por Janer Cristaldo
O Supremo Apedeuta certamente não lê blogs, mas até parece ter lido. “Pela primeira vez, não vamos ter um candidato de direita na campanha. Não é fantástico isso? Vocês querem conquista melhor do que, numa campanha, neste país, a gente não ter nenhum candidato de direita? Uns podem não ser mais tão esquerda quanto eram. Não tem problema. A história e a origem dão credibilidade para o presente das pessoas. Era inimaginável até outro dia que chegássemos a esse momento no Brasil. Não tem um candidato que represente a direita. É fantástico”.
É uma maneira de ver a coisa. O que Lula omite é que todos são, de uma forma ou outra, ligados à filosofia que afundou no final do século passado. Só neste Brasil que sempre vai a reboque da História o eleitor não terá, ano que vem, opção: ou vota em velhos comunistas ou vota em um comunista novo. Ao afirmar que é fantástico não ter nenhum candidato de direita, Lula está assumindo seu viés totalitário. É o antigo braço do Dr. Strangelove, que se ergue em movimento involuntário, na saudação nazista. Em uma democracia, o normal é que haja candidatos de todas as ideologias. Nas eleições de 2010, teremos representantes de uma ideologia só. Tá tudo dominado. Blanc bonnet, bonnet blanc — como dizem os franceses. O eleitor terá de optar entre seis e meia dúzia.
“Antigamente — prossegue o êmulo de Castro e Hugo Chávez — a campanha era o candidato de centro-esquerda ou de esquerda contra os trogloditas de direita. Começou a melhorar já comigo e com o Fernando Henrique Cardoso, já foi um nível elevado. Depois, eu e o Serra também. Depois veio o Alckmin e baixou o nível, por conta dele, não por minha conta”.
Fernando Henrique ou Serra, em suas campanhas, jamais ousaram dizer uma palavrinha contra Lula. Como Alckmin fez algumas críticas a Lula, logo é jogado no rol dos trogloditas de direita. Neste sentido, Lula demonstra sua profundidade identidade com o senador corrupto. Para Sarney, se a imprensa o critica, é inimiga das instituições. Tanto um como o outro sonham com o paraíso de todos os tiranos: um país onde não haja oposição nem dissidência alguma. O pior é que, ao que tudo indica, acabamos de chegar lá.
Que Ciro, Dilma ou Marina não façam oposição a Lula até que se entende. São gatos do mesmo saco. Mas Serra, que se apresenta como o mais viável candidato à sucessão, bem que poderia ousar criticar os desmandos e abusos do poder do PT. Mas Serra não ousa. Nenhum candidato ousaria. Ou seja, oposição no Brasil é conversa pra boi dormir.
É a mexicanização da política no Brasil. Após a Revolução de 1910, o México foi governado durante sete décadas por um único partido, o Partido Revolucionário Institucional, o PRI. Sob a aparência de democracia, durante sete décadas o México viveu uma ditadura. Este é o sonho de todo marxista. Tanto que as ditaduras do mundo soviética adoravam apresentar-se como “democracias populares”. Filhos espirituais de Marx, os petistas não pensariam diferente.
Os intelectuais que assinaram manifesto contra a Folha de São Paulo por ter definido o regime militar como uma ditabranda, ainda não perceberam o que seja uma ditabranda. É o que estamos vivendo. Anátema seja toda crítica ao Grande Guia. O Judiciário e o Legislativo já foram domesticados. Só resta a imprensa para denunciar os desmandos e a corrupção. Mas tanto faz como tanto fez que jornais denunciem corruptos. O Judiciário e o Legislativo os absolvem.
E ainda há quem me reprove por ter deixado de votar há mais de duas décadas.
Fonte: Janer Cristaldo
COMENTO: o Stangelove tupiniquim, ou Stalinácio, além de deixar "vazar" seguidamente seus instintos totalitários, também não perde oportunidade de se mostrar como o "princípio de tudo de bom": "Começou a melhorar já comigo...". É um grande patife com mania de grandeza. O Brasil estaria em boas mãos se esse calhorda valesse um por cento do que ele pensa que vale!
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