por Renato Ferraz
As autoridades de trânsito do Distrito Federal precisam acordar urgentemente para um grave problema: o do excesso de desrespeito às regras legais e de civilidade por parte de motociclistas da cidade, principalmente os chamados motoboys — aqueles que usam motos para trabalhar e que, talvez por julgarem-se “profissionais”, sentem-se azes e no direito de fazer o que bem entenderem. Hoje, não há quem não tenha no mínimo levado um susto com algum irresponsável que circula velozmente entre carros em movimento, por exemplo.
A princípio, o problema é resultado da frota que tem naturalmente crescido — pela ainda facilidade na concessão de crédito e pela carência no serviço público de transporte. Em 2000 tínhamos 25,9 mil motos circulando no DF; este ano, já chegamos a 105 mil. De janeiro até setembro o comércio local já vendeu 17.234 unidades, um aumento de 37,18% em relação a igual período do ano passado. Mas são outros números que efetivamente assustam: a cada mês morrem sete motociclistas nas nossas ruas. É mais de um por semana! No ano passado, foram 93 mortes. No atual ritmo, chegaremos fácil aos 100 até dezembro. Estamos nos aproximando de uma situação calamitosa, semelhante à verificada em São Paulo, onde morre um por dia.
Até agora, o Denatran e os Detrans de todo o país só haviam tomado posições tímidas tendo em vista a gravidade do problema. Como distribuir coletes de segurança fluorescentes, oferecer cursos práticos de direção defensiva e padronizar a tipologia dos caracteres das placas e tarjetas. Felizmente, as autoridades já começaram pelo menos a identificar e mapear o problema.
Algumas soluções propostas — que começarão a valer em 2009 — são louváveis, como proibir definitivamente o maldito tráfego nos corredores entre os carros ou barrar o transporte de crianças com menos de 10 anos. É válido, também, determinar que os futuros motociclistas façam prova prática, nas ruas — enfrentando todas as adversidades possíveis.
No entanto, falta algo essencial: guardas e fiscais nas ruas para punir exemplarmente quem descumpre as leis. É por essa e outras que se torna ainda mais bem-vinda a Companhia Metropolitana de Trânsito (CMT).
Fonte: Correio Braziliense - 31 Out 08
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