por Marcos Pontes
Os militares só voltaram a ter direito a voto em eleições partidárias com a promulgação da Constituição de 88. Até então não podiam sequer filiar-se a um partido ou participar, mesmo que passivamente, de atividades dessas agremiações. A proibição, provavelmente — não posso afirmar com certeza, apenas deduzo —, por conta de atuações de militares como Lamarca e Prestes que, conhecedores das táticas, armas e planejamento militar, utilizaram esses conhecimentos dados pelas Forças Armadas para treinarem guerrilheiros e lutarem contra as mesmas Forças Armadas.
Com o fim da ditadura, militares pediam licença ou iam para a reserva, filiaram-se a partidos e candidataram-se. O mais conhecido desses nomes é Jair Bolsonaro, talvez o único representante declarado da direita conservadora que milita na política nacional. Pelo menos o mais proeminente e corajoso.
Agora cria-se o Partido Militar Brasileiro, registrado na Justiça Eleitoral pela senhora ANDRÉA FRANÇA COELHO ROSA, esposa do Capitão Augusto, primeiro suplente de Deputado Federal pelo PV.
Aí já começam minhas desconfianças. O Partido Verde é essencialmente de esquerda, portanto o capitão Augusto, das duas uma, ou é um vermelhinho de farda ou um daqueles que filiam-se ao primeiro partido que oferece vaga, sem preocupar-se com a ideologia, mostrando-se apenas mais um coliga-se com Deus e o Diabo para dar-se bem na vida político partidária. Pode ser que haja uma terceira explicação, mas essa fica além de minha compreensão.
A própria idéia de um partido de militares me deixa desconfortável. Político é político, militar é militar, jogar militares na mesma toca dos políticos é temerário. Não me interessa qualquer argumentação do tipo “gays podem fazer um partido, por que militares não podem?”, “produtores rurais podem fazer um partido, por que militares não podem?”, “militares são cidadãos brasileiros, por isso têm os mesmos direitos de qualquer outro para militarem na política”. Todos esses argumentos são corretos, militares podem e devem agir na política, mas não sei se concordo com a prática de se usar os nomes das Forças Armadas, aquelas que deveriam ser o último bastião de moralidade e legalidade, para fazerem frente às sacanagens que os partidos estabelecidos costumam praticar.
Além do mais, já existem partidos à mancheia, a maioria apenas fachada para negócios de compra e venda de votos e apoios aos partidos grandes, principalmente aos prenhes de falcatruas como PT e PMDB.
A meu ver, seria mais correto fortalecer um partido já existente e dar-lhe a devida roupagem e prática direitista. Há que se montar uma frente organizada contra esse esquerdismo galopante que toma conta do país, da América Latina e do mundo. Até o presidente da única superpotência existente, os Estados Unidos, tem fortes características socialistas, fantasiadas de politicamente correto, o que era de se esperar, já que ele foi eleito por ser um representante das ditas minorias — há quem desconfie que nem estadunidense ele é — e não por sua competência de gerente da coisa pública.
Fazendo a primeira leitura do dito Estatuto no partido já me ficou uma má impressão. O excesso de erros de português, as falhas de digitação e as idéias inicialmente mal explicadas me dão a impressão que o partido está sendo criado numa garagem, como os adolescentes criam suas bandinhas de rock ou pagode. Já demonstra uma assustadora desorganização; mostra-se o partido de um homem só ou, talvez, de um casal só.
Que há a necessidade urgente de organizar-se a direita no Brasil não há dúvida, mas o propósito e os meios hão de ser mais bem discutidos do que embarcar de cara na ideia de um casal desconhecido e com propósitos ainda não esclarecidos.
O tuiteiro amigo @ivomarcelino me apresentou o estatuto e sugeriu que eu falasse a respeito. Imagino que não era bem isso que ele esperava de mim, mas a primeira impressão já não foi tão boa a ponto de destrinçar os artigos do estatuto antes de discutir as intenções.
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