Texto atribuído erradamente a Millor Fernandes.
Atribuição equivocada, vez que Millor, combatia o regime militar no seu semanário "O Pasquim" e jamais o teria escrito, ainda que em termos irônicos.
por Anselmo CordeiroAtribuição equivocada, vez que Millor, combatia o regime militar no seu semanário "O Pasquim" e jamais o teria escrito, ainda que em termos irônicos.
Militar no poder, nunca mais. Só fizeram lambanças.
Tiraram o cenário bucólico que havia na Via Dutra de uma só pista, que foi duplicada e recebeu melhorias; acabaram aí com as emoções das curvas mal construídas e os solavancos estimulantes provocados pelos buracos na pista. Não satisfeitos, fizeram o mesmo com a rodovia Rio-Juiz de Fora, sem contar a mania de abrir novas estradas de norte a sul e de leste a oeste, o que deixou os motoristas atarantados e perdidos, sem saber qual caminho tomar para chegar ao destino.
Com a construção da ponte Rio-Niterói, acabaram com o sonho de crescimento da pequena Magé, cidade nos fundos da Baía de Guanabara, que era caminho obrigatório dos que vinham do sul, passando pelo Rio, em direção às cidades litorâneas do sudeste acima do Rio e nordeste, contornando a baía num percurso de mais de 100 km. Encurtaram o tempo de viagem entre Rio e Niterói, é verdade, mas acabaram com aquela gostosa espera pela barcaça que levava meia dúzia de carros de um lado a outro da baía.
Criaram esse maldito Proálcool, com o medo infundado de que o petróleo vai acabar um dia. E, para apressar logo o fim do chamado "ouro negro", deram um impulso gigantesco à Petrobras, que passou a extrair petróleo 10 vezes mais (de 75 mil barris diários, passou a produzir 750 mil); mas nem isso adiantou nada, porque, com o álcool mais barato que a gasolina, permaneceu o fedor de bêbado que os carros passaram a ter com o uso do inventado combustível.
Enfiaram o Brasil numa disputa estressante, levando-o da posição de 45ª economia do mundo para a posição de 8ª, trazendo com isso uma nociva onda de inveja mundial.
Tiraram o sossego da vida ociosa de 13 milhões de brasileiros, que, com a gigantesca oferta de emprego em milhares de obras, ficaram sem a desculpa do "estou desempregado".
Em 1971, no governo militar, o Brasil alcançou a posição de segundo maior construtor de navios no mundo, o que veio a ser outra desgraça, porque, além de atrair mais inveja, infernizou a vida dos que moravam perto dos estaleiros, com aquela barulheira da construção desenfreada.
Com gigantesca oferta de empregos, baixaram consideravelmente os índices de roubos e assaltos. Ora! Sem aquela emoção de estar na iminência de sofrer um assalto, os nossos passeios perderem completamente a graça.
Alteraram profundamente a topografia do território brasileiro com a construção de hidrelétricas gigantescas (Tucuruí, Ilha Solteira, Jupiá e Itaipu), o que obrigou as nossas crianças a aprenderem sobre essas bobagens de nomes esquisitos. Por causa disso, o Brasil, que antes vivia o romantismo do jantar à luz de velas ou de lamparinas, teve que tolerar a instalação de milhares de torres de alta tensão espalhadas pelo seu território, para levar energia elétrica a quem nunca precisou disso.
Implementaram os metrôs de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, deixando tudo pronto para o início das obras e, com elas, atazanar a vida dos cidadãos e o trânsito nestas cidades.
Inconseqüentes, injustos e perversos, esses militares baniram do Brasil pessoas bem intencionadas, que queriam implantar aqui um regime político que fazia a felicidade dos russos, cubanos e chineses, em cujos países as pessoas se reuniam em fila nas ruas apenas para bater-papo, e ninguém pensava em sair a passeio para nenhum outro país.
Foram demasiadamente rigorosos com os simpatizantes daqueles regimes, só porque esses, que os milicos, em flagrante exagero, chamavam de terroristas, soltaram uma "bombinha de São João" no aeroporto de Guararapes, onde alguns inocentes morreram de susto apenas.
Os militares são muito estressados. Fizeram tempestade em copo d'água só por causa de alguns assaltos a bancos, seqüestros de diplomatas ... ninharias que qualquer delegado de polícia resolve.
Tiraram-nos o interesse pela Política, vez que os deputados e senadores daquela época não nos brindavam com esses deliciosos escândalos que fazem a alegria da gente hoje.
Para piorar a coisa, se tudo isso ainda é pouco, ainda criaram o MOBRAL, que ensinou milhões a ler e escrever, aumentando mais ainda o poder dos empregados contra os seus patrões.
Nem o homem do campo escapou, porque criaram para ele o FUNRURAL, tirando do pobre coitado a doce preocupação que ele tinha com o seu futuro. Era tão bom imaginar-se velhinho, pedindo esmolas para sobreviver.
Outras desgraças criadas pelos militares:
Trouxeram a TV a cores para as nossas casas, pelas mãos de um Oficial do Exército, formado pelo Instituto Militar de Engenharia, que, por falta do que fazer, inventou o sistema PAL-M.
Criaram ainda a EMBRATEL; TELEBRÁS; ANGRA I e II; INPS, IAPAS, DATAPREV, LBA, FUNABEM e mais um penca de instituições, cujo amontoado de siglas nos levou a confundir nomes.
Todo esse estrago e muito mais, os militares fizeram em 22 anos de governo. Com isso, ganharam o quê? Inexplicavelmente nada. Todos os Generais-Presidentes foram para casa, levando apenas o soldo do posto. Se tivessem ficado ricos, um pouquinho que fosse, ainda dava para entender essa quantidade absurda de obras. O último deles, um tal Figueiredo, que sofria de um mal na coluna, teve que se valer de amigos para pagar tratamento com especialista. Ora! Então essa zoeira toda de obras foi só para complicar a vida simples das pessoas.
Depois que entregaram o governo aos civis, estes, nos vinte anos seguintes, não fizeram nem 10% dos estragos que os militares fizeram.
Graças a Deus! Ainda bem que os militares não continuaram no poder!!
Tem muito mais coisas horrorosas que eles, os militares, criaram, mas o que está escrito acima é o bastante para dizermos:
"Militar no poder, nunca mais!!!".
Anselmo Cordeiro (Net 7 Mares)
Fonte: Um Brasil Melhor
citado em Brasil Acima de Tudo
citado em Brasil Acima de Tudo
COMPLEMENTO: E tem mais, esses caras são incorrigíveis. Atualmente estão bagunçando uma cláusula pétrea da Magna Carta da engenharia nacional. Isto é, estão construindo estradas sem superfaturar e, o pior de tudo: dentro das especificações técnicas. Já pensaram no prejuízo das empreiteiras e dos políticos que delas recebem subsídios para suas campanhas? Por essa e outras semelhantes e que esses militares não são equiparados, por exemplo, aos diretores do Senado ou ao mordomo da Roseane Sarney. Quem manda! São otários, pois estão remando contra a correnteza nacional. Desculpem-me as críticas, mas eu não aguento mais esses caras. São metidos a entender de guerra, de soberania, de estratégia, tática. Portanto, sem a humildade necessária para se curvarem diante da grande sabedoria dos espertos doutores e doutoras que são, mas não são. Agora mesmo esses caras estão reclamando, sem razão, do sábio doutor em fraudar a Constituição, tendo em vista que este nomeou coveiros civis — peritos em "arqueologia moderna", para cavoucar as ossadas" — para chefiar um general e a trupe militar que, no Araguaia, vai dar um jeito de exumar dos estômagos de animais carnívoros, uns tantos ossinhos capazes de conquistar dividendos políticos. Afinal, as eleições de 2010 já estão nas ruas e os militares são incapazes de perceber que não interessa um plano de governo, mas sim um plano para a perpetuação na dolce vita da NOMENKLATURA.
Jorge Baptista Ribeiro
Recebido por correio eletrônico
Referência (página):
ResponderExcluirhttp://mujahdincucaracha.blogspot.com/2009/07/militares-no-poder.html
Solicito ao(à) proprietário(a) do blog alterar a autoria do texto para o nome completo do autor: Anselmo Cordeiro (Net 7 Mares), visto que, assinado apenas por Anselmo, pode demandar dúvidas e confusões com homônimos.
Este texto foi escrito por mim em 11 de julho de 2009, em resposta a uma mensagem dentro do grupo "umbrasilmelhor_sp, conforme pode ser constatado na URL:
http://br.groups.yahoo.com/group/umbrasilmelhor_sp/message/4887
onde a dita mensagem pode ser lida no seu conteúdo integral. Nas republicações feitas por terceiros e com o equivocado crédito ao Millor Fernandes, como aparece em numerosos blogs e sites, o meu texto acabou algo desfigurado, obrigando-me a republicá-lo com alguns
acréscimos no meu blog, em
http://net7mares.blogspot.com/2011/06/normal-0-21-false-false-false.html
Em http://www2.uol.com.br/millor/aberto/email/061.htm , espaço virtual do Millôr, ele, em resposta a um dos seus admiradores que o questionou sobre o suposto crédito, repudia a autoria creditada a si. Para encontrar o manifesto do Millôr, basta digitar "texto primário" no Ctrl + f (pesquisar texto na página).
Eu jamais podia imaginar que um texto que escrevi em cima das coxas, simples resposta a um colega de grupo de discussão, pudesse ter tamanha repercussão nas centenas de publicações Internet afora, e acredito que essa repercussão deve-se ao irregular crédito atribuído ao Millôr.
No fundo, nem esquento tanto com essa troca de autoria apesar do desconforto que ela causa, porque o que importa é o fato de o texto ter alcançado essa significativa quantidade de leitores. Quem deve estar metido em desconforto bem maior é o Millôr, colocado que foi como autor de um texto que, contra-ironicamente, enaltece o governo da Contra-Revolução de 64. Logo ele, o Millôr, que, naquela época, veiculava pelo seu semanário "O Pasquim" sarcásticas críticas ao regime, e nem por isso o seu jornal foi importunado.
Se, além de alterar a autoria, puder também substituir o texto atual, que, nos repasses, foi bastante alterado, pelo atualizado que está em
http://net7mares.blogspot.com/2011/06/normal-0-21-false-false-false.html
mais grato eu ficaria.
Anselmo Cordeiro (Net 7 Mares)
ancorol@bol.com.br
http://net7mares.blogspot.com/2009/11/mar-do-ego.html