Entidades de DDHH da Argentina pedem que o governo aceite Apablaza como refugiado
Organismos humanitários da Argentina pediram na sexta-feira, 17, que o governo aceite "com máxima urgência" o pedido de refúgio político do chileno Galvarino Apablaza Guerra, ex chefe de um grupo subversivo que assassinou um senador daquele país em 1991.As entidades, entre elas as Avós da Praça de Mayo, manifestaram, ainda, sua "preocupação" pela decisão da Corte Suprema de Justiça da Argentina, que na terça (14) autorizou a extradição do ex guerrilheiro chileno, que foi líder da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), segundo um comunicado divulgado pelas associações.
"Solicitamos que com máxima urgência a Comissão Nacional de Refugiados resolva favoravelmente sua petição de ser reconhecido como refugiado político, em virtude da perseguição política que existe em seu país contra militantes", indica a nota subscrita pela líder das Avós da Praça de Mayo, Estela de Carlotto; pelo Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS) e HIJOS, entre outros.
Outro grupo de dirigentes de organismos humanitários, entre eles o Premio Nobel da Paz 1980, Adolfo Pérez Esquivel, entregou uma petição à presidenta argentina, Cristina Fernández, para que outorgue a condição de refugiado político a Apablaza Guerra.
Mais, a líder das Mães da Praça de Mayo, Hebe de Bonafini, solicitou em outro comunicado que o governo outorgue refugio político a Apablaza Guerra, reclamado pelo Chile para julgá-lo pelo homicídio cometido pela FPMR em 1 de abril de 1991, contra o senador Jaime Guzmán, ideólogo do regime de Augusto Pinochet (1973-1990).
"As Mães da Praça de Mayo sabemos que vivemos em um país de plena liberdade. Estamos convencidas de que se deve dar refúgio ao companheiro chileno Galvarino Sergio Apablaza. Um país que está condenando os assassinos não pode negar a liberdade a quem lutou por seu país", apontou Bonafini.
A decisão final está nas mãos do governo de Cristina Fernández, porém o advogado de Apablaza Guerra, Rodolfo Yanzón, assegurou que existe uns "98 por cento de possibilidades" de que o Executivo o reconheça como refugiado e não o extradite para o Chile.
Enquanto os organismos humanitários reclamam sua aceitação como refugiado político, o que desativaria o processo de extradição de Apablaza Guerra, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, disse días atrás que fará "todo o necessário" para que os responsáveis pela morte de Guzmán enfrentem a justiça de seu país.
Apablaza reside na Argentina com sua mulher, a jornalista Paula Chaín, que trabalha na sede do governo argentino desde 2005, confirmou o chefe de Gabinete do país, Aníbal Fernández.
O ex líder da FPMR, esteve detido oito meses em 2004, em Buenos Aires, porém o magistrado argentino Claudio Bonadío decidiu, em 2005, rechaçar sua extradição ao Chile, por entender que naquele país havia sido prejudicado seu direito ao devido processo e à defesa.
Na época, o magistrado determinou que Apablaza Guerra, conhecido como "Comandante Salvador", fosse deixado em liberdade e autorizou sua permanência no país, enquanto que o Governo chileno apelou contra a decisão na Corte Suprema da Argentina.
EFE
A dupla moral de Hebe e Carlotto
Uma análise das reações à extradição do fugitivo chileno.
por Ceferino Reato *
Bastou que se reabrisse a possibilidade de que o chileno Galvarino Sergio Apablaza Guerra fosse extraditado a seu país, onde é acusado do assassinato de um senador e do seqüestro de um empresário jornalista durante um governo democrático, para que vários organismos de Direitos Humanos, encabeçados por Estela de Carlotto e Hebe de Bonafini, saíssem a questionar a decisão da Corte Suprema de Justiça e a defender o ex guerrilheiro transandino.
Por outro lado, o sangue derramado por dez soldados argentinos que cumpriam o serviço militar obrigatório e defendiam um quartel em Formosa, em 5 de outubro de 1975, durante um governo constitucional peronista, não arrancou desses organismos sequer uma palavra de alento a seus familiares, que, como na época em que perderam seus filhos, sobrevivem na pobreza, alguns na capital e outros no interior da província de Formosa.
Esta é uma mostra mais da dupla moral que parece ter invadido a vários organismos, que só reparam nas violações contra os direitos humanos de um setor. Não importa se são argentinos ou de outro país, seu objetivo é a defesa dos direitos humanos das pessoas “que lutaram por seu país”, como disse Bonafini.
Em outras palavras: não importam os métodos nem se esses métodos incluíram a morte de outros humanos em plena democracia. Importa sim o fim: que combatiam por um objetivo superior como a Revolução.
E é isso o que se passa com os agregados às listas do "Nunca Más", o informe da Conadep, e no Monumento às Vítimas do Terrorismo de Estado, na Costanera portenha: em um primeiro momento, a homenagem era para as vítimas da ditadura e dos grupos paraestatais como a Triple A; agora se converteu em um reconhecimento para os caídos pela Revolução; não importa quando nem onde nem como morreram.
A figura do combatente substituiu ao desaparecido e ao assassinado. Estes organismos e estas lideranças foram tão importantes que da pena a forma como se reduziram. ¿Estarão ofuscados pelas luzes do poder?
Por outro lado, o sangue derramado por dez soldados argentinos que cumpriam o serviço militar obrigatório e defendiam um quartel em Formosa, em 5 de outubro de 1975, durante um governo constitucional peronista, não arrancou desses organismos sequer uma palavra de alento a seus familiares, que, como na época em que perderam seus filhos, sobrevivem na pobreza, alguns na capital e outros no interior da província de Formosa.
Esta é uma mostra mais da dupla moral que parece ter invadido a vários organismos, que só reparam nas violações contra os direitos humanos de um setor. Não importa se são argentinos ou de outro país, seu objetivo é a defesa dos direitos humanos das pessoas “que lutaram por seu país”, como disse Bonafini.
Em outras palavras: não importam os métodos nem se esses métodos incluíram a morte de outros humanos em plena democracia. Importa sim o fim: que combatiam por um objetivo superior como a Revolução.
E é isso o que se passa com os agregados às listas do "Nunca Más", o informe da Conadep, e no Monumento às Vítimas do Terrorismo de Estado, na Costanera portenha: em um primeiro momento, a homenagem era para as vítimas da ditadura e dos grupos paraestatais como a Triple A; agora se converteu em um reconhecimento para os caídos pela Revolução; não importa quando nem onde nem como morreram.
A figura do combatente substituiu ao desaparecido e ao assassinado. Estes organismos e estas lideranças foram tão importantes que da pena a forma como se reduziram. ¿Estarão ofuscados pelas luzes do poder?
* Editor-chefe do Diário Perfil e autor de Operación Primicia,
sobre o ataque dos Montoneros ao quartel de Formosa.
Fonte: tradução livre de AFyAPPA
COMENTO: é dúbio o sentimento de "direitos humanos" que atinge os "militantes" das organizações, brasileiras ou de linguagem hispânica, que alegam defendê-los. Da mesma forma como a dubiedade atinge a "grande imprensa" ao tratar sobre os períodos de governos chefiados por militares na América Latrina. Enquanto que em Cuba um sujeito fica por meio século à frente do governo - fuzilando opositores e enfiando nas masmorras os infelizes pegos tentando fugir em botes - e depois "entrega" o país ao seu irmão, e é idolatrado por todos os sedizentes "intelectuais", os antigos governantes militares dos países do chamado "Cone Sul" são taxados invariavelmente de 'tiranos' e 'ditadores'. A Organização Latino Americana de Solidariedade (OLAS), dos anos 60, e o Foro de São Paulo, mais recente, ambos grupamentos de pessoas e grupos que tem por objetivo a "união" de partidos políticos e grupos subversivos que visam implantar o falido comunismo na América ao sul dos EUA, são entidades democráticas. A troca de informações entre organismos de segurança dos países atingidos pelos grupos citados foi um mecanismo ditatorial que agrediu as liberdades e os direitos da humanidade, sendo até mesmo batizada como "Operação Condor" e seus 'mentores' classificados como criminosos. No Brasil, o instituto do "asilo político", quando em favor de envolvidos em atividades terroristas como Achille Lollo, Cezare Battisti, Olivério Medina e Pietro Mancini, não é questionado, sendo mesmo incentivado. Já quando a extradição é do interesse da 'cumpanherada' bolivariana, como os boxeadores cubanos enviados "a toque de caixa" de volta ao paraíso castrista, ninguém se interessa por "direitos humanos". A república do casal Kirchner parece não fugir a essa lógica. A prisão do piloto Julio Alberto Poch (ex oficial da Marinha Argentina), em 2009 na Espanha, foi comemorada como uma 'operação' memorável envolvendo autoridades argentinas, espanholas e holandesas - ele estava asilado na Holanda graças à sua dupla cidadania. A extradição do militar uruguaio Juan Manuel Cordero Piacentini, do Brasil para a Argentina, em janeiro passado, a despeito de seus problemas de saúde, também não teve maiores problemas para os "direitodusmanos". Agora, a extradição do criminoso chileno da Argentina para responder por seus crimes em seu país de origem, sofre pressões contrárias das entidades humanitárias argentinas. Não me espanto se houver manifestações semelhantes pelas homólogas brasileiras. As alegações são as mesmas dadas ao 'caso Battisti" no Brasil. Perseguição política. Os patifes não reconhecem os regimes democráticos vigentes tanto na Itália quanto no Chile. Afinal, esses países não estão sob a batuta da "cumpanherada". Para não desamparar o "cumpanhêru", sua esposa é empregada no Palácio Presidencial. Parece uma outra estória da qual ouvi falar. Pelo menos, em Buenos Aires, a 'cumpanhêra' pode estar pescando alguma coisa no rio da Prata.
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