Ele se chama Marcial Congo. Tem 58 anos. Esquerdista de mostruário, tornou-se o auxiliar mais próximo do presidente do Paraguai, Fernando Lugo.
Congo (na foto à esquerda) não é um personagem de sala de espera. Entra sem bater. Apresenta-se como secretário particular do presidente. A imprensa paraguaia especula que ele também faz as vezes de guarda-costas de Lugo (abaixo, à direita).
Só de raro em raro Congo fala com repórteres. Numa dessas ocasiões, disse algo que adensou a aura de mistério que o envolve.
Imagem: ABC.py.com |
Só de raro em raro Congo fala com repórteres. Numa dessas ocasiões, disse algo que adensou a aura de mistério que o envolve.
Definiu-se como a "sombra" do presidente paraguaio, seu "grande amigo". Para que não restasse nenhuma réstia de dúvida quanto à estima que nutre pelo amigo, disse que não hesitaria em sacrificar a própria vida por Lugo.
O acesso de Congo não se restringe à sede do governo paraguaio. Ele manuseia também as maçanetas da residência oficial do presidente.
Jamais foi visto de terno e gravata. Desfila em mangas de camisa. Prefere as sandálias de couro aos sapatos.
Tem especial apreço por jaquetas. Serve-se delas para ocultar uma pistola que leva na cintura.
No último dia 5 de dezembro, em visita à capital paraguaia, uma comitiva de deputados brasileiros foi à Mburuvicha Roga, a casa oficial do presidente. O encontro fora solicitado por Eduardo Santos, embaixador do Brasil em Assunção.
Antes de chegar a Lugo, a delegação brasileira avistou-se com a "sombra" dele. O secretário particular do presidente paraguaio trazia na mão esquerda, um walkie-talkie. Vestia camisa de manga curta. A ausência da jaqueta franqueou aos presentes a imagem da pistola (calibre 45) grudada na cinta.
Arrastando as sandálias, Congo encurtou a distância que o separava de um dos visitantes brasileiros, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). "Lembra-se de mim, ministro?"
Jungmann pôs-se a perscrutar a fisionomia do interlocutor. Os dentes pronunciados. Os óculos de aro circular. Os longos fios de cabelo, reunidos num rabo de cavalo, como uma espécie de esforço inócuo para compensar a calva frontal. Tudo parecia familiar. Mas a memória de Jungmann o traía. O auxiliar de Lugo socorreu-o: "Marcial, do MST", dirigente "histórico" do movimento dos sem-terra no Rio Grande do Sul.
Ex-ministro da Reforma Agrária de FHC, Jungmann se deu, finalmente, por achado. Travara embates homéricos com o MST.
Marcial Congo era um dos que estavam do outro lado. Congo fizera-se conhecido dos paraguaios há cerca de 20 anos. Fora às páginas esportivas dos jornais locais como um vitorioso corredor de maratonas. Ainda nos tempos de atleta, metera-se num seminário católico da ordem dos Franciscanos. Emigrara para o Brasil já na condição de ex-padre.
A campanha presidencial de Lugo devolvera-o ao noticiário.
Súbito, a sessão de reminiscências teve de ser interrompida. Os visitantes brasileiros foram convidados a entrar no aposento em que os aguardava Fernando Lugo.
Aos olhos do contribuinte, viagens de congressistas ao exterior se confundem com excursões turísticas bancadas pela Viúva. No retorno ao Brasil, exige-se dos viajantes a elaboração de relatórios. Muitos dão de ombros para a convenção. Outros redigem textos inservíveis.
Jungmann decidiu inovar. Desde o último dia 31 de dezembro, o deputado publica em seu blog um "diário de viagem".
O encontro com o velho conhecido do MST está descrito no segundo texto da série. Há outros quatro relatos (aqui, aqui, aqui e aqui).
Nas últimas semanas, os serviços de "inteligência" do governo brasileiro ocupam-se de um tema caro ao Paraguai.
Gabinetes da Esplanada e do Planalto foram informados de que o MST e outros movimentos sociais decidiram apoiar a revisão do tratado de Itaipu. A presença de Marcial Congo no gabinete de Lugo ajuda a entender o gesto.
Nos próximos dias, o "diário" de Jungmann trará à luz os detalhes da passagem da delegação de deputados brasileiros pela Bolívia de Evo Morales.
O acesso de Congo não se restringe à sede do governo paraguaio. Ele manuseia também as maçanetas da residência oficial do presidente.
Congo e Lugo Imagem: internet |
Jamais foi visto de terno e gravata. Desfila em mangas de camisa. Prefere as sandálias de couro aos sapatos.
Tem especial apreço por jaquetas. Serve-se delas para ocultar uma pistola que leva na cintura.
No último dia 5 de dezembro, em visita à capital paraguaia, uma comitiva de deputados brasileiros foi à Mburuvicha Roga, a casa oficial do presidente. O encontro fora solicitado por Eduardo Santos, embaixador do Brasil em Assunção.
Antes de chegar a Lugo, a delegação brasileira avistou-se com a "sombra" dele. O secretário particular do presidente paraguaio trazia na mão esquerda, um walkie-talkie. Vestia camisa de manga curta. A ausência da jaqueta franqueou aos presentes a imagem da pistola (calibre 45) grudada na cinta.
Arrastando as sandálias, Congo encurtou a distância que o separava de um dos visitantes brasileiros, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). "Lembra-se de mim, ministro?"
Jungmann pôs-se a perscrutar a fisionomia do interlocutor. Os dentes pronunciados. Os óculos de aro circular. Os longos fios de cabelo, reunidos num rabo de cavalo, como uma espécie de esforço inócuo para compensar a calva frontal. Tudo parecia familiar. Mas a memória de Jungmann o traía. O auxiliar de Lugo socorreu-o: "Marcial, do MST", dirigente "histórico" do movimento dos sem-terra no Rio Grande do Sul.
Ex-ministro da Reforma Agrária de FHC, Jungmann se deu, finalmente, por achado. Travara embates homéricos com o MST.
Marcial Congo era um dos que estavam do outro lado. Congo fizera-se conhecido dos paraguaios há cerca de 20 anos. Fora às páginas esportivas dos jornais locais como um vitorioso corredor de maratonas. Ainda nos tempos de atleta, metera-se num seminário católico da ordem dos Franciscanos. Emigrara para o Brasil já na condição de ex-padre.
A campanha presidencial de Lugo devolvera-o ao noticiário.
Súbito, a sessão de reminiscências teve de ser interrompida. Os visitantes brasileiros foram convidados a entrar no aposento em que os aguardava Fernando Lugo.
Aos olhos do contribuinte, viagens de congressistas ao exterior se confundem com excursões turísticas bancadas pela Viúva. No retorno ao Brasil, exige-se dos viajantes a elaboração de relatórios. Muitos dão de ombros para a convenção. Outros redigem textos inservíveis.
Jungmann decidiu inovar. Desde o último dia 31 de dezembro, o deputado publica em seu blog um "diário de viagem".
O encontro com o velho conhecido do MST está descrito no segundo texto da série. Há outros quatro relatos (aqui, aqui, aqui e aqui).
Nas últimas semanas, os serviços de "inteligência" do governo brasileiro ocupam-se de um tema caro ao Paraguai.
Gabinetes da Esplanada e do Planalto foram informados de que o MST e outros movimentos sociais decidiram apoiar a revisão do tratado de Itaipu. A presença de Marcial Congo no gabinete de Lugo ajuda a entender o gesto.
Nos próximos dias, o "diário" de Jungmann trará à luz os detalhes da passagem da delegação de deputados brasileiros pela Bolívia de Evo Morales.
Fonte: Blog do Josias
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atravanca um palpite aqui: