por Políbio Braga
Neste domingo a noite, o editor puxou do data center dos EUA onde alojou os anais completos do inquérito que voltou a anotar e estudar, no caso, incialmente o chamado Volume I, porque é nele que constam os elementos que levaram o MPF de Canoas e a Polícia Federal do RS a alimentar a máquina que daria início à Operação Solidária. Toda a primeira parte do inquérito trata da ação de um poderoso cartel empresarial dos serviços de merenda escolar, mas a segunda parte investiga outro cartel, o das empreiteiras de obras públicas, cujos tentáculos não são menores, envolvendo maiores valores, empresários e políticos mais poderosos, como valores muito mais expressivos, envolvendo vários Estados e ministérios importantíssimos do governo federal do PT.
Esta tarefa extra do editor deve-se ao anúncio de que a CPI do PT examinará em sessões secretas os autos do inquérito da Operação Solidária.
A presidente da CPI, deputada Stela Farias, ameaçou esta semana:
- Depois da leitura do inquérito, os deputados da base aliada não serão mais os mesmos.
Caso a deputada do PT tenha lido verdadeiramente os autos, deveria ter dito o que escreve a seguir o editor:
- Depois da leitura do inquérito, os deputados da base aliada e também os do PT, PDT e DEM não serão mais os mesmos.
Ao remeter ao juiz Federal de Canoas o seu primeiro pedido para grampear telefones e e-mails, a Polícia Federal contou que começou a se movimentar depois de tres movimentos sucessivos e harmonicamente simultâneos:
1) denúncia anônima circunstanciada recebida pela própria PF.
2) reportagem de Giovani Grizoti, da RBS TV, posterior às denúncias recebidas pela PF.
3) denúncia do procurador do MPF, Adriano Rinaldi, com base nas denúncias anônimas e na reportagem.
A ordem é esta mesma.
Esta técnica foi colocada em movimento, pela primeira vez, pelos procuradores Luiz Francisco e Ricardo Scheib, em Brasília, quando empreenderam feroz campanha de calúnias e difamações contra o governo FHC, sobretudo contra o ministro Eduardo Jorge. EJ foi inocentado de todas as acusações, desmascarou-os, denunciou-os e conseguiu que o Conselho do Ministério Público Federal aplicasse punições na dupla, que consideraram ter realizado com eficiência e zelo a tarefa a eles atribuída.
O CARTEL DE SÃO PAULO
Antes de enviar o pedido para grampear suspeitos, a PF recebeu denso e consistente material enviado pelo procurador Adriano Rinaldi.
Ele foi duro nas denúncias, identificando de cara alguns membros do que chamou de “quadrilha organizada para assaltar os cofres públicos.
No RS, constatou a PF e o MPF, apenas cinco prefeituras terceirizaram os serviços de merenda escolar, única condição capaz de permitir a dispensa inicial de licitação (o contrato emergencial, recorrente em todos os casos, foi sempre uma espécie de “entrada” para receber e passar “luvas) e a própria licitação.
As prefeituras eram: Canoas (PSDB), Sapucaia (PMDB), São Gabriel (DEM), Passo Fundo (PDT) e Gravataí (PT).
Nas denúncias apensadas aos autos da Operação Solidária (página 84), surgem os nomes dos agentes públicos e privados envolvidos na negociata. O leitor pode empreender um simples jogo de palavras cruzadas, usando os nomes das cidades como chaves, para encaixar os nomes de todos os implicados.
As prefeituras eram: Canoas (PSDB), Sapucaia (PMDB), São Gabriel (DEM), Passo Fundo (PDT) e Gravataí (PT).
Nas denúncias apensadas aos autos da Operação Solidária (página 84), surgem os nomes dos agentes públicos e privados envolvidos na negociata. O leitor pode empreender um simples jogo de palavras cruzadas, usando os nomes das cidades como chaves, para encaixar os nomes de todos os implicados.
O cartel corruptor denunciado na Operação Rodin é sempre liderado pela SP Alimentos, que é apresentada mais tarde como um polvo com tentáculos espalhados por todo o Brasil e capaz de tudo, colocando a seu serviço um plantel enorme de empresários, políticos, funcionários públicos e advogados. A lista das empresas da área estão na página 81 dos autos. A SP lidera 5 outras empresas, algumas das quais ela mesma controla através de prepostos. Elas combinam entre si quem vai ficar com o quê, mantendo sempre o “equilíbrio” de ganhos. A Puras, do RS, última a entrar no jogo, ficou com a periferia, “apenas para não atrapalhar os grandes players”. O jogo era o seguinte:1) em edital carimbado, todos caíam fora e respeitavam o vencedor escolhido antes.
2) nos demais editais, o caso era de livre competição.
2) nos demais editais, o caso era de livre competição.
O CASO DE GRAVATAÍ
Como o caso de Canoas já é conhecido nacionalmente, porque foi ali que se instalou a quadrilha principal de empresários e políticos, vale a pena reproduzir a denúncia que a PF e o MPF acolheram para investigar, mas que não levaram adiante.
A prefeitura de Gravataí foi a última a terceirizar o serviço de merenda escolar, mas como a administração é do PT, isto ocorreu de “forma republicana”. Assim, um contrato emergencial beneficiou a Gourmaitre, controlada da SP, de maio a agosto de 2007. Da licitação de agosto, só participou a Verdurama, também controlada pela SP. Um representante da Milano chegou a vir do Rio para participar da licitação, mas desistiu 5 minutos antes, depois de receber um telefonema da sede.
- Sobre estas questões a CPI do PT terá reuniões secretas, esta semana. O que vai encontrar pela frente serão questões cabalmente investigadas, como a de Canoas (apenas um relatório do procurador Rinaldi, de 48 páginas, desconstrói peça por peça todas as maldades ocorridas em Canoas). Acontece que outros casos, como o de Gravataí, não foram apurados como deviam. O que percebeu o editor ao longo das 3.500 páginas dos autos da Operação Rodin, é que as investigações e conclusões sempre paravam quando chegavam perto do PT. Estão neste contexto também as denúncias existentes ali sobre a Ulbra e sobre o Trensurb.
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