quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A Santa Indignação de um Cronista Corrupto

por Janer Cristaldo
Uma vez no Brasil, o asco volta a invadir minha crônica. Para começar, leio crônica na Folha de São Paulo, onde Carlos Heitor Cony, essa vestal impoluta, se indigna com a indignação dos justos com o mensalão do DEM:
"O que me espanta é a maneira como o mensalão é pago, com maço de notas — a vil pecúnia de que fala Santo Agostinho. No dia a dia de nossa vida contábil, o dinheiro em espécie é cada vez mais raro. Usam-se os cheques, os depósitos bancários, as transferências eletrônicas.
No meu caso pessoal, há mais de 30 anos que não boto mão em maços de dinheiro. Minhas fontes pagadoras — jornal, rádio, TV, direitos autorais — depositam meus vencimentos e salários normalmente. É a regra. Dinheiro ao vivo e em cores tornou-se suspeito. Nem assim a corrupção ativa e passiva confia no sistema bancário, provavelmente porque deixa rastros. Prefere a tradicional "mala preta", que hoje foi rebaixada à cueca e às meias."
Santa indignação! Afinal de contas, Carlos Heitor Cony, privilegiado com uma bolsa-ditadura, não precisa de dinheiro vivo nem em cores, muito menos cuecas, meias ou malas pretas. Recebe religiosamente em seu contracheque R$ 19.115,19 mensais. Isso sem falar nos efeitos retroativos a 1998, que lhe pagaram R$ 1.417.072,75.
Curiosamente, o conceituado cronista da Folha de São Paulo — que está se revelando como o jornal que mais abriga corruptos em suas páginas — não cita em momento algum a fonte perene, isenta de impostos e mais gorda, de seus proventos.

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