O diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações (CEPESC) da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Otávio Carlos Cunha da Silva, disse na CPI do Grampo na quarta-feira da semana passada que a maleta Oscor 5000 não faz grampo, só varredura. Foi desmentido no depoimento seguinte pelo seu chefe, o diretor-adjunto José Milton Campana.
Otávio Silva, um engenheiro formado pela UnB e especializado em criptografia, ingressou no SNI na década de 80. Virou um funcionário singular: ele é a porta de acesso ao segredo das informações da agência como detentor da chave do Criptovox - a caixa blindada com o chip da cifra alfanumérica que rege a seqüência em algoritmo que codifica todas as mensagens sensíveis da administração federal.
O Criptovox, desenvolvido no CEPESC de Otávio, hoje protege 1.800 aparelhos da Esplanada, incluindo os telefones de Lula e seus assessores nos palácios do Planalto e do Alvorada, os aparelhos dos ministros, dos dirigentes dos principais órgãos federais e das maiores unidades militares no país.
Foi o CEPESC de Otávio que desenvolveu o sistema de transmissão segura dos dados de cada urna eletrônica que recolhe a manifestação de vontade de 100 milhões de eleitores. É a ABIN de Otávio que garante a codificação das informações, em cada seção eleitoral, e as codifica para levar os números da eleição até a central do Tribunal Superior Eleitoral em Brasília.
Otávio, com toda essa responsabilidade, já foi alvo de duas operações de contra-espionagem nos últimos dez anos. A primeira foi realizada ainda pelo Departamento de Inteligência da SAE, a sigla que substitiu o SNI extinto por Fernando Collor em seu primeiro ano de governo.
Gente graúda passou a desconfiar das freqüentes viagens de Otávio ao exterior, média de uma por mês, a pretexto de visitar exposições de bugigangas eletrônicas e de participar de seminários com a fina flor da arapongagem mundial. E passou a suspeitar de suas estreitas relações com serviços de informação dos Estados Unidos e Alemanha.
Começou-se então a conjeturar sobre o padrão de vida de Otávio, incompatível com o salário de um tecnologista do Ministério de Ciência e Tecnologia cedido à ABIN, só agora percebendo R$ 10 mil de proventos. Apesar desse aperto Otávio tem uma casa no Lago Norte avaliada em cerca de R$ 1 milhão, mas agora prefere viver num apartamento alugado, mais modesto, na quadra 216 da Asa Sul.
Tempos atrás ele tinha o estranho hábito de sair de casa, após o almoço de sábado, comprar alguns cartões telefônicos e se dar ao trabalho de ir até a cidade de Sobradinho, a 30 km de sua quadra, para usar os orelhões da cidade-satélite. Os técnicos em telefonia lembram que ali havia um ponto cego do sistema que tornava ineficaz qualquer tentativa de grampo, dando absoluta segurança às conversas.
Mesmo assim, o que disse a ex-mulher de Otávio em nada afetou a situação dele. Na dúvida, áreas mais sensíveis do Comando do Exército deixaram de usar o sistema criptografado do CEPESC de Otávio.
A zorra na área de inteligência do governo é tão grande que o Criptovox sob controle estrito de Otávio já esteve, um tempo, fora do controle da ABIN. No Governo FHC, talvez por obra e graça do neoliberalismo, privatizaram o Criptovox, que passou a ser a jóia de uma pequena empresa particular, com dois telefones e sem fax, instalada numa saleta da quadra 708/709 da Asa Norte de Brasília.
A Acron Telecomunicações e Informática Ltda. era propriedade de um coronel egresso do SNI, Antônio Carlos Menna Barreto Monclaro, formado em Engenharia de Comunicações em 1969 pelo respeitado Instituto Militar de Engenharia (IME). Apesar de pequena, a Acron estava registrada no CADIMNB, o Cadastro da Indústria Militar Naval Brasileira, com área de interesse em "criptografia e cibernética".
O general Alberto Cardoso, chefe do Gabinete Militar do Planalto, achou que aquele sistema tão sensível não poderia ficar fora do controle federal. Então decidiu estatizar a Acron nos idos de 2000, comprando de volta seu rico acervo. Pagou a conta com recursos da VS, a Verba Secreta da ABIN, que nem a lupa mais sensível do Tribunal de Contas da União consegue identificar. Foram duas ou três parcelas, a primeira delas de aproximadamente R$ 800 mil, segundo a memória de arapongas da época.
Reestatizaram também o coronel Monclaro, dono da Acron. Ele foi contratado em 12 de abril de 2005 pelo Palácio do Planalto, conforme portaria assinada pelo ministro José Dirceu, da Casa Civil. Com um DAS-5 foi designado assessor especial do general Félix, responsável pelo Departamento de Segurança da Informação e das Comunicações (DESIC) criado em maio de 2006.
Traduzindo: Monclaro agora é o responsável pelo sigilo das conversas do Planalto e seus notáveis habitantes. Usa o mesmo Criptovox que saiu do Governo FHC com ele e que ele depois revendeu para o governo federal que agora emprega os dois – o Criptovox e o coronel.
Monclaro voltou com força ao poder. Na tarde de 15 de julho passado ele foi o moderador de uma reunião de três horas e meia no Palácio do Planalto com 21 técnicos em segurança e informática, incluindo gente dos ministérios da Defesa e Planejamento, Inmetro, Universidade de Brasília e cinco especialistas da ABIN, três deles do CEPESC – incluindo o próprio diretor do Centro, Otávio.
No encontro o coronel defendeu a adoção no governo do Ecrypt, um programa de criptografia lançado em 2004 e adotado em 35 universidades e centros de pesquisas dos países mais avançados da União Européia.
Na manhã da próxima quinta-feira, o coronel Monclaro vai mostrar a cara e o talento publicamente no Centro de Convenções de Manaus. Fará a segunda palestra do dia na IV Feira Internacional da Amazônia. Vai falar sobre o RENASIC, a Rede Nacional de Segurança da Informação e Criptografia que deve interligar e proteger os terminais do governo, dos centros de pesquisa, das universidades e das empresas. Uma espécie de Criptovox dos computadores.
Na Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, o general Jorge Félix, chefe dos dois, poderá falar hoje a respeito de tudo isso que os deputados esqueceram de perguntar, e que ele não lembrou ou não quis dizer.
Otávio Silva, um engenheiro formado pela UnB e especializado em criptografia, ingressou no SNI na década de 80. Virou um funcionário singular: ele é a porta de acesso ao segredo das informações da agência como detentor da chave do Criptovox - a caixa blindada com o chip da cifra alfanumérica que rege a seqüência em algoritmo que codifica todas as mensagens sensíveis da administração federal.
O Criptovox, desenvolvido no CEPESC de Otávio, hoje protege 1.800 aparelhos da Esplanada, incluindo os telefones de Lula e seus assessores nos palácios do Planalto e do Alvorada, os aparelhos dos ministros, dos dirigentes dos principais órgãos federais e das maiores unidades militares no país.
Foi o CEPESC de Otávio que desenvolveu o sistema de transmissão segura dos dados de cada urna eletrônica que recolhe a manifestação de vontade de 100 milhões de eleitores. É a ABIN de Otávio que garante a codificação das informações, em cada seção eleitoral, e as codifica para levar os números da eleição até a central do Tribunal Superior Eleitoral em Brasília.
Otávio, com toda essa responsabilidade, já foi alvo de duas operações de contra-espionagem nos últimos dez anos. A primeira foi realizada ainda pelo Departamento de Inteligência da SAE, a sigla que substitiu o SNI extinto por Fernando Collor em seu primeiro ano de governo.
Gente graúda passou a desconfiar das freqüentes viagens de Otávio ao exterior, média de uma por mês, a pretexto de visitar exposições de bugigangas eletrônicas e de participar de seminários com a fina flor da arapongagem mundial. E passou a suspeitar de suas estreitas relações com serviços de informação dos Estados Unidos e Alemanha.
Começou-se então a conjeturar sobre o padrão de vida de Otávio, incompatível com o salário de um tecnologista do Ministério de Ciência e Tecnologia cedido à ABIN, só agora percebendo R$ 10 mil de proventos. Apesar desse aperto Otávio tem uma casa no Lago Norte avaliada em cerca de R$ 1 milhão, mas agora prefere viver num apartamento alugado, mais modesto, na quadra 216 da Asa Sul.
Tempos atrás ele tinha o estranho hábito de sair de casa, após o almoço de sábado, comprar alguns cartões telefônicos e se dar ao trabalho de ir até a cidade de Sobradinho, a 30 km de sua quadra, para usar os orelhões da cidade-satélite. Os técnicos em telefonia lembram que ali havia um ponto cego do sistema que tornava ineficaz qualquer tentativa de grampo, dando absoluta segurança às conversas.
Tudo isso virou dinamite na mão da ex-mulher de Otávio. E ex-mulher, como sabem até os orelhões mais surdos, é um perigo maior que o Oscor 5000. A ex-senhora Otávio Silva, que vive no Espírito Santo, decidiu contar em 2005 supostos e intrigantes detalhes domésticos a um alto ocupante do Palácio do Planalto.
Naquela época, o general Wellington Fonseca era o secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional de Lula, o GSI do general Jorge Félix. O relato da patroa deixou o general Wellington assustado por dois motivos: pelo teor das informações e pela qualificação de Otávio, um homem de confiança do próprio ministro Félix.Mesmo assim, o que disse a ex-mulher de Otávio em nada afetou a situação dele. Na dúvida, áreas mais sensíveis do Comando do Exército deixaram de usar o sistema criptografado do CEPESC de Otávio.
A zorra na área de inteligência do governo é tão grande que o Criptovox sob controle estrito de Otávio já esteve, um tempo, fora do controle da ABIN. No Governo FHC, talvez por obra e graça do neoliberalismo, privatizaram o Criptovox, que passou a ser a jóia de uma pequena empresa particular, com dois telefones e sem fax, instalada numa saleta da quadra 708/709 da Asa Norte de Brasília.
A Acron Telecomunicações e Informática Ltda. era propriedade de um coronel egresso do SNI, Antônio Carlos Menna Barreto Monclaro, formado em Engenharia de Comunicações em 1969 pelo respeitado Instituto Militar de Engenharia (IME). Apesar de pequena, a Acron estava registrada no CADIMNB, o Cadastro da Indústria Militar Naval Brasileira, com área de interesse em "criptografia e cibernética".
O general Alberto Cardoso, chefe do Gabinete Militar do Planalto, achou que aquele sistema tão sensível não poderia ficar fora do controle federal. Então decidiu estatizar a Acron nos idos de 2000, comprando de volta seu rico acervo. Pagou a conta com recursos da VS, a Verba Secreta da ABIN, que nem a lupa mais sensível do Tribunal de Contas da União consegue identificar. Foram duas ou três parcelas, a primeira delas de aproximadamente R$ 800 mil, segundo a memória de arapongas da época.
Reestatizaram também o coronel Monclaro, dono da Acron. Ele foi contratado em 12 de abril de 2005 pelo Palácio do Planalto, conforme portaria assinada pelo ministro José Dirceu, da Casa Civil. Com um DAS-5 foi designado assessor especial do general Félix, responsável pelo Departamento de Segurança da Informação e das Comunicações (DESIC) criado em maio de 2006.
Traduzindo: Monclaro agora é o responsável pelo sigilo das conversas do Planalto e seus notáveis habitantes. Usa o mesmo Criptovox que saiu do Governo FHC com ele e que ele depois revendeu para o governo federal que agora emprega os dois – o Criptovox e o coronel.
Monclaro voltou com força ao poder. Na tarde de 15 de julho passado ele foi o moderador de uma reunião de três horas e meia no Palácio do Planalto com 21 técnicos em segurança e informática, incluindo gente dos ministérios da Defesa e Planejamento, Inmetro, Universidade de Brasília e cinco especialistas da ABIN, três deles do CEPESC – incluindo o próprio diretor do Centro, Otávio.
No encontro o coronel defendeu a adoção no governo do Ecrypt, um programa de criptografia lançado em 2004 e adotado em 35 universidades e centros de pesquisas dos países mais avançados da União Européia.
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(desconheço o autor, assim, não posso garantir a veracidade, mas o assunto é interessante)
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