por Fernando Castilho
Assistimos hoje mais um espetacular caso de violação dos direitos do cidadão com mais uma operação da Polícia Federal. Os principais réus, naturalmente, não resistem a 15 minutos de investigação, mas a Polícia Federal que se orgulha de não ter dado um só tiro nas suas operações matinais, levou armamento pesado para a casa dos acusados e, mais uma vez, as imagens e o som de suas operações estão nas primeiras páginas dos jornais e noticiários.
Outro dia, conversando sobre os limites da democracia, rebati a um interlocutor que confessava sua preocupação com o futuro do cidadão na jovem democracia brasileira, repetindo um velho conselho que ouvi de gente mais velha e de grande coragem cívica: a civilização só caminha para frente. Pois bem: agora temo que a nossa jovem democracia esteja caminhando para trás.
Talvez exista nessa atitude, um certo desespero de jovens delegados e promotores públicos com a ideia de defesa ampla, que a Justiça consagra a qualquer réu no Brasil, já não mais seja adequada à nova realidade. Assim, a jovem Polícia Federal esteja — na sua ânsia de ajudar ao país — caminhando na criação de uma espécie de estado policial midiático onde se suspeita, se investiga, se denuncia e se condena o acusado instantaneamente, com a exibição de sua imagem algemada na televisão, em horário nobre.
Ontem, mais uma vez uma emissora, escolhida pelo delegado que comandou a operação, esteve ao lado dos agentes e delegados. E, pelo menos uma, exibiu cópias de peças do processos que os advogados ainda não tinham acesso, onde um dos acusados dizia temer apenas uma prisão temporária, uma vez que no STJ ou no STF poderia obter uma habeas-corpus. Fico pensando no dia em que a Polícia Federal entender de se preocupar com nós, jornalistas. Quando a mídia não mais servir a esse interesses midiáticos de justiça em tempo real.
Não se trata defender ladrão, corrupto ou quem quer que tenha perpetrado um crime. Se trata de proteger o direito do cidadão comum e, sinceramente, temo pelo dia quando a mídia, de alguma forma e no seu trabalho, não mais servir a esse interesse midiático, comece a ser atingida por ele. Até porque as mesmas ferramentas tecnológicas que hoje escutam e interceptam mensagens na Internet dos suspeitos podem ser usada para investigar o trabalho da Imprensa.
Isso já começou. Pelos menos uma jornalista teve suas apurações investigadas por um delegado, denunciada por um promotor público e só livrou-se de um mandado de busca a apreensão devido ao bom senso do juiz que está atuando no caso. Outros delegados poderão fazer o mesmo nas próximas investigações.
O medo, como cidadão, é que no dia em que eles vierem prender os jornalistas não tenha mais como nos defender. Como, aliás, adverte Martin Niemöller na sua conhecida quadra em que fala de comunistas, judeus e homossexuais.
Temo que "No quarto dia, quando ele vierem e nos levarem, já não haja mais ninguém para reclamar..."
Outro dia, conversando sobre os limites da democracia, rebati a um interlocutor que confessava sua preocupação com o futuro do cidadão na jovem democracia brasileira, repetindo um velho conselho que ouvi de gente mais velha e de grande coragem cívica: a civilização só caminha para frente. Pois bem: agora temo que a nossa jovem democracia esteja caminhando para trás.
Talvez exista nessa atitude, um certo desespero de jovens delegados e promotores públicos com a ideia de defesa ampla, que a Justiça consagra a qualquer réu no Brasil, já não mais seja adequada à nova realidade. Assim, a jovem Polícia Federal esteja — na sua ânsia de ajudar ao país — caminhando na criação de uma espécie de estado policial midiático onde se suspeita, se investiga, se denuncia e se condena o acusado instantaneamente, com a exibição de sua imagem algemada na televisão, em horário nobre.
Ontem, mais uma vez uma emissora, escolhida pelo delegado que comandou a operação, esteve ao lado dos agentes e delegados. E, pelo menos uma, exibiu cópias de peças do processos que os advogados ainda não tinham acesso, onde um dos acusados dizia temer apenas uma prisão temporária, uma vez que no STJ ou no STF poderia obter uma habeas-corpus. Fico pensando no dia em que a Polícia Federal entender de se preocupar com nós, jornalistas. Quando a mídia não mais servir a esse interesses midiáticos de justiça em tempo real.
Não se trata defender ladrão, corrupto ou quem quer que tenha perpetrado um crime. Se trata de proteger o direito do cidadão comum e, sinceramente, temo pelo dia quando a mídia, de alguma forma e no seu trabalho, não mais servir a esse interesse midiático, comece a ser atingida por ele. Até porque as mesmas ferramentas tecnológicas que hoje escutam e interceptam mensagens na Internet dos suspeitos podem ser usada para investigar o trabalho da Imprensa.
Isso já começou. Pelos menos uma jornalista teve suas apurações investigadas por um delegado, denunciada por um promotor público e só livrou-se de um mandado de busca a apreensão devido ao bom senso do juiz que está atuando no caso. Outros delegados poderão fazer o mesmo nas próximas investigações.
O medo, como cidadão, é que no dia em que eles vierem prender os jornalistas não tenha mais como nos defender. Como, aliás, adverte Martin Niemöller na sua conhecida quadra em que fala de comunistas, judeus e homossexuais.
Temo que "No quarto dia, quando ele vierem e nos levarem, já não haja mais ninguém para reclamar..."
Fernando Castilho assina a Coluna de Economia
do Jornal do Commercio, em Pernambuco.
do Jornal do Commercio, em Pernambuco.
COMENTO: A Polícia Federal tem se esforçado em mostrar serviço, no que está certa. Tem que mostrar para o povão que está fazendo a sua parte. Sabemos que, em pouco tempo, os presos serão libertados, não pela Justiça, mas pelas leis ultrapassadas que nossos parlamentares negam-se, por vagabundagem e sentimento de auto-preservação, a atualizar. Por outro lado, o uso de armamento pesado e algemas para efetuar, ao amanhecer do dia, prisões de pessoas que não residem em áreas de risco e que não demonstram violência no seu agir rotineiro é um claro excesso.
Agora à noite, o ministro da justiça desculpou-se ante as diversas empresas de comunicação pelo fato de as prisões de Daniel Dantas et caterva terem sido acompanhadas por equipes de uma emissora de televisão (sempre a mesma). Determinou abertura de Sindicância para apurar possíveis vazamentos de dados sobre as operações policiais. Aliás, sobre isto, o STF negou o pedido de prisão de uma jornalista que, há trinta dias atrás, havia noticiado sobre as investigações que conduziram às prisões de ontem. Será que ela deixou de cumprir algum acordo? Ou ela está fora de algum "esquema", estando "desautorizada" para acesso aos "furos de notícias policiais"?
Resumindo. Parabéns à Polícia Federal pelas investigações bem feitas. Que continuem! Pêsames aos policiais que proporcionam favorecimentos ilegais e aos membros do Congresso Nacional por não honrarem suas funções.
Não se pode esquecer, ainda, que para uma equipe da imprensa acompanhar uma ação policial de porte, basta manter-se em vigilância nas proximidades da Superintendência Regional da Polícia Federal e acompanhar as saídas espetaculares de viaturas dirigindo-se para a execução dessas ações. Como escreve um blogueiro famoso, "simples assim".
Agora à noite, o ministro da justiça desculpou-se ante as diversas empresas de comunicação pelo fato de as prisões de Daniel Dantas et caterva terem sido acompanhadas por equipes de uma emissora de televisão (sempre a mesma). Determinou abertura de Sindicância para apurar possíveis vazamentos de dados sobre as operações policiais. Aliás, sobre isto, o STF negou o pedido de prisão de uma jornalista que, há trinta dias atrás, havia noticiado sobre as investigações que conduziram às prisões de ontem. Será que ela deixou de cumprir algum acordo? Ou ela está fora de algum "esquema", estando "desautorizada" para acesso aos "furos de notícias policiais"?
Resumindo. Parabéns à Polícia Federal pelas investigações bem feitas. Que continuem! Pêsames aos policiais que proporcionam favorecimentos ilegais e aos membros do Congresso Nacional por não honrarem suas funções.
Não se pode esquecer, ainda, que para uma equipe da imprensa acompanhar uma ação policial de porte, basta manter-se em vigilância nas proximidades da Superintendência Regional da Polícia Federal e acompanhar as saídas espetaculares de viaturas dirigindo-se para a execução dessas ações. Como escreve um blogueiro famoso, "simples assim".
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