Jaime Saldarriaga, Reuters-Timbiqui |
O que faria você se tivesse 4 bilhões de pesos (cerca de 4 milhões de reais)? A pergunta poderia colocar muitos a sonhar com viagens, jóias, ou compras de carros e mansões de luxo. Para um grupo de narcotraficantes colombianos teve a resposta foi direta: construir um submarino com autonomia para chegar à costa do México.
O achado na zona rural de Timbiqui (Cauca) não foi surpresa para a Armada Nacional colombiana pois segundo o Comandante da Força Nacional do Pacífico, Contra-Almirante Hernando Wills Vélez, as apreensões de dezenas de semi-submergíveis (61 desde 1993) nos últimos anos já haviam alertado que os narcotraficantes logo dariam o passo seguinte: ter um submarino de verdade.
A primeira pista do que poderia estar vindo tiveram no ano passado quando as autoridades equatorianas encontraram um submarino na província de Esmeraldas.
E foi no domingo passado (13/2/2010), quando em um estuário conhecido como El Sandé, militares do Comando Conjunto do Pacífico (integrado pelo Exército, Armada e Força Aérea da Colômbia) encontraram uma nave de 31,5m de comprimento, 3m de altura e 2,5m de largura.
Para comparar a evolução da tecnologia dos narcos, basta dizer que o maior semi-submergível encontrado até então media 19,5m de comprimento.
Decepção na primeira viagem
A nave encontrada, que ao cidadão comum pode remeter aos livros de Julio Verne ou a filmes de ação, foi construída em fibra de vidro e com reforços de fibra de carbono e madeira, podendo desenvolver uma velocidade de 20 Km por hora.
Ao que parece, ela estava pronta para sair do estuário para ser carregada com até oito toneladas de cocaína e chegar até o Oceano Pacífico, rumando para o México, pois poderia viajar umas 500 milhas náuticas em dez dias. Não é descartada a possibilidade de que pudesse chegar à costa dos Estados Unidos.
"É quase circular e conta com toda tecnologia [necessária]. Navegação por GPS e telefones por satélite. Tem quatro camas para um capitão, um auxiliar, um piloto e um representante do dono da carga. Eles se revezam em turnos de navegação", explicou o Contra-Almirante Wills Vélez.
Outra particularidade do submarino apreendido é a de não ser descartável como alguns dos semi-submergíveis anteriormente encontrados. "Não se descarta que pudesse regressar ao país com armas", indicou o oficial.
Ainda que não se saiba quem são os donos, o Contra-Almirante Wills Vélez afirma que deve ser uma aliança de narcotraficantes e grupos armados ilegais para financiarem uma nave com semelhante magnitude. As inspeções a serem realizadas na "base" próxima à baia Málaga podem ajudar a desvendar esse mistério.
Assim sendo, não se pode descartar que o próximo passo a ser dado por esses grupos seja a construção de submarinos que possam ser manejados por controle remoto desde algum navio.
» Contexto
A historia data desde 1993
Em 1993 se registrou a primeira apreensão de um semi-submergível por parte da Armada, na ilha de Providencia. Até ontem tinham sido apreendidos 61, alguns deles ainda em processo de fabricação. Só em 2009 foram confiscados vinte.
Fonte: tradução livre de El Colombiano
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