domingo, 14 de junho de 2009

Ódio ao Ocidente

por Janer Cristaldo 
Comentando o caso do misterioso cidadão K, libanês que seria um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda — segundo Janio de Freitas — diz o desembargador Baptista Pereira: "o paciente está sendo investigado pela Polícia Federal, na denominada Operação Imperador, originada de interceptações telefônicas, com a finalidade de investigar a existência de suposta organização denominada Jihad Media Battalion, que propagaria material de cunho racista e de intolerância e discriminação religiosa pela rede mundial de computadores, internet, visando à incitação do ódio aos ocidentais e o fomento de ideologia anti-semita, colaborando com grupos como Al-Qaeda".
Pelo jeito, ódio ao Ocidente virou crime. Ora, legislação alguma tipifica ódio como crime. Ódio é um sentimento personalíssimo, que se esconde no fundo de cada alma. Que me conste, jamais será prova material de qualquer crime. É sentimento que desconheço. Mas me parece ser direito inalienável de qualquer pessoa odiar — ou amar — quem quer que seja. Enquanto este ódio — ou amor — não se transformar em atos tipificados como crime, não é crime. Crime é o ato definido como tal pela lei, não a intenção subjetiva de matar, ferir ou prejudicar alguém. Quanto à incitação ao ódio aos ocidentais, se algum juiz quiser condenar alguém, a nata da intelligentsia brasileira devia estar na cadeia.
O ódio ao Ocidente tem, a meu ver, sua mais clara exposição no Manifesto Comunista. "Um fantasma ronda a Europa: o fantasma do comunismo" — esta é a primeira frase do panfleto. Fantasma é algo que ameaça. A ameaça de Marx, no caso, dirige-se ao continente que o gerou, à cultura por excelência ocidental. Ódio ao Ocidente nutriram todos os marxistas de todas as décadas, que jamais aceitaram seus mais importantes achados: democracia, eleições livres, livre expressão do pensamento, liberdade de imprensa, o conceito de indivíduo. Ódio ao Ocidente nutriram Marx, Lênin e Stalin. E também os mais reputados escritores do século passado, desde Sartre e Brecht a Pablo Neruda e Jorge Amado.
Ódio ao Ocidente é moeda bastante comum ... no Ocidente. Odiaram o Ocidente todos os intelectuais marxistas que defenderam Lênin, Stalin, Mao, Pol Pot, Castro, e eles foram legião. Filosofia, literatura e artes do século passado — e mesmo deste — estão eivadas deste ódio ao Ocidente. Odeiam o Ocidente todos os intelectuais europeus que defendem o Islã. Todos os defensores da imigração ilegal na Europa. Todos aqueles que julgam ser um direito dos árabes ter tribunais islâmicos para julgar árabes na Europa. Todos aqueles que defendem a infibulação da vagina e a ablação do clitóris em nome da diversidade cultural. Todos os padres que defendem a permanência de mendigos nas ruas, empestando as belas cidades que o Ocidente construiu.
Todos os defensores de culturas ágrafas, de tribos que não chegaram à Idade da Pedra, como se estas fossem iguais ou superiores à cultura ocidental. Todos os racistas que defendem a existência de cotas raciais na universidade e no trabalho. Essa gente que acha que negro vale por dois brancos na hora de disputar um lugar ao sol só porque é negro. Que índio tem direito a vastos territórios que sequer conseguiria controlar só porque é índio. Todos os antropólogos, sociólogos e outros oólogos que defendem o sagrado direito de os bugres enterrarem vivas suas crianças, quando as consideram inaptas para a vida. Todos os militantes de qualquer partido que defendam o direito à invasão de propriedades e depredação de laboratórios onde se faz ciência.
O ódio ao Ocidente e seus valores, à democracia, à liberdade de expressão, aos direitos iguais para todos — sem distinção de raça, cor ou fortuna — está incrustado nas universidades, nos jornais, nos tribunais... do Ocidente. É redundante buscá-lo em um pobre diabo oriundo do Líbano.

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