“Mais uma vez empurrada para o Dia de São Nunca, a reforma tributária, de padrão meia-sola, está bem longe de simplificar e humanizar a coleta e a partilha da carga fiscal no Brasil, já da ordem de 37% do PIB. É como se o sistema tributário brasileiro não desfilasse o crachá de o pior do mundo, num ranking de 143 países pesquisados pelo Banco Mundial”.
(Newsletter de Joelmir Betting no dia de Natal/2008).
por Arlindo Montenegro
Quando o artesão tece uma rede de fibra ou de algodão, contribui para a saúde e bem estar de outra pessoa. Quando o lixeiro coloca os descartes fétidos no caminhão, contribui para a saúde da população. Quando o operário cumpre sua parte, quando o lavrador ou técnico em agricultura exerce seu conhecimento na prática, contribui com o outro.Estas pessoas contribuem para o bem estar e saúde das pessoas, contribuem efetivamente para a criação da riqueza da nação. Como também contribuem os professores, os comerciantes, os que transportam e tantos outros que movimentam diretamente a transformação da natureza em alimentos e produtos que facilitam o bem estar da gente.
Agora os mais bem remunerados dentre os brasileiros, pagos pelos tributos (37% do PIB) arrecadados pela Receita Federal mais outras taxas, encargos e cobranças disfarçadas, que elevam a extorsão oficial a quase metade de tudo quanto se produz por aqui, são os tais “representantes do povo”.
Todos os que vivem no Brasil, são obrigados — pelas Leis que Deputados, Vereadores, Senadores elaboram e os governantes assinam em baixo — a pagar para a manutenção da boa vida desta praga que assola a economia e escarnece dos que — obrigatoriamente — somaram votos para manter a pouca vergonha.
Artesãos, lixeiros, operários, agricultores, transportadores, comerciantes, professores e até desocupados na esperança de encontrar trabalho, pagam, obrigatoriamente, os impostos e taxas sobre as ínfimas remunerações, atribuídas pelas políticas trabalhistas ao artesão e ao lixeiro, ao operário, ao agricultor.
Para quem produz diretamente, 500, 1.000 ou 5.000 Reais por mês e um teto modesto em meio à violência poluída e estressante que fragiliza a saúde física e mental. Para os representantes, a fatia dos 10, 20, 30 mil — mais vantagens, comissões, casa, eletricidade, gás, telefone, TV, massagem, médicos e melhores hospitais e proteção da lei, impunidade, permissão para o furto continuado dos cofres públicos, cartões corporativos, verbas sigilosas.
Reforma tributária? Reforma política de modo a cobrar a responsabilidade e sensatez dos representantes? Reduzir os custos desta máquina de crimes maiores? O ministro da saúde faz menos pela saúde que os lixeiros! Os outros engravatados e titulados ministros que muito falam e pouquíssimo fazem pelo bem comum parecem estar vendidos e encantados com as benesses e beleza dos palácios onde circulam à luz dos refletores.
Esta é a novela sem fim do poder que se impõe contra todos. Uma novela na contra mão da tradição do Natal de Jesus, que ensinou “Amai-vos uns aos outros...”, que lembrou nossa origem comum e indicou a fraternidade para a condição digna.
Irmãos? Pais? Filhos? Família? Amor? Esperança? Fé? Segurança? Futuro planejado? Governo honesto? Democracia? — Tudo isto e mais, virtudes, tradição, respeito reverencial ao saber dos mais velhos, foi ensinado a muitos de nós. Pouco resta. Os valores impostos hoje são as mentiras e vícios de ontem. Impera o cinismo e a violência.
Arlindo Montenegro é Apicultor.
Fonte: Alerta Total
COMENTO: Três pequenas notas publicadas ontem, que demonstram muito bem as prioridades governamentais para o uso do dinheiro público.
1) Apesar dos levantamentos mostrando que o tráfico de drogas e de armas entra no Brasil sem dificuldades, através das fronteiras sem policiamento nem controle, o governo Lula não gastou um só centavo, em 2008, para reverter esse quadro. O Orçamento da União reservou R$ 164,1 milhões para o programa “Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira”, por exemplo, mas o governo nada gastou. E os traficantes celebram.
2) O ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) foi cedido por mais um ano pela Secretaria da Fazenda gaúcha ao governo federal, só para garantir a ele, que não é bobo, o salário de agente fiscal do Tesouro, além dos vencimentos de ministro e de membro de conselhos como o de Segurança Alimentar e Nutricional. Procurado pela coluna, Cassel está de férias. Sua assessoria não confirmou quanto ele recebe.
3) Os sete pontos da tevê a cabo Net, na residência do presidente do Senado, custaram R$ 10 mil para instalar e mais R$ 2,4 mil mensais.
(Coluna do Claudio Humberto - 26 Dez 08).
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