morato
Por cruel que possa parecer, a melhor solução é deixar que este tipo de economia entre em colapso. Somente assim o papel do Estado e da iniciativa privada poderão ser revisados. Pela falência, pela crise, talvez finalmente a população e os planejadores entendam que o agente da economia não pode ser o governo. Este deve apenas garantir condições iguais a todos.
A crise econômica que assola nossos patrícios é mais um exemplo de um país europeu fazendo a sua colheita. O inchaço do Estado e o endividamento público tomam conta não só da economia de Portugal, mas de praticamente todo o continente. É a falência de um sistema que já nasceu morto, qual seja, o do Estado de Bem-Estar social.As contas públicas tendem a aumentar conforme a população vai envelhecendo e as chamadas "conquistas sociais" vão minando as finanças do país. Ao centralizar a grande maioria dos serviços na figura do Estado, como a segurança, educação, saúde, previdência e mesmo infra-estrutura, a produção econômica cai e é cada vez mais prejudicadas. Afinal, para que as contas sejam equilibradas é necessário um ajuste fiscal. E este ajuste requer aumento de impostos e corte de gastos nas áreas nas quais o governo atua. Com isto, as revoltas populares são inevitáveis, pois a população já está acostumada a ser tutelada pelo bondoso e atencioso Big Brother.
Com carga tributária maior, se inibe a atividade de geração de capital. Com a economia privada esfriando, surgem levas de desempregados que irão buscar seus direitos e seguros nos cofres do governo. E para que este pague o que é devido, o remédio é amargo.
O problema com os países de menor expressão econômica da União Europeia como Portugal, Grécia, Irlanda e mesmo a Espanha, é que eles não possuem grandes reservas de recursos para honrarem seus compromissos com a população. A solução é recorrer a bancos e fundos internacionais em busca do financiamento de sua dívida. O empecilho é que são poucos aqueles que dão crédito a clientes potencialmente inadimplentes. Quando o fazem, os juros são altos, o que promove o endividamento progressivo do país.
Portugal, assim como a Europa e o Brasil, insistem no erro de ter um Estado mercantilista, que interfere em todo o espectro da atividade econômica, sem deixar que a iniciativa privada cuide de áreas nas quais ele é ineficiente e sujeito a corrupção e endividamento. Os defensores deste modelo estão completamente enganados sobre a sua funcionalidade. Já está mais do que provado que o destino dos países intervencionistas é a falência. E nossos irmãos portugueses agora estão sentindo isto na própria pele.
Quando os EUA e a Inglaterra experimentaram um grande desenvolvimento na década de 1980, este se deu não por iniciativa estatal, mas privada. A célebre frase de Ronald Reagan sintetiza de maneira precisa a problemática: o problema é o Estado.
Detratores do liberalismo econômico o fazem por pura ignorância de como funciona a economia. A mão invisível funciona e ela é que coloca os preços, salários, juros e encargos em um equilíbrio natural. A própria natureza é prova disto. Espécimes se adaptam ou são extintas justamente para manter o balanço do planeta. E a economia não é diferente.
Muitos pensam que a riqueza de uma nação é mensurada pela riqueza do Estado, que este precisa concentrar todo capital. Como Adam Smith ensinara, o acúmulo de capital pelo indivíduo é o que dá ao país a sua riqueza. A ele (Estado) cabe garantir regras iguais a todos e prover a segurança e não atuar como agente. Quando isto acontece a consequência é o que estamos vendo hoje na Europa: um continente assistencialista que garante a todos o acesso à renda, mesmo àqueles que não a produzem. Enquanto a população está em franca expansão, como ocorre na China, aparentemente não há problema. Porém, à medida que esta envelhece, as falhas do intervencionismo se evidenciam. E o país precisa de ajuda externa para sobreviver, caso contrário quebra.
Por cruel que possa parecer, a melhor solução é deixar que este tipo de economia entre em colapso. Somente assim o papel do Estado e da iniciativa privada poderão ser revisados. Pela falência, pela crise, talvez finalmente a população e os planejadores entendam que o agente da economia não pode ser o governo. Este deve apenas garantir condições iguais a todos. Os verdadeiros protagonistas de todos os setores da economia é o empresariado, tão criticado e tão acusado de ser maléfico, e concentrador de riqueza.
Passando à iniciativa privadas áreas como previdência, saúde, educação e infra-estrutura, o governo não precisará cobrar pesados impostos de sua população, pois os gastos diminuirão conforme o Estado saia da atividade econômica e funcionários deixam de ser contratados. Consequentemente os gastos com a máquina pública diminui, o mesmo acontecendo com sua dívida. Assim, os governantes podem se preocupar apenas com áreas essenciais como a segurança e um sistema de saúde pública voltado efetivamente para aqueles que comprovadamente não podem pagar por um plano.
Com menos impostos e menos burocracia, os empregos surgirão, e a população poderá passar de agente passivo, clientes do governo para atores do sistema econômico, com possibilidade de adquirirem bens produzidos pelas empresas privadas que, com carga tributária menor, diminuem custos, preços e promovem o desenvolvimento da economia.
Enquanto isto não acontece, resta-nos acompanhar o triste desfecho do atual e equivocado sistema. Tal qual o Fado, é algo triste e melancólico. Entretanto, este doloroso processo parece ser a única maneira para, de uma vez por todas, os teóricos da economia entenderem que o Estado de Bem-Estar social é um modelo fadado ao fracasso.
Fonte: Lenilton Morato
COMENTO: em tese, o texto está correto. Mas temo que em alguns países, como nosso Brasil, a teoria não funcione corretamente. Imaginemos previdência, saúde, educação e infra-estrutura totalmente nas mãos de nossa classe empresarial. É claro que não se pode acusar todos os nossos empresários de exploradores. Mas parece, mesmo, que só uma pequena minoria assim pode ser taxada. Mas é uma minoria atuante. São os que cresceram praticando concorrência predatória e dominam o mercado brasileiro com suas múltiplas empresas de fachada que disfarçam os muitos "monopólios". Para entregar o mercado nas mãos desses senhores, o Estado tem que ser muito forte, a ponto de poder retomar as rédeas no momento que assim o desejar. E seus dirigentes não podem estar atrelados a "doações de campanha" e outros fatos que os deixem com o "rabo no moedor de carnes". Não dispomos, ainda, desse tipo de liderança política!
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