segunda-feira, 15 de junho de 2009

Especial FARC: 1 - O Terror Sem Limites

por Marcelo Rech
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) garantem que lutam pela segurança e o bem estar dos colombianos, mas isso não os impede de planejar e executar atos de violência e terror na Colômbia.
Após anunciar que libertaria alguns dos seqüestrados durante os últimos anos, a cúpula da organização determinou que os guerrilheiros atirassem em todos aqueles que fossem resgatados ou tentassem fugir.
Aeneida “Miryam” Rudea Calderon é uma ex-combatente das FARC que desertou. Ela se entregou às autoridades colombianas e afirmou que recebeu ordens para matar todos aqueles inocentes que estivessem próximos de serem resgatados pelo Exército.
Essa é uma nova política interna da guerrilha, implementada por conta do grande número de reféns que têm conseguido a liberdade graças aos desertores.
A maioria daqueles que abandonam as FARC, o fazem por acreditar que a organização vive seus últimos suspiros.
Entendem que receberão um tratamento melhor por parte do Estado colombiano sempre que conseguirem libertar seqüestrados.
As FARC preferem assassinar reféns a passar pela desonra das deserções e fugas.
Recentemente, o grupo assumiu o assassinato de dois médicos civis numa explosão de bombas em dezembro. A guerrilha limitou-se a lamentar pelo que chamou de “acidente”.
No entanto, cabe observar que é raro as FARC se desculparem, ainda que de forma cínica e falsa.
Provavelmente, essa mudança de hábito seja resultado da forte reação popular contra o assassinato de inocentes.
Pressionada, a guerrilha justificou dizendo que eram integrantes de uma unidade anti-seqüestro do governo, o que é difícil de aceitar uma vez que eles viajavam num carro identificado como parte de uma missão médica.
É importante ressaltar que as FARC nunca se desculparam por um incidente semelhante, ocorrido na mesma época, no qual oito policiais colombianos morreram na explosão de uma bomba na estrada.
Nos dois incidentes, a polícia colombiana descobriu grandes quantidades de explosivos das FARC, destinados a ações contra civis. Em Usme, pequeno vilarejo a menos de 16 km de Bogotá, foram encontradas 59 bombas de fabricação caseira que a guerrilha planejava utilizar em ataques na capital.
A apreensão evitou uma tragédia.
No sul do país, outro depósito de armas foi descoberto pela polícia. Nele eram fabricadas e armazenadas quantidades significativas de nitrato de amônia, um componente para a fabricação de explosivos poderosos.
As autoridades encontraram nove toneladas desse produto químico mortífero que seriam usados em ataques nos departamentos do sudeste do país.
Nessa batida, a polícia também conseguiu capturar suspeitos, incluindo um importante líder do grupo. “As ações em Buenaventura tiveram resultados excepcionais, e terminaram com a captura de cinco milicianos das FARC, entre eles, um conhecido como Cesar, e a apreensão de armas”, afirmou a polícia em um comunicado.
Talvez, a mais alarmante de todas as atividades suspeitas das FARC recentemente tenha sido o ataque com granada que matou cinco pessoas e deixou outras 65 feridas nas festividades de Ano Novo em um povoado indígena.
Há muito se sabe que as FARC têm antipatia pelos povos indígenas da Colômbia, responsáveis por frustrar algumas operações de contrabando de drogas da guerrilha.
Por outro lado, executar um ataque tão bárbaro contra um grupo de pessoas comemorando a entrada de um novo ano é muita covardia, mesmo para uma organização narcoterrorista.
As FARC fizeram várias promessas nos últimos meses numa tentativa desesperada de conquistar o apoio do povo colombiano. A organização tem consciência que as pessoas estão cansadas da matança e do terrorismo e responsabilizam o grupo por operações onde as vítimas são inocentes.
Ocorre que os incidentes relatados deixam claro que as FARC não têm o menor interesse pelo bem-estar dos colombianos.
A morte dos médicos e os planos de ataque com morteiros em Bogotá, comprovam que a guerrilha nunca teve interesse em renunciar aos seus meios criminosos.
Na prática, o terrorismo das FARC foi reforçado até pelo receio de sua própria sobrevivência.
A Colômbia e a comunidade internacional não podem se deixar enganar por um discurso divorciado da realidade.
As FARC não mudaram em seu comportamento, nem em seus objetivos.

Marcelo Rech é jornalista, editor do InfoRel e
especialista em Relações Internacionais e Estratégias e Políticas de Defesa.
E-mail: inforel@inforel.org.

Fonte: Mundo RI
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