sábado, 12 de junho de 2010

Regime Desumano de Trabalho Gera Onda de Suicídios na China

Uma onda de suicídios na fábrica da Foxconn, pertencente a uma empresa de Taiwan, instalada em Shenzen, sul da China continental, causou pânico entre os seus dirigentes, informou a BBC.
A direção da fábrica decidiu aumentar os salários em 20%. Ela produz aparelhos eletrônicos para a Apple, como o iPhone e o novo iPad, mas também para Dell, Nokia e Sony. O salário inicial nessa empresa de alta tecnologia é de 900 yuans por mês, equivalente a perto de R$ 242. A Foxconn emprega mais de 300 mil pessoas na China.
O problema é o regime militar de trabalho na fábrica, mais ou menos similar ao usado no resto da China. O total dos suicídios reconhecidos aproximaria-se a 16.
Presidente da Foxconn, Terry Gou,
 tenta acalmar as denúncias
O fato é que os operários estão submetidos a extenuantes jornadas de trabalho num parque industrial isolado, que lhes fornece dormitórios para garantir máxima produtividade. Eles são controlados e punidos por uma polícia interna, suspeita de ter induzido o suicídio de muitos.
O presidente da empresa, Terry Gou, garantiu que estava instalando redes para evitar novos suicídios em todos os dormitórios e prédios do imenso complexo. Elas visam segurar os operários que venham se jogar pelas janelas.
Dormitórios comuns para os operários da Foxconn
O complexo industrial, segundo o correspondente da BBC em Xangai, Chris Hogg, “é uma verdadeira cidade, com lojas, postos de correio, bancos e piscinas de tamanho olímpico”. Setenta psicólogos aconselharão aos funcionários.
Segundo o diário portenho "La Nación", os pais de Ma Xiangqian, 19, um dos mortos, acham que seu filho faleceu em circunstâncias misteriosas. “Só o que pedimos é a verdade. Nem sequer uma compensação” disse o pai de Ma.
Disciplina em estilo militar na Foxconn
Empregados denunciam que agentes internos de segurança espancam os operários e em algum dos casos, teriam jogado a vítima pela janela.
O alto número de operários que assim perderam a vida nas fábricas da China incomoda à indústria tecnológica que, com capitais e tecnologias ocidentais, explora a mão de obra escrava chinesa. Aumentam os apelos de ativistas para um boicote mundial de produtos como os últimos iPhone da Apple produzidos em condições injustas. 
Os operários do complexo de Longhua, ainda segundo “La Nación”, reagiram irados quando a direção da empresa pediu que assinassem uma espécie de contrato contendo uma cláusula pela qual só receberiam o mínimo legal por acidentes fora do local de trabalho.
Gou, presidente da empresa, pediu desculpas e disse que retiraria a proposta.
Sun Danyong: empresa reconheceu violências
O diário australiano "The Age" também noticiou o caso do operário acusado pela segurança interna de roubar um iPhone e que depois apareceu como tendo se suicidado. O jornal forneceu uma lista dos suicídios e tentativas suspeitas.
Tratava-se do funcionário Sun Danyong que perdeu um protótipo de um iPhone de 4ª geração e apareceu depois “suicidado”.
A empresa deplorou o uso de 'métodos inadequados de interrogação' aplicados sobre Sun antes da morte, segundo o diário inglês "The Mail".
Apple e Dell declararam estar dispostas a investigar as denúncias sobre as más condições de trabalho nas fábricas chinesas que montam os produtos que depois vendem no mundo todo, inclusive no Brasil.
A declaração visa sobretudo a imprensa e os consumidores ocidentais. Há muitos anos, o regime de exploração de mão de obra escrava vem sendo denunciado em Ocidente e em nada incomoda aos capitalistas ocidentais beneficiados.
E a Foxconn não é a pior neste sentido no paraíso socialista chinês

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