O que há para esclarecer é muito mais do que uma simples ficha, que pode ser falsa ou verdadeira. Primeiro, é inadmissível aceitar a palavra de Dilma Rousseff como verdade apenas quando a mesma a favorece e eleva.
Afirma Dilma: "Tomei choques em várias partes do corpo, inclusive nos bicos dos seios. Tive até hemorragia. Depois de apanhar, era jogada nua em um banheiro, suja de urina e fezes. Tremia de frio até que a sessão de tortura começasse novamente". Não há uma única prova de que isto aconteceu. Pode ser um relato minuciosamente preparado pelo assessor de imprensa da candidata. É apenas a sua palavra que, neste caso, não tem a mínima credibilidade.
Por outro lado, não há como negar que a organização clandestina, terrorista e assassina da qual Dilma Rousseff participava, conforme ela mesmo afirma e declara, cometeu crimes hediondos. E que companheiros seus a apontam como o "cérebro" da organização. A mentora intelectual. A gestora. A "mãe" do Colina, do PolOp, da VPR.
Estão querendo transformar Dilma em heroína contando apenas um lado da história, justamente aquele que não está apoiado por documentos e testemunhas. E negar o outro lado da mesmíssima história, sobre a qual há farta documentação, várias confirmações da própria envolvida, além de inúmeras provas testemunhais de ex-companheiros. Dilma diz que tem "orgulho" de ter sido torturada e lutado contra a "repressão". Pois também deveria ter remorso e vergonha por ter participado de uma organização que sequestrou, assassinou, roubou, espalhou o terror junto à população.
Aqui, por exemplo, é feita uma descrição completa de toda a trajetória de Dilma Rousseff, que se contrapõe completamente à "verdade oficializada". Simbolicamente, é chamada de "verdade sufocada".
Por que a ministra não desmente o documento com fatos e provas? Por que, nestas horas, os seus defensores vêm sempre com o mesmo argumento de que ele foi preparado por torturadores, pela extrema direita, pelos adeptos da ditadura? Por que não apresentam provas concretas de inocência?
Nos últimos dias, quando a Folha de São Paulo publicou a sua suposta ficha, para manter como verdade absoluta a história contada por ela mesmo, a ministra usou datas para desqualificar a matéria. Em seguida, deu uma entrevista à Marie Claire onde mudou as datas, desmentindo a si mesma. Apenas um caso: declarou que aos 15 anos estava no movimento estudantil para protestar contra a ditadura militar. Muito romântico, não é mesmo? Uma adolescente lutando contra os gorilas. Acontece que ela tinha 15 anos em 1962, ainda faltavam dois anos para a revolução de 1964.
Mentir, neste caso, não é o maior crime. Resta lembrar que Dilma Rousseff já foi anistiada, o passado está morto e enterrado, vamos em frente com a nossa frágil democracia. A ficha não importa mais. A biografia sim, porque é história. E esta tem que ser discutida, pois ela é candidata à presidência da República e temos o direito de vasculhar cada pedacinho do seu passado.
Fonte: Coturno Noturno
COMENTO: excelente trabalho de análise de dados, no caso de datas citadas. Parabéns ao "Coronel" do Coturno Noturno por sua paciência e perspicácia. Esse trabalho poderia ter sido feito por qualquer assessor parlamentar se houvesse oposição política neste país. Nenhum "jornalista" também se deu ao trabalho de realizar a tarefa realizada com maestria por um blogueiro indignado que usa seu tempo de lazer para fazer o que muitos "profissionais" poderiam e deveriam ter feito. É claro, as verbas públicas de comunicação social sempre falam mais alto!!
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