por Arlindo Montenegro
Há uma parcela mínima da população que ainda acredita em “consciência”, “humanidade”, “democracia”, “liberdade”, “privacidade”, “escolha”, “solidariedade” e outras categorias, cujo significado parece ter-se esfumado das cogitações “civilizadas”.
Este adestramento para “ser civilizado” parece atrelado à ausência de comunicação humana e responsabilidade de uns para com os outros. Parece caracterizado pela ausência de emoção. Passa pelo desprezo à vida dos que vêm um atropelamento ao vivo, nas cores preto e vermelho do asfalto e do sangue, insensivelmente, como se estivessem diante da tv. Alheios, com a sensibilidade que destacaria os humanos de outros animais, bloqueada.
Talvez por isso, os bombeiros sejam considerados heróis ao cumprir o dever de ofício para que foram treinados por livre escolha. Talvez por isso a compaixão de um cidadão que acode o outro seja aplaudida pela mídia e destacada nos noticiários. Talvez por isso, um motorista de táxi que devolve ao dono uma carteira cheia de dinheiro, seja matéria pautada para o “horário nobre”. Talvez por isso, uma mãe que, sem saber nadar, atira-se numa lagoa para salvar o próprio filho, apareça na primeira página. É como um recado: a compaixão, o cuidado com os outros não é comportamento regular. Ou então: acudir os outros é anormal. Ou então: a honestidade é incomum.
Inda há poucos dias um amigo referia a distância mental das pessoas que percebem os movimentos do poder. É uma distância tão grande que parece que falamos um idioma desconhecido, incompreensível.
A coleção de subterfúgios que elas (as pessoas em sua maioria) usam para "fugir" da informação é inesgotável. Aquele amigo citou o filósofo Olavo de Carvalho: “Quem não percebe a realidade objetiva está morto para a vida”. Amplio a citação, para reforçar: é incapaz de defender-se, de defender a família, de defender a pátria, de salvar a vida do próprio filho. É ausente e incapaz. E culpa a Deus quando a realidade violenta o atinge diretamente. Ou pergunta: “onde que eu errei, o que fiz para merecer que meu filho se transformasse num drogado, ou num homicida?”
Drogados estamos todos. Os que fumam, cheiram, bebem para alterar os estados de consciência, tomam pílulas para dormir ou que se sentem incômodos à falta do noticiário do rádio, do jornal e principalmente da tv. Todos parecemos embriagados pelas imagens e sons que chegam de fora. As lindas embalagens que sugerem que a opinião e a escolha é exclusivamente nossa. Mentira! Nossas escolhas são direcionadas. Sem perceber, nossos pensamentos e valores são originários de fontes diversas, menos da fonte da reflexão, da observação e da experiência.
Hipnotizados, teleguiados, metemos a mão nas prateleiras em busca dos mesmos produtos recomendados por tal ou qual anúncio. Gravaram-se no inconsciente as palavras escolhidas, as cores e a justificativa para o consumo daquele “retalho de felicidade a que VOCÊ tem direito!” Custe o que custar, doa a quem doer, o tênis, o carro ou o prazer é inadiável! E muitos nem fazem o esforço de conquistar, tomam na mão leve ou reforçada pelo peso de um tapa ou de uma faca ou de uma arma de fogo.
Hipnotizados, teleguiados para a profissão, para a fome, para a ideologia, para a guerra, para o vício, ao ponto de durante mais de um século japoneses, chineses, franceses e norte americanos perderem recursos, vidas e prestígio militar num país asiático, onde os carinhas pequenos e amarelinhos continuam plantando arroz, praticando sua religião, usando chapéus de palha e andando de bicicleta. Até hoje não consigo entender o que os europeus, americanos e anteriormente chineses e japoneses queriam ali. Não é melhor cuidar do próprio quintal?
Tive a oportunidade de conhecer Pam Trung Thin, um moço vietnamita que me contou um pouco daquela guerra. Até os 10 anos de idade, o alimento que ele e os irmãos tinham era o leite materno. Numa determinada hora, a mãe oferecia os peitos para que cada irmão tivesse um pouco de alimento. A salada eram as flores de “Mimo de Vênus”, cujas pétalas serviam para amortecer a sensação de fome. Este e outros encontros na África, no Brasil e outros países deste continente, me fazem pensar na estrutura humana: gente é gente em qualquer parte, busca espaço para uma vida digna e livre em seu bioma, com suas ferramentas, suas danças, suas crenças, seus costumes, sua tradição.
Os coveiros da vida são os senhores da guerra. A insensibilidade materialista de poderosos e intocáveis governantes manipula consciências e impede a liberdade natural com violência continuada e crescente, com ameaças e perseguições nos “tempos de paz”, com matanças, extermínios e destruição nos “tempos de guerra”.
O que caracteriza o ser humano por excelência é a capacidade de argumentar abrindo mão da violência. Mas em que período da história não se registrou neste planeta um tempo sem algum conflito bélico? Onde está a humanidade? Quando os governantes, na posse de informações científicas e tecnológicas privilegiadas escolhem utilizá-las para criar artefatos destrutivos da vida, das plantações, das propriedades para impor a outros sua dominação, atuam como coveiros da vida, negam a humanidade.
Já conhecemos governantes que impõem regras impeditivas da livre iniciativa, do uso do espaço, da negociação. Estamos fartos de saber quem utiliza a informação privilegiada do Estado para negociatas e propaganda mentirosa. A gente limitada e hipnotizada pela propaganda é incapacitada para reagir ao medo e lidar com alternativas reduzidas que levam ao empobrecimento maior. Em alguns instantes empreendedores visionários guiam os incapacitados. Mas quando o Estado barra as possibilidades de oposição aos desmandos e roubo continuado, estamos diante de um fosso medieval. Será que vamos ter de conviver com as limitações e trevas do inferno socialista, para só então amadurecer a consciência para o estado democrático de direito?
Edward Bernays, sobrinho de Sigmund Freud, morreu em 1996. Aqui no Brasil é um ilustre desconhecido, embora cada pessoa seja conduzida pelas técnicas de sugestão massiva, que ele criou. É ele quem diz: “A manipulação consciente e organizada dos hábitos e opiniões das massas é um elemento importante nas sociedades democráticas. Os que manipulam este invisível mecanismo da sociedade, constituem um governo invisível, verdadeiros reguladores do poder...”
Este governo invisível e poderoso, mantido e aperfeiçoado por uma parcela de controladores governamentais e empresariais, presente em toda parte, vigia, manipula, controla quase absolutamente cada pensamento, palavra, escolha de cada cidadão. Confunde, embaralha, vicia, encurrala. Impõe as formas de vida contra a natureza, descaracterizando emoções de modo subliminar. Quase absolutamente. Só falta o quase.
O “quase”, parece estar sendo lentamente envenenado pelos alimentos da mente servidos pela propaganda que chega através dos rádios, dos jornais, das revistas, do cinema, da televisão, dos out doors, de todos os instrumentos deste ferramental de guerra, utilizado para fins produtivos ou para os fins de dominação totalitária. Seria boa a notícia de que os condutores desta máquina viessem, como imaginava Bernays, ajudar-nos a “colocar ordem no caos”.
Talvez por isso, os bombeiros sejam considerados heróis ao cumprir o dever de ofício para que foram treinados por livre escolha. Talvez por isso a compaixão de um cidadão que acode o outro seja aplaudida pela mídia e destacada nos noticiários. Talvez por isso, um motorista de táxi que devolve ao dono uma carteira cheia de dinheiro, seja matéria pautada para o “horário nobre”. Talvez por isso, uma mãe que, sem saber nadar, atira-se numa lagoa para salvar o próprio filho, apareça na primeira página. É como um recado: a compaixão, o cuidado com os outros não é comportamento regular. Ou então: acudir os outros é anormal. Ou então: a honestidade é incomum.
Inda há poucos dias um amigo referia a distância mental das pessoas que percebem os movimentos do poder. É uma distância tão grande que parece que falamos um idioma desconhecido, incompreensível.
A coleção de subterfúgios que elas (as pessoas em sua maioria) usam para "fugir" da informação é inesgotável. Aquele amigo citou o filósofo Olavo de Carvalho: “Quem não percebe a realidade objetiva está morto para a vida”. Amplio a citação, para reforçar: é incapaz de defender-se, de defender a família, de defender a pátria, de salvar a vida do próprio filho. É ausente e incapaz. E culpa a Deus quando a realidade violenta o atinge diretamente. Ou pergunta: “onde que eu errei, o que fiz para merecer que meu filho se transformasse num drogado, ou num homicida?”
Drogados estamos todos. Os que fumam, cheiram, bebem para alterar os estados de consciência, tomam pílulas para dormir ou que se sentem incômodos à falta do noticiário do rádio, do jornal e principalmente da tv. Todos parecemos embriagados pelas imagens e sons que chegam de fora. As lindas embalagens que sugerem que a opinião e a escolha é exclusivamente nossa. Mentira! Nossas escolhas são direcionadas. Sem perceber, nossos pensamentos e valores são originários de fontes diversas, menos da fonte da reflexão, da observação e da experiência.
Hipnotizados, teleguiados, metemos a mão nas prateleiras em busca dos mesmos produtos recomendados por tal ou qual anúncio. Gravaram-se no inconsciente as palavras escolhidas, as cores e a justificativa para o consumo daquele “retalho de felicidade a que VOCÊ tem direito!” Custe o que custar, doa a quem doer, o tênis, o carro ou o prazer é inadiável! E muitos nem fazem o esforço de conquistar, tomam na mão leve ou reforçada pelo peso de um tapa ou de uma faca ou de uma arma de fogo.
Hipnotizados, teleguiados para a profissão, para a fome, para a ideologia, para a guerra, para o vício, ao ponto de durante mais de um século japoneses, chineses, franceses e norte americanos perderem recursos, vidas e prestígio militar num país asiático, onde os carinhas pequenos e amarelinhos continuam plantando arroz, praticando sua religião, usando chapéus de palha e andando de bicicleta. Até hoje não consigo entender o que os europeus, americanos e anteriormente chineses e japoneses queriam ali. Não é melhor cuidar do próprio quintal?
Tive a oportunidade de conhecer Pam Trung Thin, um moço vietnamita que me contou um pouco daquela guerra. Até os 10 anos de idade, o alimento que ele e os irmãos tinham era o leite materno. Numa determinada hora, a mãe oferecia os peitos para que cada irmão tivesse um pouco de alimento. A salada eram as flores de “Mimo de Vênus”, cujas pétalas serviam para amortecer a sensação de fome. Este e outros encontros na África, no Brasil e outros países deste continente, me fazem pensar na estrutura humana: gente é gente em qualquer parte, busca espaço para uma vida digna e livre em seu bioma, com suas ferramentas, suas danças, suas crenças, seus costumes, sua tradição.
Os coveiros da vida são os senhores da guerra. A insensibilidade materialista de poderosos e intocáveis governantes manipula consciências e impede a liberdade natural com violência continuada e crescente, com ameaças e perseguições nos “tempos de paz”, com matanças, extermínios e destruição nos “tempos de guerra”.
O que caracteriza o ser humano por excelência é a capacidade de argumentar abrindo mão da violência. Mas em que período da história não se registrou neste planeta um tempo sem algum conflito bélico? Onde está a humanidade? Quando os governantes, na posse de informações científicas e tecnológicas privilegiadas escolhem utilizá-las para criar artefatos destrutivos da vida, das plantações, das propriedades para impor a outros sua dominação, atuam como coveiros da vida, negam a humanidade.
Já conhecemos governantes que impõem regras impeditivas da livre iniciativa, do uso do espaço, da negociação. Estamos fartos de saber quem utiliza a informação privilegiada do Estado para negociatas e propaganda mentirosa. A gente limitada e hipnotizada pela propaganda é incapacitada para reagir ao medo e lidar com alternativas reduzidas que levam ao empobrecimento maior. Em alguns instantes empreendedores visionários guiam os incapacitados. Mas quando o Estado barra as possibilidades de oposição aos desmandos e roubo continuado, estamos diante de um fosso medieval. Será que vamos ter de conviver com as limitações e trevas do inferno socialista, para só então amadurecer a consciência para o estado democrático de direito?
Edward Bernays, sobrinho de Sigmund Freud, morreu em 1996. Aqui no Brasil é um ilustre desconhecido, embora cada pessoa seja conduzida pelas técnicas de sugestão massiva, que ele criou. É ele quem diz: “A manipulação consciente e organizada dos hábitos e opiniões das massas é um elemento importante nas sociedades democráticas. Os que manipulam este invisível mecanismo da sociedade, constituem um governo invisível, verdadeiros reguladores do poder...”
Este governo invisível e poderoso, mantido e aperfeiçoado por uma parcela de controladores governamentais e empresariais, presente em toda parte, vigia, manipula, controla quase absolutamente cada pensamento, palavra, escolha de cada cidadão. Confunde, embaralha, vicia, encurrala. Impõe as formas de vida contra a natureza, descaracterizando emoções de modo subliminar. Quase absolutamente. Só falta o quase.
O “quase”, parece estar sendo lentamente envenenado pelos alimentos da mente servidos pela propaganda que chega através dos rádios, dos jornais, das revistas, do cinema, da televisão, dos out doors, de todos os instrumentos deste ferramental de guerra, utilizado para fins produtivos ou para os fins de dominação totalitária. Seria boa a notícia de que os condutores desta máquina viessem, como imaginava Bernays, ajudar-nos a “colocar ordem no caos”.
Arlindo Montenegro é Apicultor
Fonte: Alerta Total
COMENTO: (ATUALIZAÇÃO DE POSTAGEM) é interessante o fato de algumas pessoas demonstrarem um conhecimento "além de sua época". Acredito que o hábito de serem bons leitores ajudam a aquisição dessa característica. Além disso, as experiências de vida facilitam a visão das coisas que a maioria das pessoas não percebem. Sempre admirei os escritos de Arlindo Montenegro, e tinha a curiosidade de saber mais a respeito dessa pessoa. Isto foi esclarecido em março de 2022, por ocasião do falecimento de José Anselmo dos Santos, o famoso "Cabo Anselmo", quando o jornalista Jorge Serrão revelou que Arlindo Montenegro era um nome fictício que José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo, usava para publicar seus textos no blog do amigo que o apoiava.
https://jovempan.com.br/jorge-serrao/a-morte-do-cabo-anselmo-o-homem-que-nao-existiu.html |
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